Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

domingo, 13 de julho de 2008

A PERGUNTA DE ORTEGA (y Gasset)

Do portal do NIVALDO CORDEIRO
28/06/2008

Nos últimos meses debrucei-me seriamente sobre os escritos de Ortega y Gasset, particularmente sobre o seu monumental REBELIÃO DAS MASSAS, obra escrita a partir de 1926 em capítulos publicados em jornais. Destino maiúsculo deste pequeno grande livro, escrito na pressa dos textos jornalísticos, mas de grande profundidade analítica. Ortega conseguiu essa proeza porque antes, em 1923, escreveu o não menos monumental ESPANHA INVERTEBRADA, obra na qual mergulhou na história e na atualidade de seu país. O que viu na Espanha viu na Europa e no mundo. Como um profeta viu seu povo – espanhol assim como europeu – caminhar para o abismo e nada teve a fazer. Pregou no deserto.

A guerra civil espanhola não foi menos trágica e menos previsível do que Hitler e o bolchevismo. Estava tudo lá, nas obras do grande filósofo espanhol, com a cristalina transparência própria a um vidente. Na segunda parte do ESPANHA INVERTEBRADA ele relata o que se falava nas ruas de então, que não havia homens em Espanha. Ortega clareia o que estava subentendido na expressão: não havia homens de escol, uma aristocracia, mas havia a presença massacrante e apavorante das massas, homens indiferenciados e medíocres, sedentos de sangue e poder.

Fiz-me a mesma pergunta quando Lula tomou posse – fui à Esplanada dos Ministérios vê-lo passear em triunfo em carro aberto, cercado de bandeiras vermelhas por todos os lados – e renovei a pergunta agora quando vi que a bandidagem carioca botou o Exército Brasileiro para fora de seu território, no Morro da Providência, apoiada que estava pelos poderes locais constituídos. E pelo Federal também, diga-se de passagem. Onde estão os homens de escol? Estão escassos e escondidos no Brasil de hoje, como outrora estavam na Espanha. Ortega: “¿No hay hombres o no hay masas? A resposta é de uma obviedade perturbadora. E concluiu o filósofo:

Pero, como em estas páginas queda dicho, las masas, uma vez movilizadas en sentido subversivo contra las minorías selectas, no oyen a quien les predica normas de disciplinas. Es preciso que fracasen totalmente para que em sus propias carnes laceradas aprendan lo que no quieren oír... El odio a los mejores parece agotarse como fuente maligna, y empieza a brotar un nuevo hontanar afectivo de amor a la jerarquia, a las faenas constructoras y a los hombres egregios capaces de dirigirlas”.

Estava plenamente certo, como se viu, e a Espanha invertebrada, assim como toda a Europa, precisaram da carnificina mais atroz e dos fornos crematórios mais iníquos para amansar as massas desembestadas. Ele não poderia ser mais apocalíptico àquela altura, o ano da Graça de 1923. Deu no que deu.

Nossos homens egrégios foram corridos não só do Morro da Providência, foram espantados também dos palácios do Planalto, das universidades, dos órgãos de imprensa e mesmo da direção de muitas empresas privadas. O discurso e a lógica acabrunhantes do homem-massa passam agora pelo socialmente aceito e o seu oposto, a conversação dos homens sérios e cultivados, foi banida. A civilização deu lugar à barbárie.

Brasil invertebrado, poderíamos bem arremedar Ortega, posto que a estrutura de um povo é sua elite, a quem as massas devem obedecer. Nem temos a elite e as nossas massas estão moucas a qualquer voz da razão.

Não posso esquecer jamais do nosso Exército expulso do Morro da Providência, vítima que foi do conluio entre os criminosos comuns e os criminosos políticos, gente da mesma laia, as massas triunfantes no poder. Vivemos tempos de grandes perigos.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".