Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A FACE MEDONHA DA MEDUSA

NIVALDO CORDEIRO


A FACE MEDONHA DA MEDUSA
12/10/2010

Penso que todos os observadores se surpreenderam com a estratégia de Dilma Rousseff no primeiro debate do segundo turno, na TV Bandeirantes. A lição antiga é que não se pode bater diante de câmaras de televisão para quem está em disputa junto à opinião pública, seja em campanha eleitoral, seja no lançamento de sabão em pó. Bateu, perdeu. O próprio Lula só se elegeu quando adotou o figurino “Lulinha paz e amor” criado por Duda Mendonça.

Obviamente que Dilma, Lula e o comando da campanha têm perfeita clareza disso. O que houve para que mudassem a postura, correndo um grande risco? Minhas hipóteses são duas: a primeira é que a passagem para o segundo turno não estava no cálculo do PT e eles, até aquela altura do debate, ainda estavam aturdidos e incrédulos com o que aconteceu. Temos sobre isso o valioso relato de Clóvis Rossi, o jurássico e petista jornalista da Folha de São Paulo, feito na edição do último domingo, quando confessou candidamente que marcou férias para o começo de outubro porque estava convencido da vitória da Dilma e o jogo eleitoral estaria acabado.

Essa falsa convicção de Clóvis Rossi era a convicção geral do PT. Acho que até Lula havia marcado férias.

O outro ponto foi subestimar o sentimento adormecido na alma do povo brasileiro, do que chamei de Brasil profundo. O povo brasileiro é essencialmente cristão e conservador e sempre viu o Estado com desconfiança, uma coisa ameaçadora e alheia à sua vida cotidiana. Estado é, para os brasileiros, sobretudo o cobrador de impostos e a polícia, que lhe tira a liberdade, lhe põe medo, toma seu dinheiro e o impede de realizar seus legítimos desejos. É chamado a votar por obrigação e o faz mais das vezes de má vontade, em sacrifício do domingo de descanso.

Ocorre que esse povo acordou para os perigos que representam os petralhas alçados ao poder, os perigos de criar leis injustas e imorais, contrárias ao direito natural. Na questão do aborto e da mordaça gay (PL 122) a coisa transbordou, levando as lideranças a clamar em praça pública contra os perigos dos tempos. Quem viu a pregação do padre José Augusto, do Arcebisto Dom Aldo Pagotto, da Paraíba, do pastor Malafaia, da Assembléia de Deus e do pastor Piragine, da Primeira Igreja Batista do Paraná. Quem viu a nota da CNBB Sul 1 percebeu que o Brasil profundo acordou e foi à luta só pode concluir que Dilma perdeu a luta pela opinião pública. A extrema esquerda não poderia mais contar com o alheamento das pessoas de bem para realizar seus maus propósitos.

Uma onda conservadora gigante começou a elevar-se nos dias que antecederam a eleição em primeiro turno e levou o pleito para o segundo, derrotando a arrogância dos atuais donos de poder. Só podemos compreender o comportamento de Dilma Rousseff no debate da TV Bandeirantes tendo em conta todos esses fatos.

Penso haver ainda um terceiro motivo para a súbita mudança da postura da candidata do Lula na sua comunicação eleitoral: pesquisas internas podem já estar indicando derrota do PT para José Serra por conta de vários fatores: a onda conservadora que se elevou, a consolidação da eleição de governadores de oposição nos principais colégios eleitorais, o refluxos dos cabos eleitorais que trabalharam com dois palanques no primeiro turno, a mudança de lado dos políticos de “resultados”, que farejaram vitória de José Serra, abandonando assim Dilma Rousseff à própria sorte.

Dilma Rousseff largou o figurino paz e amor e deixou emergir a Medusa que  é sua verdadeira personalidade. José Serra poderia, se tivesse sido bem orientado, ter encarnado a personalidade de Perseu e cortado a cabeça da Hidra já no primeiro debate, perdendo uma oportunidade de ouro. A cabeleira bem cuidada de Dilma, vista de perto, estava com a sua coleção de serpentes ouriçadas. Sua cara medonha e deformada pelo ódio mostrou a ferocidade que dela conhecemos muito bem.

O PT deveria saber que ninguém vota em Medusa, mas que o povo clamará sempre por um Perseu para decapitar o mal. Os partidários da Dilma tiveram que partir para força bruta porque fizeram o raciocínio primário dos suicidas: “perdido por perdido, perdido e meio”.

Para piorar, todos os dias os jornais trazem em primeira manchete o desfile habitual de escândalos, herança de Erenice Guerra e sua prole. Da base pobre da população à elite mais esclarecida estamos vendo a desconstrução implacável da condição moral do governo Lula e de sua candidata. E no vídeo do debate a face medonha da Medusa escolhida para sucedê-lo. Essa combinação poderá consagrar José Serra o novo presidente da República

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".