| 15 DEZEMBRO 2009
MEDIA WATCH - OUTROS
A Confecom terá como subproduto direcionar o esforço do Estado para estatizar e expulsar as empresas privadas em toda a cadeia produtiva das comunicações, permitindo o controle total do acesso e do conteúdo pelos agentes políticos. Será um passo alargado no rumo do totalitarismo. A tática de silêncio dos grandes veículos é errada e suicida.
Meu caro leitor, a partir de hoje estarei em Brasília cobrindo os trabalhos da Confecom. Não sei o que me aguarda e espero dar o melhor de mim para trazer a você os fatos relevantes que acontecerem por lá. O Mídia Sem Máscara é o único espaço, livre dos controles dos bolcheviques, que tem procurado trazer a análise da Conferência, bem como seus impactos no plano político. Diariamente, até quinta feira, minhas notas farão o relato jornalístico desde o Centro de Convenções Ulisses Guimarães.
O que ensurdece todos os brasileiros é o silêncio da grande mídia sobre a Confecom. Tenho informações seguras de que as grandes empresas do setor decidiram não apenas ficar de fora da Conferência, como também ignorá-la como matéria jornalística. Mesmo o UOL tendo passado o sábado último com um enorme banner pago anunciando o evento a Folha de S. Paulo o ignorou por completo, tanto no noticiário como no espaço opinativo. O Globo, da mesma forma. Para esses dois veículos, assim como para a revista Veja, o evento não existe.
O Estadão quebrou o silêncio nos editoriais por mim anteriormente comentados e ontem, domingo, trouxe uma matéria insossa informando sobre a Conferência. Antes assim, seus leitores pelo menos passaram a saber que um megaevento, que afetará a vida de toda gente, começa hoje. Na edição de hoje o Estadão reprisa a matéria de forma sintética. Qual o seu enfoque? Falar das "propostas" que o repórter chamou de "polêmicas". Podemos ler no lead da matéria publicada ontem: "A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que começa amanhã, em Brasília, vai juntar, numa mesma assembleia, propostas polêmicas - controle social sobre a mídia, recriação de estatais extintas há quase 20 anos, como a Embrafilme - e reivindicações puramente corporativistas, como a tentativa de recriar velhos cabides de emprego".
Ora, se a reportagem mostra algum alento por quebrar o silêncio e por trazer à luz essas idéias ridículas que conspiram contra a liberdade de imprensa, ela passa a falsa impressão que o evento é apenas isso e não uma tentativa do PT de estatizar e controlar toda a cadeia produtiva das comunicações, desde a infra-estrutura aos provedores de conteúdo. Podemos dizer, na plenitude do léxico, que se trata de uma revolução nas comunicações, que assim passarão a ser escravas da estratégia totalitária dos partidos de esquerda, liderados pelo PT.
A reportagem também ignora que a forma de feitio da Conferência é um arremedo de democracia direta basista, nos moldes bolcheviques, utilizando da mesma maneira como o PT pratica o que ele considera uma forma de democracia direta. É na verdade um democratismo inteiramente controlado pelas lideranças das principais facções partidárias, legitimando seu mando discricionário. Essa democracia basista tem por finalidade precisamente destruir a democracia representativa, visto que a Confecom foi chamada precisamente para retirar do Congresso Nacional as prerrogativas de formulação e discussão dos destinos nacionais no campo da comunicação, inclusive dos seus marcos regulatórios.
Ao ocultar o que realmente se passa o Estadão acaba por desinformar seus leitores, desarmando assim a prontidão daqueles que estão preocupados com a preservação da economia de mercado e da democracia representativa. O jornal paulista, mais uma vez, se torna companheiro de viagem dos revolucionários que agora mandam no Palácio do Planalto. Na edição de hoje (14), ao lado da nota sobre a Confecom, tem uma longa matéria sobre a EBC, a novíssima estatal criada pelo ministro da Propaganda, Franklin Martins, dando conta de que ela está elevando seu milionário orçamento para 2010, sem que seja feita qualquer elo entre o fato e a Conferência.
A Confecom terá como subproduto direcionar o esforço do Estado para estatizar e expulsar as empresas privadas em toda a cadeia produtiva das comunicações, permitindo o controle total do acesso e do conteúdo pelos agentes políticos. Será um passo alargado no rumo do totalitarismo. A tática de silêncio dos grandes veículos é errada e suicida. O retardamento da reação poderá ser tarde e ineficaz. Ela deveria ter sido iniciada tão logo o decreto de chamamento da Confecom foi publicado, em abril último. Todos esses meses de silêncio serviram apenas para desarmar a opinião pública brasileira contra o assalto do totalitarismo bolchevique. Uma fez concluída a Confecom qualquer reação será tardia e extemporânea e - lamento dizer - inútil, impotente.
O caminho escolhido da acomodação feito pelos barões da mídia é suicida. Eles deveriam estar à frente da resistência contra os totalitários. Preferiram o estúpido grito do silêncio, a covarde omissão que poderá custar caro aos brasileiros.
| 15 DEZEMBRO 2009
COBERTURA - CONFECOM
Querem destruir a empresa privada que prevalece na produção de notícias e também na infra-estrutura de comunicações. Querem pulverizar e controlar a geração de conteúdo. Não escondem suas más intenções.
A abertura da 1ª Confecom agora à noite foi além das minhas piores expectativas. A platéia, basicamente tomada por militantes esquerdistas, é a própria materialização do homem-massa no poder. O clima era de festa, lembrava um show de auditório. Por várias vezes soaram aplausos como se fosse um show de artista popular, tentando apressar o início dos trabalhos. O popstar naturalmente é Lula. Com atraso de quase uma hora finalmente o artista apareceu, seguido pelo séquito. A platéia, à vista do líder, delirou. Na mesma proporção apupou o ministro Hélio Costa. O coro "Fora Rede Globo, o povo não é bobo" foi várias vezes executado por vasta parte da platéia.
O clima, o tom dos discursos e mesmo a fala do Lula me levaram a acreditar que não haverá como enfrentar a maré vermelha sem que se faça esforço equivalente no campo democrático em sentido contrário. A tática das empresas de comunicação de ignorar a Confecom foi um grande erro de cálculo. Ao ouvir os discursos ficou muito claro para mim que essas empresas precisam mobilizar a opinião pública a favor da economia de mercado e da sociedade aberta. Não adianta esperar e pagar para ver a conspiração da malta esquerdista. Ouvir os discursos e os rosnados da platéia contra o mercado levou-me a concluir mais ainda pela urgência de mobilização de massa em defesa da civilização. Talvez já não haja mais tempo para resultados práticos, mas a alternativa é a passividade que abandona o espaço público para o monopólio do proselitismo esquerdista.
Não custa lembrar aqui que o Hino Nacional não foi executado, mesmo estando presente o presidente da República, em um prédio público abrindo um evento oficial público. O discurso inaugural foi feito pelo Celso Schröder, secretário geral da FNDC - Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações. Um discurso carbonário, que se iniciou com a homenagem a Daniel Herz, cujos filhos receberam de suas mãos uma placa comemorativa. Quem foi Daniel Herz? Foi o fundador do FNDC e primo de Tarso Herz Genro, o ministro da Justiça. Esses sujeitos queriam uma Confecom à época da Constituinte, intento finalmente realizado agora. Foi exibido um vídeo com as imagens de Daniel Hertz em momentos carbonários. Como se vê, a Confecom é resultado desse esforço de décadas liderado pela república petista de Santa Maria.
O que eles querem? Querem destruir a empresa privada que prevalece na produção de notícias e também na infra-estrutura de comunicações. Querem pulverizar e controlar a geração de conteúdo. Não escondem suas más intenções. Na verdade, o raciocínio aplicado é sempre o da luta de classes e os empresários são tidos como inimigos a ser destruídos. Por isso os empresários são sempre apresentados como "conservadores", em oposição a eles, que se têm por "progressistas". Foi lembrado em outro discurso que essa é a primeira Confecom e que uma das suas tarefas é marcar já a próxima, para manter o clima de mobilização. Saí com a sensação de que isso será feito.
Até aqui o esperado. A maior surpresa foi ver o João Jorge Saad estar na mesa e fazer uso da palavra, não apenas apoiando o evento, mas fazendo referência elíptica ao concorrente Rede Globo (que adotou a técnica do silêncio e da omissão), fato que arrancou da platéia fortes aplausos. Sentou-se ao lado do ministro da Propaganda Franklin Martins, seu antigo auxiliar na Rede Bandeirantes. Achei aquilo surpreendente, sinalizando para uma situação de adesão ao petismo que só enfraquece o já combalido setor empresarial.
O ministro Hélio Costa quase não concluiu sua fala, dado o nível dos apupos continuados e implacáveis de que foi objeto. Vê-se que não adianta jogar com as cartas dos inimigos, pois eles não querem que Helio Costa seja o ministro. Fiquei com a impressão de que o Plano Nacional de Banda Larga a ser aprovado será muito diferente daquele apresentado pelo ministro. De novo fica claro que a adesão pode ser inócua do ponto de vista dos interesses estratégicos da classe empresarial.
Lula estava muito descontraído e o achei mais magro. Falante, prolongou o discurso e ao final foi ovacionado. Tem a liderança total sobre os militantes. É seu ídolo, o homem-massa no poder. Insistiu que cabe à Confecom fornecer as "propostas" para atualizar os marcos legais do setor de comunicações. Implícito que o papel legislativo do Congresso Nacional ficaria usurpado pela Conferência, não lhe restando alternativa que não aprovar as "propostas". Na mesa estava Michel Temer e a significativa ausência do representante do Senado.
Meu caro leitor, saí do centro de convenções apreensivo. As esquerdas estão com muita disposição para transformar o setor de comunicações. E estão cônscias de seu poder. Aqui será o setor que por primeiro terá que se indispor com o poder petista. A recusa das empresas de conteúdo de participarem do evento é um sinal forte de que o instinto de sobrevivência pode ter falado. O passo decisivo será fazer resistência ativa, que tarda. O poder de Estado poderá desabar sobre as empresas do setor. É o Estado o maior anunciante, o maior financiador e o que controla as polícias e os órgãos reguladores. O confronto já diz quem será o vencedor, pelo menos dos primeiros movimentos. Quem sabe desse confronto possa se organizar finalmente uma força capaz de fazer frente aos bolcheviques.
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