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terça-feira, 24 de março de 2009

O exemplo francês



NIVALDO CORDEIRO | 22 MARÇO 2009
ARTIGOS ECONOMIA

A crise econômica veio acabar com tudo isso. A Era do Estado Total chegou à exaustão. A presente situação não pode ser mantida e a volta à normalidade exigirá o restabelecimento do Direito Natural como o entendiam os teóricos clássicos do liberalismo.

“Eu vos digo: de toda palavra vã que se proferir há de se prestar conta, no dia do juízo. Por causa das tuas palavras serás considerado justo; e por causa das tuas palavras serás condenado”.
Mateus, 12, 36-37

A imprensa internacional informou: a França ontem (19/03) foi paralisada por greves e manifestações contra a crise mundial, a segunda em menos de dois meses. Mais de três milhões de pessoas marcharam pelas ruas gritando slogans conta o capitalismo.  O primeiro-ministro francês, François Fillon, declarou que o “governo tem que ser responsável”, como se precisasse fazê-lo, enfatizando que o déficit da França dobrou com o conjunto de pacotesanti-crise e não há como o Estado fazer mais.


Caro leitor,  essas manifestações na França são o prelúdio do que está por vir. A terra de Flaubert é sempre aprimigênia quando se trata de fazer a rebelião das massas e quero comentar esse momento importante. Veja que ainda estamos nos albores da crise, cujo epicentro está nos EUA e a mobilização das massas já começou a acontecer de forma maciça do outro lado do Atlântico. O que esperar daqui a seis meses, com o aprofundamento inevitável da crise? A mobilização permanente, e não apenas na França, mas em todos os países. O processo produtivo, já anêmico com os efeitos naturais da crise, poderá ser desorganizado pelas paralisações freqüentes e irracionais provocadas pelos líderes sindicais populistas e pelos partidos revolucionários, sempre a postos para tirar proveito da situação, sempre vista na ótica do quanto pior, melhor.

É necessário sublinhar a estupidez dos manifestantes, ao atribuir ao capitalismo de per si a causa última da crise. Quem tem acompanhado o que eu escrevo está bem informado e sabe que a raiz da crise não é o livre mercado, mas o próprio Estado. Tenho demonstrado que a exorbitância estatal e o surgimento do chamado capitalismo de fundo de pensão (Peter Drucker) são as causas da crise, de tal forma que o sistema de livre empresa está sendo praticamente destruído. É essa a origem de tudo. Para piorar, as políticas econômicas de praticamente todos os Estados são de corte keynesiano, de sorte que tendem a aprofundar e a agravar os desequilíbrios econômicos. A crise foi levada ao paroxismo precisamente pela insana tentativa de se tentar superar seus efeitos sem tocar nas causas (a exorbitância do Estado), basicamente usando os instrumentos da emissão de moeda e da ampliação da dívida pública.

O fato é que as massas marcharam na França contra a ameaça do fim do privilégio de se trabalhar pouco ou nada, em um sistema de remuneração do ócio que contraria a lei natural. E mais todos os falsos e insustentáveis direitos à Saúde, Educação, Habitação e Aposentadoria. Esse sistema de privilégios pôde se manter enquanto a massa de desocupados remunerados era relativamente pequena em relação ao total daqueles que trabalhavam para pagar a conta. A generalização de “direitos” (na verdade, de privilégios contra pagadores de impostos) levou o sistema à bancarrota. O Estado não tem poderes para debelar a crise e não tem meios de manter os privilégios indignos usufruídos pelas massas desocupadas.

A crise econômica veio acabar com tudo isso. A Era do Estado Total chegou à exaustão. A presente situação não pode ser mantida e a volta à normalidade exigirá o restabelecimento do Direito Natural como o entendiam os teóricos clássicos do liberalismo. Lembremos que os tais direitos humanos que esses teóricos defendiam, embora teoricamente errados em face da boa ciência política aristotélico-tomista, jamais podem ser confundidos com as aberrações que foram feitas em seu nome desde o século XX. Os direitos humanos de que falavam os liberais clássicos eram basicamente o direito à vida, á liberdade e à propriedade, ou seja, um limite claro para que o Leviatã não invadisse a esfera privada. Portanto, esses direitos eram limitadores da exorbitância natural do poder de Estado. 

No século passado esse conceito de Direito Natural foi prostituído, de sorte que foram multiplicados. A contrapartida desses novos direitos não foi a diminuição do poder de Estado, como ocorreu originalmente no século XVIII, mas o seu agigantamento, pressupondo que os capitalistas, os ricos e a classe média, deveriam ser os pagadores da conta dos privilégios das massas bestificadas. A nova classe política dirigente que emergiu, como Obama e Lula, é composta de exemplares acabados de aduladores dessa massa faminta de privilégios. A generalização do sufrágio universal facilitou a vida desses populistas irresponsáveis. Vivemos a plena rebelião das massas.

O mundo está em perigo. A cada estágio de agravamento da crise veremos mais e mais multidões nas ruas, a bradar contra o capitalismo. Mais greves para manter privilégios que não poderão ser mantidos. Os desempregados serão multiplicados aos milhões, em todo o mundo. Essa multidão não sabe o que diz, não tem descortino algum da realidade, vive mergulhada na Segunda Realidade. Como zumbis, repetirão os chavões dos revolucionários inescrupulosos. Uma explosão de violência caótica é perfeitamente previsível e a chegada ao poder de líderes carismáticos e  messiânicos, bradando contra o livre mercado, é fato ainda mais esperado. Não podemos nos esquecer do que houve com a Alemanha em 1933 e na Rússia em 1917.

Quem viver verá.



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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".