ENTENDENDO O TEA PARTY
16 de fevereiro de 2010
Quando eu escrevi a resenha do livro Missa Negra, do John Gray, movimento do Tea Party ainda não tinha eclodido e o governo Bush estava em baixa. A coisa, no cenário mundial, parecia perdida, com a iminente eleição de Barack Obama. A Europa inteira estava (está) sob as rédeas da social-democracia. Eu não via futuro para os valores superiores da civilização ocidental, que continuava (continua) sob o assédio guerreiro do Islã.
Para piorar tudo explodiu a crise econômica mundial, que pegou a quase todos de surpresa. Veio com uma ferocidade nunca vista e os trompetes do apocalipse foram tocados.
Mas eis que, quando tudo parecia acabado e perdido, as forças vivas da civilização brotaram novamente. Tinha que ser lá, nos EUA, nessa bendita terra que tem a vocação de virar a guardiã da ordem em toda parte. Mesmo elegendo, por um soluço histórico, o representante da decadência esquerdista, ato contínuo o povo, de forma espontânea e inesperada, sem lideranças aparentes, sem condutores nomeados, seguindo o próprio instinto de sobrevivência, do certo e do errado, começou a derrotar os inimigos da civilização nos redutos historicamente por eles dominados. Vimos que o sucessor do senador Kennedy, depois de 47 anos, é um conservador.
Nesse exato momento os prognósticos eleitorais nos EUA dão como certa a derrota das esquerdas, para todos os cargos. Quem faria uma previsão dessas há um ano? Ninguém. Mas está acontecendo. A simples perda da maioria parlamentar já impôs a Obama um realinhamento na condução do governo. Ele não poderá mais governar de costas para a nação. Então ele mudou tudo no Oriente Médio, na política de relacionamento com a ONU (veja-se o que houve no Haiti) e mesmo na condução dos negócios internos. Sua ânsia socialista minguou de repente.
O movimento já tinha se manifestado antes, de forma imperceptível, na estrutura dos meios de comunicação. Os jornais impressos, quase todos nas mãos dos esquerdistas, viram sua tiragem despencar pela rejeição dos leitores. Os programas de TV de grande audiência provaram uma profunda e brusca mudança. O rádio, o velho rádio, teve uma injeção de vida insuspeita. Essa reviravolta transformou apresentadores desconhecidos em famosos e aposentou muito figurão do meio jornalístico. Foi um basta ao processo de estupidificaçãodirigida pelos decadentes, os promotores da sociedade permissiva e degradada.
O Tea Party veio a ser a consolidação desse processo subterrâneo na esfera da política. Os velhos valores da democracia liberal foram ressuscitados, em oposição aos valores propagandeados há décadas do igualitarismo socialista. Algo realmente sensacional aconteceu. Tudo mudou.
Caro leitor, o Tea Party tem uma base filosófica profunda em autores como Leo Strauss e Eric Voegelin. Esses filósofos, os maiores do século XX, conseguiram audiência em meio ao ruído socialista que é propagado por toda parte. E o que disseram esses homens? Que devemos voltar à tradição, grega e judaico-cristã, no âmbito dos valores. Que devemos consolidar as conquistas da democracia liberal no âmbito da economia. Que as instituições precisam ser moldadas para que o espaço de liberdade seja protegido e a ameaça totalitária seja expelida.
Um grito de liberdade atravessou a América e, espero eu, deve se espalhar pelo mundo. Até mesmo aqui, nessa terra de Lula lá e sua Coroa, a coisa pode sofrer uma forte reviravolta. Em nosso país nunca as pessoas conservadoras foram tão poucas e estiveram tão dispersas e desorganizadas. Quero acreditar que em nossos subterrâneos algo assim também esteja em gestação. É possível que nem tudo esteja perdido. A missa negra dos tempos parece estar acabando.
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