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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Preperem-se para rir pois 'Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear uma revolução sem volta'

ESTADÃO
06 de novembro de 2011 | 3h 00

PAULO SAMPAIO - O Estado de S.Paulo

CT: primeira coisa que deveriam abolir (visto que "Nossa luta é para derrotar o capitalismo...") deveria ser a entrega de pizza e sanduiche para eles mesmos na USP, concordam?

Além de reclamar da PM e do reitor, manifestantes discutem a luta de classes

"Ocupa! Ocupa! Ocupa!"



Assembleia na quinta-feira, 3, decidiu pela permanência na reitoria - Leonardo Soares/AE-3/11/2011
Leonardo Soares/AE-3/11/2011
Assembleia na quinta-feira, 3, decidiu pela permanência na reitoria
A assembleia para decidir se a ocupação da Reitoria da USP continuaria, na quinta-feira, estava fervendo quando o estudante de Música Max Barulho, de 21 anos, pegou sua flauta, montou na bicicleta e bateu em retirada: "Deve existir um modo mais criativo de fazer protesto. Esse tá muito desgastado", disse ele, deixando para trás uma profusão de boinas, echarpes e camisas de gola rulê.
A manifestação é pelo fim do patrulhamento da Polícia Militar no câmpus da universidade, pela revogação de processos administrativos e criminais contra alunos e funcionários que participaram de movimentos anteriores e para discutir "mecanismos que reforçam a desigualdade social no câmpus e fora dele".
"Nossa luta é para derrotar o capitalismo a partir de uma estratégia de luta de classes", diz o diretor do Sintusp Marcelo Pablito, de 29 anos, da Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI). QI é uma referência à Quarta Internacional - organização marxista criada em 1938 na França por Leon Trotsky, expulso da União Soviética, e por outros dissidentes da Internacional Comunista.
"Ficou claro que a classe capitalista é totalmente incapaz de gerir a riqueza produzida pelo homem", acha o estudante da Letras Rafael, um dos fundadores do Movimento Negação da Negação. Para não sofrer represálias, os manifestantes evitam dizer nome e sobrenome e cobrem o rosto com pashminas amarfanhadas, pedaços de pano ou moletons.
Segundo Rafael, o socialismo na União Soviética não foi adiante por causa do "não acontecimento da revolução alemã em 1919 e em 1923 e do não acontecimento da revolução chinesa em 1925 e em 1927". "A URSS ficou isolada", lamenta.
Falso brilhante
Embrulhada em uma manta xadrez, um par de botinhas gastas nos pés, meia listrada, uma manifestante rechaça a reportagem: "Eu me recuso a falar com a imprensa corporativista burguesa!" Outra, com cabelos cortados como os de Elis Regina na época do show Falso Brilhante, diz. "Amigo, você não é bem-vindo." A presença da imprensa mobiliza mais os manifestantes do que as pautas da assembleia. "Companheiros!", grita ao microfone o primeiro a discursar. "Vocês acham que as televisões devem filmar a assembleia?"
"Nããão!!", gritam todos.
"Pedimos, então, que a imprensa desligue as luzes e se retire!"
"Êêêêê!"
Para o estudante de Artes Plásticas Felipe Paiva, de 25 anos, que assiste a tudo com a cabeça encostada no tronco de uma palmeira, os estudantes estão "viajando" na ocupação. "Essa é a 'brisa' deles", diz.
Há um bolinho de manifestantes querendo discursar. Quando eles próprios percebem que a assembleia pode durar para sempre, convoca-se um plebiscito para decidir um limite de tempo - 40 minutos, 1 hora ou 1h40. Vota-se pelos 40 minutos. Um estudante de Engenharia morador do Conjunto Residencial da USP (Crusp) ri sozinho. "Eles perdem 15 minutos só decidindo quanto tempo vai durar a assembleia."
Consciência política
A expressão "para além de" é o hit da ocupação deste ano. "Para além da atividade acadêmica, a universidade forma a consciência política!", alerta um dos revoltosos.
Pelo que se depreende em conversas com estudantes para além da Reitoria, a pauta deles é bastante abrangente. Passa pela proposta de uma reviravolta socio-econômico-cultural que parte da USP e se ramifica em direção aos grotões esquecidos do País. Pretende reestruturar as relações entre elite e trabalhadores, negros e brancos, homens e mulheres.
"Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear um processo de revolução sem volta. Isso é fazer história!", brada Rafael, em seu informe.
Glauber
Para além da PM, a patrulha é grande. Falsos esquerdistas podem cair em desgraça a qualquer momento. É recomendável usar com desenvoltura expressões como "opressão", "portas de fábrica", "O Capital" e "Glauber".
"Meu informe não é menos tenso...", começa o sétimo manifestante, como se fosse mais um a saltar na tirolesa.
A oitava pede uma colaboração para a "janta coletiva". Passa um garrafão de água mineral Bonafont vazio, onde se colocam as notas. "Já passei por isso, é cíclico", considera a ex-diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) Roberta Costa, de 24 anos.
Ela cursa o último ano de "Sociais" e, embora não esteja participando da ocupação, não se pode dizer que tenha abandonado por completo os movimentos: tornou-se militante feminista e defensora do tratamento da dependência química com a ayahuasca - bebida produzida por espécimes amazônicas e usada pelos adeptos da doutrina do Santo Daime.
Max Barulho, o flautista, conta que participou da manifestação de 2009 na universidade, basicamente pelos mesmos motivos, e se arrependeu. Diz que no final das contas não deu em nada, por causa da "bundamolice" dos professores que participaram. "Só me serviu para bombar numa matéria."
Ele propõe um ato que "junte todo o lixo da USP e faça com ele a estátua gigante de um policial segurando duas rodas (alusão ao reitor da universidade, João Grandino Rodas)".
Para além de Max, a assembleia prossegue até... bem, são 23 horas e não há sinal de que os 40 minutos combinados no plebiscito serão respeitados.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".