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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ESTRATÉGIA TUCANO-PETISTA: DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA

HEITOR DE PAOLA
12/09/2010

O meu último artigo, Agora é Tarde, suscitou intenso debate ao ser editado no Midia Sem Máscara. Afora alguns comentários idiotas, que sempre surgem, a grande maioria foi de comentaristas sérios e visivelmente preocupados com o futuro do nosso País. O mais sugestivo, no entanto, foi o de Luciano Garrido, que já conheço de grupos de discussões. Psicólogo e conhecedor da Psicologia Comportamental aduziu um importante fator que me passou totalmente despercebido com relação à sugestão mais freqüente que tenho ouvido a respeito das eleições: deve-se ao menos votar no ‘menos ruim’. Este argumento, tão antigo quanto me lembro a respeito das eleições das últimas&nbspcinco décadas, repete-se com regularidade enervante, é o tal do ‘voto útil’. Quando este argumento surgiu, eu respondi a um dos leitores:

‘...eu estava esperando que alguém apresentasse este argumento. É o mesmo desde 1998, principalmente desde 2002: votar no menos ruim para, daqui a 4 anos, prepararmos um candidato melhor. Em 12 anos não surgiu nenhum e você espera que ainda surja? A última chance foi 1989, depois os dois partidos se tornaram hegemônicos e nada, repito, nada os tirará do poder! Como disse Larry Rohter, no NYT: este ano se completa o 16º ano do governo FHC/Lula! Elegendo Serra ou Dilma completaremos o 20º - e eles não permitirão que se crie nenhum outro que lhes faça cócegas sequer!’ (Acrescento agora: o PFL, que poderia representar um voto liberal conservador, ao transmutar-se em DEM e basear seus Estatutos no do Partido Democrata americano, socialista, e ser entregue aos Maias (perdão Eça, são os do Rio, não os alfacinhas!) degenerou-se em mais um partideco de botequim sem expressão nenhuma embora ainda possua quadros de respeito, como a Senadora Kátia Abreu que conheci pessoalmente no evento do Foro do Brasil/ADESG no dia 28 de agosto p.p.

Concordo que o voto útil é muito sedutor, eu mesmo o utilizei em 1989, quando meu candidato era Afif Domingos, mas votei no Collor temendo um segundo turno entre Lula e Brizola. E novamente em 1994, votei em FHC temendo Lula. Mas então me dei conta de que ambos são filhos do mesmo ovo de serpente, que abordei num artigo anterior, e não mais votei em ninguém. A frase de FHC que me abriu os olhos foi: acabou a farra dos importados! Percebi que apesar de os tucanos se mostrarem bonzinhos, ambos os partidos nos consideravam criancinhas que só podem brincar de carrinho enquanto papai deixar. Chegando a hora de dormir acabou a farra! Me recuso terminantemente a ser tratado assim depois de bem crescido e resolvi que ao menos meu voto nenhum destes partidos teria jamais!

Porém, este negócio do voto útil não é aleatório, está incluído numa estratégia mostrada por Garrido. Copio seu comentário: ‘De candidato menos ruim em candidato menos ruim, em breve estaremos no pior dos mundos possíveis. Acho que essa é a tática da esquerda hoje em dia. Algo semelhante ao que em psicologia se chama de "dessensibilização sistemática". Essa ampla aceitação do Serra, até por seguimentos ditos conservadores, é um sinal claro do fenômeno. O eixo da política está se deslocando paulatinamente à esquerda ante uma platéia anestesiada...’

Neste comentário compreendi o que antes era percebido, mas não entendido por mim: este é o cerne da estratégia de ambos os partidos que disputam as eleições: levar o eixo cada vez mais para a esquerda de modo que, daqui a alguns anos, tenhamos que escolher o menos ruim entre Chávez e Morales. Ou pior: entre Fidel y su hermanito Raúl!

Um dos corolários desta estratégia é a tática de interrogatório em que dois interrogadores se revezam: um extremamente mau, e outro de uma bondade infinita que apela para o coração já esfarrapado do interrogado: olha, se você não falar agora, não poderei deter mais o fulano que usa métodos terríveis!

Esta tática atinge as raias do inferno no interrogatório a que foi submetido pela GESTAPO Jan Valtin, pseudônimo de Richard Julius Hermann Krebs, ativista comunista alemão, magistralmente descrito em seu livro From the Bottom of the Night, (New York: Alliance Book Corporation, 1940. Existe traduzido para o português, porém esgotado há décadas: Do Fundo da Noite).

Eu mesmo, de forma muito mais suave, experimentei esta tática. Fui preso em Fortaleza, Ceará, em outubro de 1965 para onde fora ostensivamente como Vice Presidente da UNE, mas clandestinamente como representante do Comando Nacional de Ação Popular (AP), incumbência recebida diretamente do próprio CN constituído então por Herbert José de Souza (Betinho), Aldo Arantes, Duarte Pacheco do Lago e outros cujo nome eu não conhecia. Quando estava para ser solto foi descoberto, por burrice do Presidente da UEE do Ceará, um documento recebido de Paris e de autoria de Vinicius Caldeira Brandt, ex-presidente da UNE que integrava, junto com José Serra (sim, este mesmo, o queridinho ‘menos ruim’ de alguns conservadores enganados e apavorados!) um Comando no exílio. Neste documento já se preparava a futura adesão da AP à luta armada e às idéias de Mao Zedong, Vo Nguyen Giap e Ho Chi Min sobre guerrilha rural. Imediatamente o tom dos interrogatórios mudou: eu havia sido preso pelo DOPS e entregue ao Exército. O encarregado do IPM (Inquérito Policial Militar), Major Edísio Facó, passou a ser acompanhado pelo ‘temível’ Diretor do DOPS, Bacharel Firmino, de quem se contavam atrocidades. E começou a tática: Facó, bonzinho, camarada, sujeito legal e Firmino e seus meganhas, ameaçadores, sempre prontos a levar-me para uma praia (?) onde, segundo eles, sumiam seus interrogados depois de ‘baterem com a língua nos dentes’ e entregarem tudo (soube depois que isto não era verdade, era pura encenação). Embora eu conhecesse a tática e estivesse preparado para enfrentá-la, várias vezes me senti tentado a entregar logo o jogo para me livrar das ameaças. Resisti e nada aconteceu!

Assim estão os anestesiados liberais e conservadores brasileiros: presos entre comunistas ‘bonzinhos’ do PSDB e ‘mauzinhos’ do PT, sentem-se tentados a entregar o seu voto aos primeiros, enquanto – como bem o diz Garrido – eles vão deslocando o eixo de opções cada vez mais à esquerda! Chegam até a acreditar que o Serra vai cumprir o compromisso do seu vice, o Índio, de ser contra a legalização do aborto, como se compromisso de político valesse mais do que uma nota de três reais, ainda mais quando nem assumida pelo próprio, mas por outro em seu nome! Aí não vale nem um tostão furado! É só para mostrar-se ‘bonzinho’ e ‘queridinho’ dos conservadores.

Rendam-se e depois não se arrependam. Ganhe quem ganhar, dentro de quatro anos teremos Lula X outro tucano qualquer, mais à esquerda ainda do que Serra, com o ridículo DEM totalmente absorvido por um dos dois.

E La nave va...........

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".