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terça-feira, 22 de maio de 2012

Luiz Nassif dá meia volta na campanha de difamação à Veja

 

IMPLICANTE

por Flavio Morgenstern

Luis Nassif, como um dos líderes da blogosfera do dinheiro público, ou ao menos um dos que melhor sabem captar uma verbinha firmeza, é obviamente uma das vozes mais altissonantes contra a revista Veja. Aquela revista odiada por todos que ainda sonham com manchetes como “O capitalismo está ruindo, outro mundo mais estatal vem aí!”.

Nassif tem uma lógica muito peculiar. Digamos assim, alguns tiques de linguagem. Um deles é o truque de quase toda a turma progressista, do qual Nassif faz escola: uma frase com uma acusação genérica, como “a Veja faz parte de um conluio criminoso” para, na frase seguinte, quando qualquer regra lógica e retórica pediria alguma especificação e delimitação do crime, partir para algo como “vamos investigar, e aí vamos descobrir que há mesmo um conluio criminoso”.

É o que se vê em um artigo recente de seu blog, em que faz ilações genéricas sobre a revista rival, mas na hora de afirmar de fato algum erro pontual supostamente cometido por ela, prefere uma tergiversão, uma generalidade tão firme quanto gelatina em terrremoto. Assim, não é que a CPMI não provou nada de ruim sobre a Veja. É que a Veja é ruim mesmo sem nada de ruim provado contra ela. Vide parte de sua introdução:

“A CPMI fez bem em não convocar Policarpo Jr para depor. E a sessão de ontem deveria servir de lição para os próximos passos.

Nos últimos anos a perda de legitimidade da velha mídia – encabeçada pela Veja – se deveu à sua arrogância e absoluto desprezo pelas instituições e pelos preceitos legais. Foi isso que a levou à aliança com o crime organizado, à disseminação da intolerância, aos ataques desmedidos à reputação de quem atravessasse seu caminho. E são esses procedimentos que estão na raiz do profundo processo de descrédito que atinge a revista.”

A Veja já sofre um “profundo processo de descrédito” sobre os leitores de Luis Nassif, aquele blogueiro pénabundeado da Folha por sua empresa tentar arrancar uns trocados do governo de São Paulo, e que até hoje prefere processar a explicar como suas dívidas com o BNDES evaporaram. Aposto que não tem um jornalista da Folha que não ande precisando de Rivotril pra conseguir dormir à noite depois dessa. Há até uma justificativa curiosa:

“Só faltava, a esta altura do campeonato, atitudes que possam ser utilizadas para vitimizar a revista ou legitimar seu álibi de que defende o país contra manobras autoritárias da esquerda.”

Outro tique curioso de Nassif é um macete bem engraçadinho. Nassif faz suas acusações. Todos os seus leitores progressistas juram terem encontrado uma prova cabal de alguma denúncia, algum fato tangível e auferível. De repente, o andar da carruagem mostra que o denuncismo de Nassif deu com os burros n’água. É o momento ideal para Nassif aplicar um salto triplo ornamental twist carpado caindo de costas. Com a boca na botija, Nassif lembra do que ninguém lembraria sozinho: ora, não importa que ele estava errado, o que importa é que, se o que ele afirmou estivesse certo, ele estaria certo nesse momento! isso o torna quase certo. Isso mostra como, afinal, Nassif merece uma nota 9. Ele quase acertou na segunda tentativa. É o que ele diz:

“Por exemplo, há suspeitas fundadas de que a revista participava de um conluio criminoso com Carlinhos Cachoeira. Se há suspeitas, mesmo baseadas em indícios veementes, investigue-se antes.

Ouvidas as conversas, haverá um trabalho de relacioná-las com matérias da própria revista e com os ganhos diretos e indiretos das duas organizões: Cachoeira e Abril. Não há lógica em produzir um escândalo por dia, mas a necessidade de construir diligentemente todas as amarras que comprovemos procedimentos criminosos da revista.

Deve-se escutar, analisar e divulgar, sem pressa, sem arrogância. Se, de fato, mostrarem provas contundentes de envolvimento criminoso, que se convoque Policarpo e Roberto Civita. Mas sem colocar o carro antes dos bois. E por dois motivos: para impedir que o sentimento de vingança se sobreponha ao da justiça; e para ouvir Policarpo apenas quando se dispuser de elementos consistentes para um bom interrogatório.”

(grifos nossos)

Esses três parágrafos valeriam uma aula de retórica sozinhos. Primeiro, “há suspeitas fundadas”. Na frase seguinte, o indicativo vira condicional: “se há suspeitas…”. Para quem jurava há pouco que a Veja estava perdendo credibilidade, mudanças de modo verbal tão próximas são mesmo uma gracinha.

As suspeitas também são “fundadas”. Na frase seguinte, já há uma amainada. Fica meio hipotético: “mesmo baseadas em indícios veementes”… São tão veementes que ainda é preciso “construir as amarras que comprovem”; assim, “se, de fato, mostrarem provas contundentes de envolvimento criminoso”… Colocados os verbos lado a lado, os erros de concordância são tão flagrantes que dóem nos olhos. Na verdade, erros de construção de pensamento:



Existem provas, que na verdade se existem, deve-se investigar antes de se acusar, “sem arrogância” , para construir as amarras que comprovem se mostrarem provas contundentes quando se dispuser de elementos consistentes… ah, tudo começou com “a arrogância da velha mídia levou à [sua] ligação com o crime organizado”, quod erat demonstrandum. Melhor prova, impossível  É esse tipo de texto que a progressistada adora, usa como demonstração de crítica contundente, de pensar com a própria cabeça, como argumento para não acreditar nos jornalões e ser independente e racional.

É óbvio que não se deve falar com a cabeça quente, nem apelar á emoção desregulada dos que, por acreditarem no fim próximo do liberalismo, querem rifar os editores da Veja e jurar que defendem a liberdade de expressão ao mesmo tempo. Deve-se esperar investigações sérias e provas contundentes antes de afirmar qual será o veredicto, não é? Olhem só:

A CPMI deveria amainar o espírito de vingança e ensinar à própria Veja como utilizar técnicas de investigação correta e consistentes (sic), com direito ao contraditório e sem ceder ao clamor das ruas.

A punição de Veja ocorrerá seguindo todos os procedimentos legais e analisando-se seu papel com um senso de justiça que sempre faltou à ela própria. Baixe-se a fervura e que os parlamentares comportem-se com a dignidade que sempre faltou à revista.

(grifos nossos)

Não é um primor da independência e do correto encadeamento de causa e conseqüência em uma linha temporal e racional? Ainda mais com tantas provas consistentes, se é que são consistentes, se ficarem provadas que são provas, mas certamente a punição ocorrerá?

Ah, Nassif também escreveu uma carta aberta ao ministro Ayres Britto. Aquele mesmo que disse ser sua agenda mais importante do que atender a convite de encontro de blogueiro progressista de Paulo Henrique Amorim. O mesmo que sugeriu como frases suas, para um banner exposto no encontro, “A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade” e “os excessos da liberdade se corrigem com mais liberdade“(será mesmo que o encontro terá coragem de usar tais frases?).

Se alguém duvidou das razões que expomos, junto ao blog do Pannunzio, para PHA aproveitar um encontro com um ministro do STF e levar advogado a tiracolo (ou seja, tentar amenizar alguns dos freqüentes processos em que é réu), eis que Nassif deixa claro aos próprios leitores da blogosfera do dinheiro público. O primeiro parágrafo é outra pérola reluzente:

Ministro Ayres Brito,

Em que mundo o senhor vive? O senhor tem feito o jogo do jornalismo mais vergonhoso que já se praticou no país, usurpado os direitos de centenas de pessoas que buscavam na Justiça reparação contra os crimes de imprensa de que foram vítimas. E não para, não se informa, não aprende, não consegue pisar no mundo real, dos fatos.

No poder judiciário, o senhor tornou-se o principal responsável pelo aprofundamento inédito dos vícios jornalísticos. Sua falta de informação, sua atração pelo aplauso fácil, fez com que olhasse hipnotizado para os holofotes da mídia e (…) deixasse de cumprir seu dever constitucional de zelar pelos direitos individuais de centenas de vítimas de abusos da imprensa.

Centenas de pessoas sendo massacradas pelo jornalismo difamatório e o senhor ainda vem com essa história de defender a mídia das decisões de juízes de primeira instância.

Tomo meu caso.

(…)

Repito: o senhor é responsável direto pelo aumento do descalabro da mídia, os assassinatos de reputação que pegavam indistintamente culpados e inocentes, que arrasaram com a vida de centenas de pessoas. (…)

O senhor não entendeu que, ao contrário do que propaga, a mídia não precisa ser defendida do Judiciário; é o Judiciário que precisa ser defendido do mau jornalismo. (…)

O senhor deveria por um minuto sair de sua redoma, de seu mundo do faz-de-conta e passar o que passaram as vítimas desse jornalismo, testemunhar o abalo que esses ataques produziram em famílias, em mães, filhos, avós, entender por um minuto sequer o sentimento de indignação e impotência de ver direitos básicos sendo pisoteados a cada ataque difamatório sem que a Justiça se manifeste.”

(grifos nossos)

Motivo para Nassif começar um carta a um ministro do Supremo Tribunal Federal com um belo “Em que mundo o senhor vive?”? Ora, é que há “vítimas da imprensa” (uma nova categoria, depois das vítimas da ditadura), que essa imprensa “assassina reputações” (também tortura em seus porões, aposto) e famílias, mães, filhos e vovózinhas estão hoje chorando e vivendo na miséria por serem “vítimas do abuso de imprensa”. E, claro, Nassif ele próprio é uma dessas “centenas de vítimas”, e o Judiciário é que deve se proteger da imprensa má, porque imprensa livre nunca nos levará até o grau de civilização que os leitores de Nassif adorariam ver. Por isso, toma o próprio caso (mais ou menos como PHA) de sua maçante tentativa de processo novamente com os burros n’água contra a Veja – e mais uma vez provando por a+b que a+b não prova nada, afirma que se não estava certo, estaria se estivesse. Logo, estava quase lá. Se é que vocês entendem.

É um dado curioso. Temos testemunhos aqui neste mesmo site do que é ser, digamos, “vítima do excesso de imprensa” de Nassif. Afinal, os espiões do mesmo Nassif já divulgaram até o endereço de um de nossos escrevinhadores, que teve de atender interfone de alguns dos esbirros leitores do próprio Nassif. Isso, claro, antes de Nassif, novamente, perder na Justiça.

Será que Nassif irá discursar no Encontro dos Blogueiros do Dinheiro Público na frente de um banner escrito “Os excessos da liberdade se corrigem com mais liberdade – Ministro Carlos Ayres Britto”? Essa valerá uma foto muito curiosa.

Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia. É torturador assassino da imprensa, mas ainda não foi processado pelo Nassif. No Twitter,@flaviomorgen

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".