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segunda-feira, 26 de março de 2012

A Questão da Verdade e a Obsessão pelo Consenso Ensaio sobre o Declínio da Razão

 

Por e-mail

Dr.Milton Simon Pires

Médico Cardiologista e Intensivista
2º Tenente Médico R2
Reserva da Foça Aérea Brasileira. 

Residente em Porto Alegre – RS

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Soldados ingleses em 1916 – Antes da Guerra o Consenso sobre a “Morte” de Deus. Depois; a Escuridão como única Verdade.

Há muito tempo atrás li que a característica da verdadeira arte é “transcender o seu tempo”. Tenho certeza que não entendi a afirmação e lembro que não havia, antes ou depois dela, qualquer definição geral do conceito de arte e muito menos de tempo. Sem nenhuma qualificação formal em filosofia é portanto um atrevimento o que pretendo sustentar no início deste artigo – a ideia, evidentemente nada original, de que as grandes questões do entendimento humano são comuns à arte e a filosofia. Mesmo sendo um clichê, permitam que eu escreva que Brahms, Thomas Mann, Kant, Monet e tantos outros usaram formas diferentes de expressão para abordar nosso desespero perante a morte, a indagação do que é o belo, qual a melhor maneira de viver uma vida justa e alguns acrescentariam e perfeita, o que são o mal, o tempo, o amor, a verdade....e assim por diante.

Na minha profissão e especialidade é possível curar algumas vezes, aliviar com frequência e consolar quase sempre. Um médico intensivista, com pretensões de “filósofo”, deveria portanto escrever sobre o tema da morte. Ainda assim não é a morte o enfoque deste texto. Eu gostaria de discorrer sobre a questão da verdade.

É possível, em filosofia, distinguir cinco conceitos fundamentais de verdade – como correspondência, revelação, conformidade com uma regra, coerência, ou utilidade. Assim, Kant afirmava que a verdade é a concordância da razão com seu objeto. Moisés teve a verdade revelada por Deus, nossos juízes sabiam que a verdade deve estar em conformidade com a lei, Maquiavel sustentou que os fins justificavam os meios e Deng Xiaoping (antecipando Lula) afirmava que na verdade não importa se o gato é branco ou preto desde que ele mate os ratos. Embora pueris, são alguns exemplos das maneiras (algumas delas catastróficas) de entender o que seria a verdade.

Em 1987, Allan Bloom em The Closing of the American Mind, afirmou (para desgosto da New Left Americana) que “há uma coisa que todo professor pode ter certeza absoluta: quase todos os estudantes que entram para a Universidade acreditam, ou dizem que acreditam, que a verdade é relativa”. O objetivo de seu livro era mostrar como a democracia ocidental acolheu inconscientemente ideias vulgarizadas de niilismo, desespero, e de relativismo disfarçado de tolerância. Seguindo uma tradição filosófica que entende a história como ciência exata substituímos razão pelo consenso e acabamos com toda possibilidade de revelação na busca pela verdade. Partindo do materialismo histórico, concluímos que a verdade pode ser construída, que a ferramenta é a democracia e o mestre de obras é o Estado. Neste sentido, desde Hegel até Hitler o que assistimos foi o ocaso do indivíduo, a diluição do ser humano na multidão e aquilo que ouso chamar de patologia do tempo - uma espécie de doença onde não há mais passado nem futuro e portanto não há lugar algum para Deus nem para Razão (a Razão como processo fundamenta-se em causa e efeito e portanto transcorre no tempo).

Assim sendo, não foi a toa que em 1926 Ortega y Gasset afirmou que “dentro de pouco tempo se ouvirá um grito formidável que se elevará do planeta como uivos de inumeráveis cães, até as estrelas, pedindo alguém e algo que mande, que imponha uma tarefa ou alguma obrigação”. Tomando o lugar da verdade revelada, a obsessão pelo consenso construído liquidou com a noção de mérito. Não podemos portanto afirmar “ nascer, morrer renascer ainda e progredir sempre - tal é a lei” e não podemos fazê-lo não por que não acreditamos na lei da reencarnação, mas por que não acreditamos mais em lei alguma!

O legado final, e verdadeira desgraça do materialismo, não foi a extinção da religião ou de um conceito “social” de Deus. Mesmo Antônio Gramsci sabia que o Estado não pode substituir a consciência do indivíduo, mas ao confundir verdade com consenso destruímos para sempre a noção de que a caridade é feita em silêncio e que fora dela não há salvação.

Para o Pai.

Porto Alegre, junho de 2011

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".