| 07 NOVEMBRO 2011
INTERNACIONAL - AMÉRICA LATINA
INTERNACIONAL - AMÉRICA LATINA
Pela enésima vez, Chávez, Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Fidel Castro, Cristina de Kirchner, Dilma Rousseff e Lula da Silva encontram um insuperável obstáculo em seu propósito totalitarista de colocar a Colômbia na órbita da pobreza estrutural, ansiada pela ditadura cubana e seus peões.
A baixa em combate de Alfonso Cano, cabeça das FARC, significa um ponto de quebra a favor do Estado na guerra da Colômbia contra o narco-terrorismo comunista, a possibilidade máxima que o governo nacional tem para endurecer a ofensiva militar, política e psicológica contra as estruturas farianas, a oportunidade de ouro para desmascarar e julgar todos os cúmplices nacionais e internacionais do grupo terrorista, a necessária revitalização e solução aos problemas de bem-estar das Forças Militares e da Polícia, e a possibilidade para incrementar avanços para a paz, com base em uma estratégia integral que contenha elementos de desenvolvimento sócio-econômico e combate ao narco-tráfico para evitar a incorporação de jovens às quadrilhas.
Não é certo, como afirmam alguns “especialistas”, que as FARC se “bandoleirizarão” devido à morte de Cano, pois desde sempre foram bandoleiros e em sua etapa mais recente, narco-terroristas. Tampouco é certo que haverá luta interna entre os cabeças do Secretariado para ocupar a direção das FARC. Esse problema é solucionado de acordo com os estatutos farianos.
O Plano Estratégico e os documentos programáticos das FARC indicam que o Secretariado tomará uma decisão coletiva para eleger o novo cabeça e escolher o suplente do “Estado Maior” que preencherá o vazio deixado por Cano, o qual poderia ser Carlos Antonio Lozada. Como é óbvio, dadas as condições atuais este processo tomará um tempo prudencial, período durante o qual podem ocorrer deserções, novos combates e inclusive mais golpes contra outros cabeças.
Em essência o novo cabeça será eleito por consenso do Secretariado. Nesse lapso as FARC continuarão a linha imposta por Cano de sobreviver acomodadas às novas circunstâncias da guerra. Assim fizeram durante cinco décadas e esse é o legado de Tirofijo e dos guerrilheiros marquetalianos [1].
Nessa ordem de idéias, todos os méritos e todas as honras do transcendental golpe tático correspondem aos soldados colombianos, verdadeiros arquitetos das conquistas. Como sempre costuma acontecer em um grande triunfo, os oportunistas querem tomar o trem da vitória com ânsias de protagonismo e busca de dividendos politiqueiros.
Sem se comover nem aceitar a verdadeira responsabilidade da situação de desordem pública que houve na Colômbia derivada de sua miopia estratégica e falta de caráter, o ex-presidente Pastrana se atreveu a dizer que seu trabalho como mandatário originou este tipo de operações. E a ex-ministra de Defesa, Lucía Ramírez, ousou dizer que ela traçou toda essa estratégia. Porém, quando há fracassos, todos atuam do mesmo modo que Santos ou Samper, cujo critério indica que as coisas más ocorrem pelas suas costas.
As Forças Militares da Colômbia são hoje o paradigma universal em operações aero-táticas contra objetivos de alto valor estratégico. Com base em um esquema simples mas efetivo e bem articulado, os serviços de inteligência militar, dotados com elementos de inteligência técnica, localizam os cabeças e as estruturas de comando terroristas, a Força Aérea bombardeia com alta precisão e as Forças Espaciais terrestres desembarcam de aeronaves em vôo estacionário sobre os núcleos de resistência terrorista, e combatem com arrojo até consolidar o objetivo.
São operações táticas com profundas conotações político-estratégicas que nos casos de Fênix, Xeque, Sodoma, Camaleão e agora Odisséia, contra Cano, que não só fortalecem o espírito combativo das tropas, como aumentam a sensação de segurança entre os colombianos, e geram enorme inquietação e pressão psicológica entre os terroristas.
O caso específico da morte de Cano em combate traz consigo várias conseqüências político-estratégicas:
1. Pela enésima vez, Chávez, Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Fidel Castro, Cristina de Kirchner, Dilma Rousseff e Lula da Silva encontram um insuperável obstáculo em seu propósito totalitarista de colocar a Colômbia na órbita da pobreza estrutural, ansiada pela ditadura cubana e seus peões sobre o hemisfério latino-americano.
2. Ficam sem chão todos os planos secretos e tretas manhosas que os auto-denominados Colombianos pela Paz vêm realizando, com a finalidade de legitimar as FARC em conchavo com o Foro de São Paulo e os partidos comunistas do continente.
3. O Plano Estratégico das FARC e seu apêndice, o Plano Renascer orientado por Cano, sofrem um novo revés e encontram um novo obstáculo que chegará a ser insuperável se se mantiver o ímpeto da ofensiva militar do Estado.
4. A doutrina político-militar da Defesa Nacional colombiana recebe novos elementos e reforça conceitos que necessitavam mais argumentos para dar cariz científico-acadêmico.
5. Abre-se uma possibilidade muito ampla para reverter o Plano Laço, idealizado em 1962 pelo general Alberto Ruiz Novoa, por meio de ação psicológica, cooperação civil-militar e integração com a comunidade em projetos sócio-econômicos que juntem os camponeses e pessoas das camadas 1 e 2, em processos produtivos que os tenham ocupados no desenvolvimento nacional e afastados dos convites para integrar grupos terroristas.
6. Fica abonado o terreno para que o Exército Nacional inicie uma intensa campanha de convite à deserção com argumentos sólidos, baseados nas permanentes baixas de cabeças, na esterilidade do narco-terrorismo, na evolução do mundo moderno, no atraso que a Colômbia sofre com a violência, na necessidade de construir um país melhor, etc. Mas para isso necessita-se de compromisso real do governo Santos e não somente a habitual politicagem eleitoreira.
7. As Forças Militares têm a faca e o queijo na mão para exigir do governo nacional que resolva de uma vez por todas o inexplicável atraso no pagamento dos salários ordenados pela lei desde 1992, recompor o vergonhoso serviço de saúde das Forças Militares e recobrar o Foro Militar, assim como a inclusão de uma equipe de alta qualidade de defesa jurídica dos uniformizados que participam em operações contra os terroristas.
Do mesmo modo, a experiência acumulada durante a etapa de guerra no cenário político-estratégico alcançada no conflito colombiano a partir da morte de Miler Perdomo no Sumapaz, e a captura de Simón Trinidad no Equador, obriga o Estado colombiano a corrigir uma grave realidade em torno aos preceitos de segurança nacional:
“Nem os militares colombianos sabem de política, nem os civis sabem de defesa nacional”, devido a que muitíssimos colombianos acreditam que o problema do narco-terrorismo comunista se reduz aos choques armados e que a paz é assunto unívoco do presidente de turno com os cabeças dos grupos narco-terroristas.
O governo colombiano tem a oportunidade de ouro para desmascarar e julgar os sócios nacionais e internacionais das FARC. Os sete computadores, as 39 USB e os 24 drives apreendidos junto com outros documentos encontrados com Cano e suas escoltas, evidentemente contêm os dados que corroboram os nexos dos governos vizinhos cúmplices das FARC e os vínculos de muito colombianos que posam de “pacifistas”, mas que na realidade fazem parte das FARC por meio do Partido Comunista Colombiano Clandestino (PC3) e do legal Partido Comunista Colombiano (PCC).
É inaceitável que estes documentos eletrônicos terminem se convertendo no que foram os computadores de Reyes e Jojoy: ferramentas para fazer politicagem barata em conselhos comunitários a cada oito dias, decisões inexplicáveis dos altos tribunais, e ferramentas para que os moleques de recado das FARC não só mintam com cinismo, senão para que de maneira incrível processem o Estado colombiano, ao que se comenta, como “vítimas de perseguição”.
A morte de Cano, do mesmo modo que a de Jojoy e a de Reyes, entregou ao governo nacional toda a informação com o mapa detalhado dos avanços e retrocessos do Plano Estratégico das FARC, seus contatos nacionais e internacionais, seus planos a médio e longo prazo, seu cúmplices, suas propriedades e testas de ferro, e evidentemente as chaves de comunicações e outros elementos para que com muito tino sejam golpeadas as demais estruturas farianas.
A bola está na cancha do governo. Pressão militar intensa, desenvolvimento sócio-econômico, ação psicológica e combate à corrupção. Se se faz isto, por subtração de matéria a paz estará perto e obrigará os terroristas a libertar os seqüestrados, última carta que resta às FARC e a seus sócios para ressuscitar o cadáver político do grupo criminoso.
Essa é a importância estratégica e política deste golpe que, além de uma magistral operação de combate aero-tático em ambientes de guerra de guerrilhas, poderia ser o passo definitivo para derrotar as FARC, mas não ao germe da revolução comunista se persistir a arrogância politiqueira de Santos, a ambição egocêntrica dos politiqueiros de sempre, o manuseio das instituições militares e o crescente desconhecimento da população civil e seus dirigentes acerca do Plano Estratégico das FARC.
Se não se atua com visão estratégica integral, poderia se repetir o fenômeno do ressurgimento do ELN depois da contundente Operação Anori, que em 1973 acabou com a morte dos irmãos Vásquez Castaño, equivalentes ao Mono Jojoy e a Cano das atuais FARC.
Nota da tradutora:
[1] “Marquetalianos” refere-se àqueles guerrilheiros que acompanhavam Tirofijo e Jacobo Arenas em Marquetalia.
Tradução: Graça Salgueiro
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