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terça-feira, 15 de julho de 2008

Já pensou?

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Percival Puggina em 14 de julho de 2008


Resumo: A história caminha e a China está bombando seu crescimento numa surpreendente versão do capitalismo posto a serviço do totalitarismo.

© 2008 MidiaSemMascara.org

Parte ativa de um vastíssimo processo de acomodação de forças determinado pela globalização, a China se agiganta no contexto da economia internacional com a força de um player peso pesado. A atual curiosidade sobre o país excede, em muito, a que existia ao tempo dos mistérios e brumas resguardados pela Grande Muralha.

Nunca é demais lembrar que a partir de 1949, quando o comunista Mao Zedong finalmente derrotou os nacionalistas do Kuomintang, essa mesma China repartiu com a União Soviética os amores e os suspiros ideológicos de praticamente toda a esquerda mundial. Centenas de camaradas daqui, inclusive o núcleo central da Ação Popular e, posteriormente, da Guerrilha do Araguaia, foram buscar treinamento militar em Pequim. Em 1967, Jean-Luc Godard acabou sendo profético ao retratar no filme “La Chinoise” a influência da Revolução Cultural e do comunismo chinês sobre a burguesia estudantil francesa que se levantaria em Nanterre e na Sorbonne no ano seguinte. Em certo momento do filme, a personagem Véronique, em consonância com as receitas dos livrinhos vermelhos que se empilhavam no apartamento, afirma: “Eu botaria uma dinamite na Sorbonne, no Louvre e na Comédie Française”. O Livrinho Vermelho dessa China maoísta substituía a Playboy no banheiro da rapaziada daqueles anos muito loucos.

O tempo passou. Após a queda do Muro de Berlim sobreveio algo ainda mais inacreditável: a Grande Muralha arrombou seus portões aos investimentos estrangeiros. O capitalismo já havia chegado à Rússia, é verdade. Mas para a China ele se mudou com armas, bagagens, tecnologia, máquinas, marcas e grifes. A economia do país, crescendo segundo taxas anuais assustadoras, incontroláveis, será a segunda força mundial bem antes de 2020, suplantando o conjunto dos 27 países da União Européia. E, em seguida, ultrapassará a economia norte-americana. No livro “Cuentos Chinos”, publicado em 2005, o argentino Andrés Oppenheimer prenuncia que a hegemonia mundial, em meados do século, estará repartida entre China e Estados Unidos.

E a velha esquerda não democrática, como fica? Hoje está bem nítido que o anti-americanismo é seu grande fator de unidade, levando-a a abraçar-se com o que há de mais retrógrado no planeta - ditadores africanos, terroristas islâmicos, narco-guerrilheiros colombianos e por aí afora. Esses laços de ternura anti-americanistas ficaram evidentes na recente visita de Lula ao Vietnã, quando nosso homem no exterior transbordou entusiasmo ao lembrar o êxito vietnamita na guerra contra os EUA: “Fiquei tão orgulhoso da vitória quanto os próprios vietnamitas (...) foi a vitória dos oprimidos. E nós nos sentimos co-participantes e muito orgulhosos do significado para a humanidade da vitória de vocês". A tal grande vitória dos oprimidos matou, logo após, mais de dois milhões de seres humanos, mas acho que o co-participante Lula estava tão orgulhoso que não ficou sabendo.

Contudo, a história caminha e a China está bombando seu crescimento numa surpreendente versão do capitalismo posto a serviço do totalitarismo. É um capitalismo do pior feitio, sanguinário, destituído de quaisquer escrúpulos, que teria causado engulhos ao mais ganancioso empresário manchesteriano do século 19. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos enfrentam uma poderosa força destrutiva interna, que ataca seus valores e seu sistema. E pode acabar se tornando, num mundo bi-polarizado com a China, a versão política e ideológica domesticada pela velha esquerda, sendo por ela adotado como única alternativa remanescente. Já pensou?

O autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. puggina.org

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".