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terça-feira, 27 de novembro de 2007

Mentirosos, populistas e anti-democráticos

Do blog ALERTA TOTAL
Edição de Artigos de Sábado, 20 de janeiro de 2007
Por Jorge Serrão

O espectro da mentira, da esquizofrenia populista e da total falta de respeito ao estado de segurança do Direito rondam a América Latina. O fantasma de uma pretensa integração do continente, sob a desculpa esfarrapada de uma revolução de “esquerda”, esconde interesses econômicos daqueles que desejam ampliar seu controle e hegemonia sobre os valiosos recursos naturais de nossos “pobres-ricos” países. A ideologia dos “fantasminhas camaradas” esconde uma sofisticada dominação econômica neocolonial.

Em português claro, os novos “libertadores” das Américas, com ilusório verniz progressista e fantasia esquerdista, agem sob ordens dos controladores da tradicional nobreza econômica européia. Eis o motivo pelo qual são tão raivosos contra os Estados Unidos da América os presidentes da Venezuela, Bolívia e Equador. Os três patéticos (que de patetas não têm nada) fazem coro com Fidel Castro, outro mantido vivo no poder eterno pela turma que se junta na City de Londres para controlar o sistema Capitalista (seja na forma tradicional, nas Sociais Democracias, nos Capitalismos de Estado ou nos arremedos de socialismo).

Os filhotes do Império Europeu cobram do sindicalista Lula da Silva a mesma postura de cachorro raivoso contra os EUA – nação que se encontra em processo de decadência, por ter caído na armadilha assimétrica do terrorismo. Mas Lula está em processo diplomático de "paz e amor". Não quer saber de briga. E sim de negociação e, se possível, conciliação pragmática. Agora, fala mais alto seu inconsciente de sindicalista de resultados. Mas seus colegas latinos querem o pau comendo.

Não restam dúvidas de que o bloco carnavalesco do Foro de São Paulo (balaio de alguns partidos de esquerda, movimentos sociais e até grupos narco-guerrilheiros, cujos membros se reuniram, esta semana, em El Salvador, para definir táticas de plano de aceleração da “revolução socialista”) desfila ódio aos ianques, agindo na defesa oculta aos parceiros econômicos europeus. O moribundo Fidel, o vivíssimo Chávez, o programado Morales e o “jovial” Correa jamais teatralizam por acaso ou de graça. O papel deles é bem pago pelos controladores interessados em mega-negócios.

O boliviano Evo Morales teve a cara de pau de afirmar ontem, no Rio de Janeiro, onde participa da Cúpula de Líderes do Mercosul, que “o bloco econômico sul-americano é uma união contra o império dos países desenvolvidos, representado por políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial”. Morales chegou a se gabar que, antes, a América Latina só tinha um presidente contra o Império, Fidel Castro, e agora tem três” – referindo-se a ele mesmo, a Hugo Chávez e a Rafael Correa. O índio tirou Lula da jogada, propositalmente. Os marionetes latinos brigam para ver quem mais agrada aos reais controladores.

Os bicudos do Foro de São Paulo não andam se beijando ultimamente nessa disputa de poder interna. O presidente da Venezuela chegou à Cúpula do Mercosul fazendo fortes críticas ao assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. El Zorro enfiou a espada bolivariana na barriga do magro Sargento Garcia para criticar a participação do brasileiro na reunião anterior do grupo, em Cochabamba, na Bolívia. Chávez reclamou que Garcia coordenou por um ano um grupo de trabalho, para discutir a integração dos países da América Latina. Chaves critica que Garcia não apresentou “resultado”.

Acirrando ainda mais a briga entre as marionetes da nobreza econômica européia, os banqueiros ingleses estão na bronca com a turma de Lula. No encontro de cúpula foi recusada uma proposta da Venezuela para a criação do Banco do Sul - uma instituição que apoiaria financeiramente os projetos do Mercosul. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Banco do Sul não é opção, pelo menos imediata, para o Mercosul. Mantega defendeu que “seria melhor usássemos os bancos já existentes, de cada país, para projetos mais imediatos".

As razões do verdadeiro papel de Chaves e Morales – no combate aberto aos EUA e na defesa oculta dos negócios da nobreza econômica européia - se desmontam com fatos objetivos. O que pode justificar e explicar que Hugo Chávez tenha assinado, na capital do Reino Unido, no dia 15 de maio do ano passado, um até agora pouco esclarecido “Tratado dos Povos das Américas com Londres”. Não foi por coincidência que o tal acordo foi firmado depois que a Venezuela foi aceita no Mercosul.

Literalmente para “inglês ver”, Cháves visitou a capital britânica entre 14 e 16 de maio passado, para encontros com o prefeito de Londres, Ken Livingstone, líderes sindicais e um grupo de deputados trabalhistas da oposição. Mas o embaixador venezuelano na Inglaterra, Alfredo Toro Hardy, explicou que o motivo da visita de Chávez "foi para agradecer os diferentes setores da sociedade britânica que apoiaram o governo da Venezuela". No acordo, os controladores ingleses lhe encomendaram a criação de um banco de fomento continental. Quem controlaria o banco? Elementar, meu caro Watson...

Na mesma balada, o índio Morales vira e mexe baixa na Europa, beijando as mãos e os pés de seus ocultos sustentadores políticos – e que financiaram a aventura do líder cocaleiro ao poder em um país estratégico como reserva de valor por seus recursos minerais. Antes mesmo de assumir a presidência, em janeiro de 2006, Morales visitou a Espanha, passou pela Bélgica e pela Holanda. A viagem não foi de turismo, muito menos de marketing político. Foi para acerto de contas e definição de posturas.

Em Bruxelas, Morales se reuniu com o Alto Representante de Política Exterior e Segurança da União Européia, Javier Solana, quem lhe deu garantias de apoio da UE a seus supostos planos para sacar a Bolívia da pobreza. Na verdade, ele acertou fontes de financiamento para políticas compensatórias que garantem voto e poder – como os bolsa família do Brasil. Em Haia, Morales teve um jantar de trabalho com o chanceler Ben Bot, e os empresários do setor de gás natural. Também visitou a França, e partiu para China, África do Sul e Brasil.

Morales voltou a receber ordens diretas de seus controladores no dia 25 de novembro, quando viajou novamente para a Holanda, na primeira etapa de uma viagem que o levaria também à Nigéria e a Cuba, se uma crise não tivesse estourado na Bolívia e o tivesse obrigado a voltar correndo. Antes de retornar, firmou um pacto entre a administração boliviana e a companhia petrolífera anglo-holandesa Shell. A Shell controla -junto com a britânica Ashmore - 50% da operadora dos gasodutos bolivianos, enquanto a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) possui 33,57%.

Ainda para fortalecer seus laços de submissão com a nobreza econômica européia, Evo Morales participou de reuniões com representantes do então governo holandês interino, entre eles o primeiro-ministro, Jan Peter Balkenende, e o ministro do Exterior, Ben Bot. A visita foi encerrada, rapidamente, com uma audiência com a rainha Beatrix e a princesa de origem argentina Máxima Zorreguieta. Morales tratou, com as duas nobres, de um projeto de micro-financiamento para empresas bolivianas. Papo estranho...

Tal como Morales, na semana que termina, o Brasil de Luiz Inácio (Os marketeiros do Planalto pedem para a imprensa arquivar o Lula de seu nome) fechou um mega-acordo com os holandeses – que são mega-investidores por aqui, embora muita gente não saiba, dada a discrição deles. Nos últimos anos, os Países Baixos têm ocupado as primeiras posições no “ranking” de investidores externos no Brasil, liderando a lista nos anos de 2002 e 2004. Mais de 100 empresas de capital neerlandês estão estabelecidas no Brasil, algumas das quais com uma longa história de participação no processo de industrialização do país. A relação dessas empresas se encontra disponível na página da Câmara de Comércio Holanda-Brasil.

Em 2005, o Brasil exportou para os Países Baixos US$ 5 bilhões e 200 milhões em mercadorias. Entre os principais produtos exportados encontram-se, por ordem de valor: soja; pasta química de madeira; óleos brutos de petróleo; carne de frango; ligas de alumínio; ferro, nióbio; carne bovina; etanol; suco de laranja e frutas (uvas, maçãs e melões). Já as importações brasileiras dos Países Baixos somaram, em 2005, cerca de US$ 586 milhões, o que permitiu à parte brasileira alcançar expressivo saldo comercial de US$ 4 bilhões. Entre os produtos comprados dos Países Baixos figuraram como principais, em 2005, por ordem de valor: medicamentos; preparações para ração animal; sulfato de amônio e outros produtos químicos.

Os dados objetivos comprovam que não existe teoria da conspiração. Mas, sim, conspiração em prática, no campo político e econômico, usando a ideologia como fator de dominação, para que cresça na América Latina um bloco pró-europeus e, obviamente, anti-norte-americano. Nossos dirigentes latino-americanos, seus partidos políticos e os grupos de poder dos quais fazem parte, apesar da aparência “revolucionária” e radical, são meros agentes conscientes do poder real exercido pela nobreza econômica européia na AL.

Os latinos fazem o que mandam os organismos multilaterais de investimentos ou das transnacionais controladas pelos reais donos do mundo. Somos colônias modernas. Os lordes das finanças centralizam seus negócios na City de Londres (onde são controlados os preços internacionais das commodities e onde estão sediados os bancos que historicamente controlam as eternas dívidas externas dos países da região). Quem não entender tal processo jamais saberá como pensar um projeto econômico que dê aos países da AL condições verdadeiras de soberania, autodeterminação e progresso efetivo para seus povos historicamente explorados.

Enquanto isso não ocorre, os faltos revolucionários, mentirosos, populistas e anti-democráticos vão tomando os governos de assalto e ampliando os espaços de poder político e econômico para os senhores aos quais servem “realmente”, como vassalos. O autoritarismo vai fincando bases no continente. Uma recém-promulgada lei, aprovada quinta-feira pelo Congresso da Venezuela, habilita o presidente Hugo Chávez a governar por decreto. Parece a nossa já consagrada farra de medidas provisórias... E por aqui é gestado o pacote humorístico do Plano de Aceleração do Crescimento (a ser anunciado por Lula, na segunda-feira). Estes são apenas sinais sutis de uma "apertura" política a curto prazo.

Por enquanto, a poderosa Águia assiste a tudo igualzinha ao papagaio da também famosa piada lusitana. O bicho não fala nada, mas sua inteligência "presta uma atenção"... E seus estrategistas sabem que uma reviravolta autoritária na América Latina, com o apoio da nobreza econômica européia, significará a franca decadência do Império norte-americano, no curto e médio prazos.

Os cidadãos brasileiros, esclarecidos, devem ficar espertos, para que não sejamos meros joguetes na briga de falcões já em andamento. Ou formulamos um projeto para o Brasil, acima das criminosas ideologias, ou continuaremos sendo, como há quinhentos anos, meros colonizados, mantidos artificialmente na miséria, apesar da riqueza de nossos recursos humanos e naturais. Os controladores jogam o jogo deles. Mas a opção de ser realmente uma Nação feliz será de cada um de nós.

Jorge Serrão é jornalista, radialista e publicitário, especialista em Administração Pública e Assuntos Estratégicos. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total (http://alertatotal.blogspot.com)

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".