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quinta-feira, 13 de março de 2008

Mais sobre a "moralidade" de nossos terroristas

José Ricardo da Silveira, Foz do Iguaçu/Paraná

Amigos:

Domingo, dia 2/3/2008, O Globo publicou uma entrevista com um terrorista seqüestrador Tupamaro, que foi um dos algozes de meu avô embaixador Aloysio Gomide quando ele foi seqüestrado em 1970. Ficamos indignados pelo tom de saudosas e casuais reminiscências de um passado remoto, como se fosse sobre algo que hoje seria tratado como quase uma mera infantilidade.

Meu pai escreveu a carta abaixo, publicada dia 05/03/2008 no Jornal O Globo no Rio de Janeiro, para que pelo menos os principais pontos da verdadeira história fossem conhecidos.

Sintam-se livres para repassá-la, caso achem que vale a pena.

Gostaria que a verdade chegasse ao maior número possível de pessoas.

Abraço,

Maria Carolina


Senhor Redator:

Com relação ao artigo de domingo 02 de março de 2008, "Memórias de um seqüestro que abalou Brasil e o Uruguai", a aparentemente simpática e singela estorinha do contador David Cámpora, seqüestrador e terrorista aposentado, convenientemente omite que meu sogro, Embaixador Aloysio Gomide, foi violentamente arrancado do convívio dos seus e que, para tal, ainda ameaçaram seu filho de três anos com uma arma na cabeça. Recebeu coronhadas, foi drogado e levado a seus cativeiros, todos eles subterrâneos, permanecendo por sete meses de pijama trancado em um cubículo com paredes forradas com jornais e infestado de baratas, sem ver a luz do sol.

Sofreu dois fuzilamentos simulados, e era constantemente ameaçado de morte por seus carcereiros.

Sua libertação foi resultado da intensa campanha realizada por minha sogra, Dona Apparecida Gomide, uma dedicada dona de casa e mãe de família que, tirando forças não se sabe de onde, saiu à luta por seu marido. Com a ajuda dos apresentadores Flávio Cavalcanti e Abelardo Barbosa, o Chacrinha, e outros amigos, antigos e novos, conseguiu levar seu desesperado grito por socorro ao povo brasileiro. Mulher religiosa e destemida, jamais esmoreceu na intransigente defesa de seu marido, sendo importuna e inconveniente com Ministros de Estado e com outras autoridades do governo de então, no Brasil e no Uruguai, mesmo com o Presidente Médici. Sua presença e insistência, constante e veemente, era um problema para aqueles que queriam esquecer a situação de seu marido. Alguns conhecidos faziam o possível para evitar serem vistos com ela em face da repercussão do caso.

Por sua conta fez contatos com os seqüestradores. O resgate foi pago com as generosas contribuições do povo brasileiro, inclusive dos mais humildes, e com as parcas economias de uma família de classe média com seis filhos pequenos. O dinheiro foi recolhido, transportado e posto nas mãos dos terroristas por leais amigas de D. Apparecida.

Durante seus sete meses de cativeiro meu sogro, em estrita honra a seu dever de diplomata brasileiro, jamais se manifestou em contra de seu governo, apesar de constantemente instado e ameaçado por seus seqüestradores. Pude ler as cartas da época a sua mulher. Sabedor que a morte o esperava, pois seu companheiro de cela Dan Mitrione fora assassinado, preocupava-se muito com a situação de sua família sem a sua presença.

Homem profundamente religioso, jamais foi acometido pela desesperança ao longo dos sete meses de seu cativeiro subterrâneo. Seu silêncio, mesmo depois de 37 anos, é o protesto de alguém que superou a barbaridade que lhe foi imposta e que prefere recolher-se ao seio de sua família, em vez de manifestar sua indignação quando terroristas da época são tratados como heróis por representantes do povo que pagou por seu resgate. Por exemplo, quando a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro homenageou, em medos dos anos 80, o terrorista-chefe dos Tupamaros, Raul Sendic.

É ultrajante que parte de nossa história seja esquecida, omitida ou convenientemente deturpada para adequar-se à torta ideologia em moda. Fatos são orwellianamente "ajustados" para criar uma realidade alternativa. Quando vítimas, alegadas vítimas e pseudo-vítimas da ditadura estão sendo compensadas com indenizações milionárias e generosas pensões – com direitos até para não nascidos - como ficam os que sofreram as conseqüências do terrorismo?

Por esses motivos, a bem de esclarecer as novas gerações sobre a realidade do ocorrido, ou pelo menos para que tenham uma pontada de dúvida ao ler relatos históricos de terroristas, é que evidencio esses fatos.

Atenciosamente,

José Ricardo da Silveira
Foz do Iguaçu
Paraná

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".