sexta-feira, 12 de março de 2010
Justiça Federal dá uma semana para União e Comando da Marinha emitirem identidade do “Cabo” Anselmo
Edição do Alerta Total - www.alertatotal.net
Leia também o Fique Alerta – www.fiquealerta.net
Por Jorge Serrão
A União e o Comando da Marinha têm sete dias para expedir os documentos de identidade civil e militar de José Anselmo dos Santos – o marinheiro que ficou conhecido por “Cabo Anselmo”, um dos líderes da arruaça militar pré-64. Cassado pelo Ato Institucional número 1, até hoje Anselmo não foi anistiado – e a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça embroma a decisão sobre seu processo, desde 2004, alegando que faltava a cédula de identidade para julgar o caso.
A Justiça Federal derrubou sucessivas tentativas de embargo da União contra uma decisão judicial que determinou a expedição dos documentos de identificação de Anselmo: “É evidente o descumprimento das determinações judiciais pela União Federal. Deve a ré praticar todos os atos necessários para cumprimento integral das determinações contidas na sentença de fls. 228/232, na qual também se antecipou os efeitos da tutela. Saliento que, caso haja necessidade de comparecimento do autor a fim de identificação datiloscópica e fotográfica, cabe também à União a adoção de providências nesse sentido”.
Assim está escrito no Diário Oficial da União de 10 de março. A decisão judicial em favor de Anselmo foi uma das maiores derrotas ideológicas do governo $talinácio. Foi uma vitória do advogado Luciano Blandy que luta administrativamente para demonstrar o óbvio ululante: que José Anselmo dos Santos tem direito à anistia e a receber seus proventos da Marinha, sem necessidade de indenização milionária. Se a União insistir em descumprir a decisão judicial, a Justiça fixa uma multa de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, corrigido monetariamente, por ato atentatório ao exercício da jurisdição.
José Anselmo dos Santos, que agora vai ganhar a cidadania na marra dos tribunais, é vítima da grande farsa histórica que foi criada em torno do personagem “Cabo Anselmo” – taxado de “traidor” pela Marinha e por aqueles que optaram pela luta armada para implantar o comunismo no Brasil, na Era pós-64.
O “Cabo” Anselmo – que nunca foi cabo na vida, apenas um marinheiro de primeira classe – é um cadáver politicamente insepulto da mal contada história brasileira. Da autopsia de sua vida, só vale a pena relatar todos os erros que ele cometeu de verdade para que outros agentes inconscientes das ideologias não entrem, tão facilmente, de gaiatos no navio da História. Anselmo tem um livro pronto para contar sua versão da História.
Releia o artigo de Anselmo:
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Tenho direito a anistia, sim!
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por José Anselmo dos Santos
Prezado Serrão, mais uma vez, solicito espaço neste outdoor virtual que é o Alerta Total, para agradecer aos que comentaram sua matéria e a entrevista veiculada pela Rede Bandeirantes. Também para manifestar publicamente minha gratidão ao Dr. João Saad, às equipes profissionais da Band, editores e entrevistadores, pela fidalguia que manifestaram e pelo respeito à liberdade de expressão.
As reações que tenho lido reafirmam a percepção mais antiga sobre o valor da educação para o diálogo racional, para o respeito entre pessoas na construção de qualquer obra. Mais ainda para a construção de uma nação. Existem mais de 300 mil citações nos mecanismos de busca repetindo as mesmas mentiras, entremeadas de xingamentos e ameaças contra o personagem-mito-inventado “Cabo” Anselmo.
Pela primeira vez posso ler comentários positivos e coerentes de pessoas identificadas e anônimas que percebem que as Forças Armadas são os mocinhos e não os “bandidos” na história mal contada.
Que a violência e a truculência de um pequeno grupo estava em cena para lidar com a violência e a truculência de moços brasileiros e internacionalistas que acreditavam numa revolução. Fanatizados que não alcançaram perceber o quanto se distanciaram dos reais anseios da nação crente e pacifica, para defender a causa dos sem pátria.
Perguntaram se não sentia medo. E não estamos todos expostos às balas perdidas, aos seqüestros relâmpago, aos acidentes naturais, à violência cotidiana que restringe a segurança dos cidadãos? Não é o medo uma arma política amplamente utilizada pelos poderosos para submeter os simples? Como dizia Guimarães Rosa, “viver é muito perigoso”... em qualquer circunstância.
Viver é cumprir a missão humana extraordinária, buscando dignidade, buscando a razão e compreensão da vida. A diferença entre as pessoas está no que acreditam e que determina escolhas, continuadas. Os que têm crenças procedem de um modo.
Os fanáticos parecem mover-se teleguiados, como se tivessem um chip de comando que os limita e impede de ouvir e pensar livremente. Estes desejam eliminar tudo e todos que os impedem de destruir a obra humana, para reconstruir à sua imagem e semelhança.
Espero sim que se cumpra a Lei da Anistia. Quero sim alertar a juventude para que se ultrapasse a onda de revanchismo, xingamentos, pré julgamentos e opiniões ligeiras como as dos Ministros da Justiça e do Meio Ambiente, que parecem sinalizar: a Lei não será cumprida. O Estado Democrático de Direito garante a liberdade das pessoas atentas aos deveres da sociedade.
Nesta crença e linha de conduta, meu defensor certamente recorrerá a todas as instâncias até obter o cumprimento da Lei, em obediência às regras do estado democrático de direito, que ainda estão acima, creio, dos argumentos explicitados pelos fanáticos da ideologia neo comunista ou pela paixão radical de meia dúzia de moucos em estado de cegueira.
Um amigo me diz: “o que ficou claro para mim foi que tortura e porrada, nem a morte faz alguém "mudar de lado". Como o conheço, aprendi que o que faz é a quebra do paradigma, da convicção do deixar de crer nesta ou naquela verdade...é a desilusão”. Bingo!
Foi mesmo a desilusão, a percepção do envolvimento com a loucura sanguinária, a experiência de dois anos em Cuba, a mesma impossibilidade de convencer fanáticos clandestinos alheios à realidade um fator de decisão. Foi o contato com o ambiente de ferocidade e desprezo humano, de ambos os lados, que reforçou a escolha que rotulam de traição, sem considerar as verdadeiras intenções e conseqüências pendentes naqueles dias.
Hoje li mais de cem manifestações. Umas poucas com xingamentos normais, linguagem preferida nas manifestações dos que não suportam ou não sabem dialogar. A quase totalidade acrescentando raciocínios lógicos, eqüidistantes do que se costuma rotular de esquerda ou de “ditadores”, “torturadores”, “animais” que os impediram de comunizar o Brasil e vencer a guerra contra o “imperialismo americano” para submeter-se ao “imperialismo soviético ou chinês ou albanês - ou cubano?
Alguém escreveu sobre a “coragem de admitir seus erros”. Não considero coragem, mas dever perante a nação (que chamam “povo”). Dever de consciência - “Perguntem aos parentes vitimas do terrorismo imposto pelos Revolucionários, como aqueles que estavam saindo do cinema Gazeta na Av paulista...” – e tantos outros, incontados e não identificados, que sofreram as conseqüências e carregam, calados, as cicatrizes.
A estes últimos dirijo meu apreço. Como também aos milhões que trabalham e aos milhões que esperam poder trabalhar com dignidade, sem depender de bicos ou esmolas. Sou solidário com os que se mobilizam, contribuem e mantêm abertos os sentidos e a esperança em dias melhores. Sou solidário com os que percebem que a história recente foi distorcida e os grandes “traidores” usurparam o poder. Democratas e nacionalistas foram calados. Ainda estão à margem.
José Anselmo dos Santos ainda não é um cidadão brasileiro normal, porque precisa receber, por ordem da Justiça Federal, sua carteira de identidade, para ter o direito a anistia, se a Comissão do Ministério da Justiça não lhe aplicar um golpe administrativo – conforme pregam alguns radicalóides ideológicos, como o ministro Paulo Vanuchi, dos Direitos Humanos.
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