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segunda-feira, 23 de março de 2009

Venezuela no Mercosul, não!

DIÁRIO DO COMÉRCIO
Ives Gandra Martins - 22/3/2009 - 22h17

A Venezuela não é uma democracia. Sua Constituição pressupõe apenas dois poderes, sendo um real e outro ilusório.

Não vejo como possa a Venezuela vir a integrar o Mercosul. A Venezuela não é uma democracia. Sua Constituição, inspirada em professores espanhóis da esquerda radical (CEPS) – não por socialistas moderados –, pressupõe apenas dois poderes, sendo um real e outro ilusório.


O poder real é o Executivo, que subjuga o Judiciário e o Legislativo, e o ilusório é o povo, sempre consultado por plebiscitos ou referendos genéricos. Por outro lado, como não há imprensa livre – no máximo , toleram-se certas manifestações da oposição, logo cerceadas – o ilusório poder do povo é nenhum, pois fantasticamente manipulável e manipulado pelo Executivo.


Essa é a razão pela qual o fanfarrão ditador do país irmão, com seu rosto de orangotango imberbe – a natureza não lhe foi generosa –, em histriônicas manifestações, ataca seus opositores e vizinhos com virulência verbal, quase sempre seguida de efetiva violência, como impedir comícios da oposição nas últimas eleições, retirar poder das regiões onde foi derrotado, invadir portos que se encontram em áreas governadas pela oposição – autorizado por seu "acapachado" Legislativo, o qual se curva, servilmente, a tudo o que pedir, tornando a antiga democracia venezuelana em ditadura típica de uma republiqueta sem perfil.


Ora, o Mercosul exige que seus integrantes sejam verdadeiras democracias, razão pela qual a Venezuela, enquanto governada pelo tiranete introdutor da ditadura bolivariana, de postura circense, não poderá ser admitida na União Aduaneira criada pelo Tratado de Assunção.


A América Latina passa por um período de notória e anacrônica esquerdização, no estilo da fracassada ditadura cubana, com restrições crescentes aos direitos fundamentais. O genocida Fidel – no meu tempo chamado de "Fidel Paredón Castro", pelos milhares de fuzilamentos sem julgamento nos paredões da capital – continua idolatrado pela nova leva de medíocres déspotas que começam a assumir governos latino-americanos. A democracia, pois, adoeceu, no continente, e Chávez é um dos propagadores da praga antidemocrática.


O Senado brasileiro, que mereceu impropérios do verborreico e adiposo governante – ataques deste indivíduo deveriam ser considerados elogios – poderá negar autorização para que aquele país venha a aderir ao Mercosul enquanto não for uma verdadeira democracia, mas sim uma ditadura disfarçada de democracia. Creio que deveria fazê-lo, pois se permitir a entrada desses nossos vizinhos, certamente estará tornando mais instável o Mercosul, que já passa por problemas momentâneos sérios, sobre violentar seu estatuto que, repito, só admite democracias.


Por enquanto, as estrepolias deste ditadoreco, que provocou inflação, desabastecimento e descompassos sociais e econômicos em seu país, são problemas venezuelanos. O que se deve evitar é que se transformem em problemas para o Mercosul e para o Brasil.


Ives Gandra Martins é advogado tributarista, jurista, escritor e Professor Emérito da Universidade Mackenzie

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo, tem um prêmio para você lá no Clausewitz. Caso tenha interesse em recebê-lo fique a vontade e passe lá que será um prazer receber sua visita... grande abraço

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".