QUARTA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2010
Por Arlindo Montenegro
O drama que envolveu 33 mineiros soterrados numa mina, no deserto de Atacama, norte do Chile, polarizou nosso pequeno mundo. No 12 de Outubro os olhos da mídia planetária estavam acampados no local, registrando cenas que tem um significado extraordinário. Saimos da rotina, para pensar nos riscos da vida, para refletir sobre a segurança nos trabalhos mais árduos, necessários para à evolução e comodidade das populações.
O Presidente do Chile estava presente, junto com sua mulher, lembrando que "Quando o Chile se une na adversidade, somos capazes de grandes coisas". O país vizinho recuperou-se de um severo terremoto. E nos mostrou como uma agenda específica valorizando a vida, pode concentrar esforços para resultados construtivos e positivos. O mundo chama isto de heroísmo!
Nas primeiras horas da noite, o presidente Piñera o fechamento da Mina e revisão das operações. Estadistas e líderes do mundo inteiro manifestaram-se destacando a firmeza e a esperança dos chilenos nos últimos meses, na demonstração de heroismo e fé. Heroísmo na certeza que os soterrados mantiveram durante 69 dias, heroísmo na espera dos familiares, heroísmo na vontade de toda a nação chilena.
Mario Sepúlveda, o segundo mineiro a ser resgatado das entranhas da terra, depois de setenta dias sem ver a luz do sol, com parca alimentação, em condições inimagináveis, o primeiro a conceder uma entrevista veiculada pela imprensa do mundo referiu o drama dizendo: "estive brigando com Deus e o diabo. Deus ganhou! Em seguida indicou que as empresas deveriam adotar mudanças na segurança, nas relações trabalhistas.
Cada mineiro que chegava à superfície, parecia renascer do ventre da terra e o sentido de amor à pátria mostrando a bandeira chilena, era logo substituído pelo agradecimento com o sinal da cruz, o dedo apontado para o ceu ou curvando os joelhos em singular momento de oração e agradecimento.
O abraço caloroso e demorado aos familiares e amigos, deixavam explicito o valor da família celular, que fundamenta a unidade de uma nação.
O drama do Chile é o drama deste planeta. É o drama que vivemos no Brasil, polarizado num momento de decisão, quando devemos escolher entre valorizar a vida ou dar continuidade no poder aos que desprezam a vida. Simples assim! Estamos soterrados e podemos ser resgatados ou não, dependendo apenas da força da nossa fé em Deus e em nós mesmos, temos o poder de escolher entre o "resgate" ou viver soterrados sem respirar o ar puro, sem ver o sol.
Mais um homem corajoso e de valor moral incontestável, que defende a vida e os valores culturais que dão a face à nação, vem a público, apelando para o sentido do momento que vivemos e do poder que temos, unidos como os chilenos, para voltar a pensar em liberdade.
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