LUCIANO AYAN
Fonte: Blog do Sakamoto
Enquanto isso, entre amigos da classe média…
- Uma puta! Alguém pega o extintor para jogar nessas vadias.
- Um índio! Alguém pega gasolina para a gente atear fogo nesses vagabundos.
- Um mendigo! Alguém pega um pau para a gente dar um cacete nesses sujos.
- Umas bichas! Alguém pega uma lâmpaga fluorescente para bater nessas aberrações.
Duas pessoas em situação de rua foram queimadas neste sábado (25) em Santa Maria, cidade-satélite do Distrito Federal. Um rapaz de 26 anos não resistiu e morreu no dia seguinte. A outra vítima, um homem de 42 anos, está internado em estado grave. Testemunhas afirmam ter visto um grupo de pessoas incendiando um sofá e depois queimando os dois enquanto dormiam, utilizando um líquido inflamável.
Bater em “puta” e “bicha” pode. Assim como em índio e “mendigo”. Lembram-se do pataxó Galdino, que morreu queimado por uma “brincadeira” de jovens da classe média brasiliense enquanto dormia em um ponto de ônibus em 1997? Ou a população de rua do Centro de São Paulo, que vira e mexe é morta a pauladas enquanto descansa? Até onde sabemos, apesar dos incendiários brasilienses terem sido presos, eles possuíam regalias, como sair da cadeia para passear. E na capital paulista, crimes contra populacão de rua tendem a ser punidos com a mesma celeridade que agressões contra indígenas no Mato Grosso do Sul.
Isso quando a culpa não recai sobre a própria vítima. “Afinal de contas, o que essa gente diferenciada estava fazendo fora do seu lugar? Os jovens agiram com violência desnecessária, mas o mendigo também pediu, né?”
Na prática, as pessoas envolvidas nesses casos apenas colocaram em prática o que devem ter ouvido a vida inteira: putas, bichas, índios e mendigos são a corja da sociedade e agem para corromper os nossos valores morais e tornar a vida dos “cidadãos pagadores de impostos” um inferno. Seres descartáveis, que vivem na penumbra e nos ameaçam com sua existência, que não se encaixa nos padrões estabelecidos pelos homens de bem.
A sociedade tem uma parcela grande de culpa em atos como esse, da mesma forma que tem com os jovens que se tornam soldados do tráfico por falta de opções, fugindo da violência do Estado e do nosso desprezo. A culpa é deles. Mas também é nossa.
Meus comentários
Já é a terceira vez que refuto um texto desse tal Sakamoto, e a cada vez noto que seu esquerdismo vai ficando mais patológico, a ponto de hoje ele se tornar uma caricatura de si próprio.
Pessoas normais, quando assistem um crime, se interessam em buscar as CAUSAS REAIS. Ao contrário, Sakamoto, um esquerdista puro-sangue, faz uma série de ressignificações e ainda mais mentiras para capitalizar politicamente e validar seu discurso pré-programado.
O fato é que para ele o vilão já é definido a priori, e é a classe média, ou, no discurso marxista (que ele ressignificou para “não dar muito na cara”), os “pequenos burgueses”.
Como ele afirmou, dois moradores de rua morreram queimados no Distrito Federal. A polícia está buscando os culpados, mas para ele são pessoas da “classe média”, que ouviram um “discurso de classe média” incluindo frases como “Uma puta! Alguém pega o extintor para jogar nessas vadias”, “Um índio! Alguém pega gasolina para a gente atear fogo nesses vagabundos”, “Um mendigo! Alguém pega um pau para a gente dar um cacete nesses sujos” e “Umas bichas! Alguém pega uma lâmpaga fluorescente para bater nessas aberrações”.
Mas qual a prova para ele mostrar que o crime surgiu a PARTIR desse tipo de frase proferida e/ou ouvida? E quem são aqueles que falaram isso? Pelo visto, tais pessoas falando isso em condomínios de classe média estão apenas na cabeça de Sakamoto. Aliás, por que os crimes contra gays, prostitutas, mendigos e índios SÓ PODEM surgir a partir da classe média? Como se vê, não há evidências de nada disso em tudo que Sakamoto afirma. Enfim, pura evidência anedotal para capitalização política.
Para ele, as pessoas envolvidas nesses crimes “apenas colocaram em prática o que devem ter ouvido a vida inteira”. Mas como ele prova isso senão com afirmações inventadas do nada?
O mais grotesco, no entanto, vem ao final, quando ele afirma que a “sociedade tem uma parcela grande de culpa em atos como esse”, emendando com a alegação de parcial inocência dos “jovens soldados do tráfico”. Quer dizer, além de jogar parte da culpa nos “pequenos burgueses”, ainda dá inocência parcial aos criminosos. Em relação a isso nada melhor do que esta afirmação de Anthony Daniels, que publiquei aqui meses atrás:
Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irresponsáveis, mas costumam atribuir essa característica a outras pessoas com grande facilidade. Ao criarem explicações sociológicas e psicológicas para desvios de comportamento, eles acabam por desumanizar os criminosos. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra anos atrás, quando houve uma onda de furtos de cano. Os bandidos envolvidos nesses crimes, além de lucrar com isso, realmente gostavam da emoção de furtar muitos veículos em um curto período de tempo. Alguns criminologistas e psicólogos, ao analisar o fenômeno, começaram a dizer que furtar carros era uma forma de vício. Sobre essa teoria, produziram-se inúmeros estudos, alguns dos quais incluíam até exames de ressonância magnética do cérebro dos bandidos, pára provar que se tratava de uma doença neurológica. Em pouco tempo, os ladrões de carro começaram a me dizer na cadeia que eram viciados em furtar veículos. Eles obviamente não chegaram a essa conclusão sozinhos. Apenas estavam repetindo urna tese produzida por arrogantes intelectuais de classe média que desconsideravam o fato de os bandidos serem capazes de escolher entre o certo e o errado independentemente de fatores externos. Negar sua capacidade de discernimento é O mesmo que diminuir sua humanidade.
Anthony Daniels está certíssimo. Sakamoto não provou que “a classe média” é culpada pelos crimes contra as minorias. Mas ao tentar tirar a responsabilidade dos meliantes, negando a capacidade de discernimento dos criminosos, ele está na verdade INCENTIVANDO o crime.
É como dizer a eles: “marginais, agora podem cometer crimes à vontade, pois a culpa não será sua, mas da sociedade, e vou falar isso em meu blog”.
É por isso que podemos definir Sakamoto mais do que um desonesto intelectual à serviço da esquerda. Ele é na verdade um amigo do crime.
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