| 07 NOVEMBRO 2011
INTERNACIONAL - ESTADOS UNIDOS
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Administrações prévias consideravam a Síria, principal cliente do Irã no mundo árabe e outro importante patrocinador do terror, como um poder hostil. Obama, cujo principal objetivo era dizer adeus a tudo isso, cortejou o regime, chamando Bashar Al-Assad de “reformista.”
O regime Al-Assad matou até agora mais de 3 mil sírios e feriu muitos mais. O “reformador” também torturou muitos oponentes do regime.
Dois assassinatos bem-sucedidos -- de Al-Awlaki e Bin Laden -- persuadiram alguns de que o presidente Obama, quaisquer que sejam suas falhas internamente, tem governado com uma bem-sucedida política externa. Isso é generosidade demais.
De fato (com a exceção dos assassinatos citados e a insurgência no Afeganistão), o presidente parece conduzir a política externa baseado mais em respostas de improviso ou intuição aos eventos do que confiando em qualquer estratégia abrangente.
E suas reações a tais eventos são mais freqüentemente baseadas em reverter o que ele considera como pecados americanos do passado do que perseguindo os interesses da América no mundo.
Isso primeiro se tornou evidente quando as ruas iranianas explodiram, em 2009. Não há regime no mundo que represente maior ameaça à vida dos americanos do que o do Irã.
Os mulás derramaram mais sangue americano do que qualquer entidade, exceto a Al-Qaeda (e eles apoiaram a Al-Qaeda), no decorrer das três últimas décadas. O Irã constantemente planeja prejudicar os EUA patrocinando grupos de terror, aliando-se com inimigos americanos como Hugo Chávez, e suprindo e treinando as milícias iraquianas e o Talibã, que, em troca, mata americanos no Iraque e Afeganistão.
A queda do regime iraniano seria a maior vitória imaginável contra o terrorismo no mundo (isso sem contar o que seria para os iranianos). Ainda quando o regime era ameaçado por semanas de protestos, Obama deixou a oportunidade de apoiar as manifestações e, possivelmente, afetar o resultado, escorregar por entre seus dedos.
Obama não podia abandonar a idéia de que seu papel era provar à liderança iraniana que, diferente de líderes americanos do passado, como o “arrogante” Dwight Eisenhower, que interveio no Irã nos anos 1950, ele os respeitava e não representava ameaça.
De forma similar, enquanto a insurreição na Síria desenvolveu-se ao longo dos últimos seis meses, o presidente foi passivo. Administrações prévias consideravam a Síria, principal cliente do Irã no mundo árabe e outro importante patrocinador do terror, como um poder hostil.
Obama, cujo principal objetivo era dizer adeus a tudo isso, cortejou o regime, chamando Bashar Al-Assad de “reformista.” Ele enviou um embaixador, e não o chamou de volta nem mesmo quando o regime usou armas e tanques contra manifestantes desarmados.
O embaixador Robert Ford fez o melhor que pôde, dadas as circunstâncias, oferecendo seu apoio aos manifestantes, mas preocupações quanto à sua segurança pessoal o levaram a ser re-convocado.
O regime Al-Assad matou até agora mais de 3 mil sírios e feriu muitos mais. O “reformador” também torturou muitos oponentes do regime.
Ainda assim, a administração Obama falhou em dar o tipo de passo que poderia render um resultado favorável aos interesses dos EUA (ou aos do povo sírio). Os EUA impuseram sanções ao topo da liderança, mas isso é fazer vista grossa e é completamente ineficaz.
O contraste com a Líbia é instrutivo. Apesar de Gaddafi ter sido um tirano cruel, ele há muito deixou de ser uma ameaça para os EUA. Após a guerra do Iraque, ele voluntariamente abandonou o seu programa de armas de destruição em massa e era relativamente quieto no cenário mundial.
Ainda quando ele ameaçava seu próprio povo, Obama provou querer gastar bilhões numa “guerra de escolha” para ajudar a demovê-lo. Algo como um “dever de proteger”. Ainda que este dever não se aplicasse à Síria ou ao Irã.
Poucas semanas depois de descobrir que o Irã estava tramando um grande ataque terrorista em Washington, Obama não apenas falhou em dar uma resposta, mas deu aos iranianos um enorme presente na forma da retirada dos EUA do Iraque.
Agora, Obama está embarcando em outra intervenção militar humanitária -- mandar 100 soldados americanos para localizar e destruir o Exército de Resistência do Senhor na África central.
Não há dúvidas de que o ERS é uma coisa particularmente suja -- uma milícia armada que se envolve em seqüestro, estupro, homicídio e tortura. É de partir o coração, mas, infelizmente, não é algo único ao redor do globo.
Qual a base lógica para a intervenção americana? Obama explicou para o Congresso: “eu acredito que o emprego dessas forças armadas americanas promove os interesses de segurança nacional e política externa dos Estados Unidos.” Manter uma força estabilizadora no Iraque aparentemente não é.
A doutrina Obama de intervenção poderia então ser: intervir apenas quando interesses americanos não estão envolvidos de maneira alguma.
Mas em situações como aquelas no Irã e na Síria, onde uma intervenção de algum tipo poderia servir a interesses estratégicos americanos, assim como a preocupações humanitárias, não faça nada.
Mona Charen é colunista do The Washington Examiner.
Tradução: Gustavo Freitas, colaborador do blog da Juventude Conservadora da UNB
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