Heitor De Paola*, Mídia Sem Máscara, em 13 de maio de 2005
Communism is neither and economic or a political system – it is a form of insanity – a temporary aberration which will one day disappear from the earth because it is contrary to human nature. I wonder how much misery it will cause before it disappears.
RONALD REAGAN - Communism, the Disease, 1975 Reagan in his own hand
É de uso comum a naftalina para acabar com as traças. Mas existem traças que desenvolvem uma tal resistência que são capazes de fazer ninhos na própria naftalina. Esta é a base da práxis gramscista: atacar as Instituições por dentro, disfarçadamente, de modo que não fique clara a insanidade que o marxismo representa e tornar-se o discurso hegemônico em todas as áreas.
É dever de todos os liberais e conservadores denunciar o ocorrido em suas instituições específicas. Assim foi com a insanidade marxista nas instituições psicanalíticas, psiquiátricas e psicológicas do Rio de Janeiro na década de 70 do século passado. Nada mais insano do que a insanidade se instalar no seio das instituições apropriadas para combatê-las. Falarei aqui do que testemunhei pessoalmente. Num próximo artigo (O uso político da Psiquiatria: a luta anti-manicomial), uma colega dirá o que ocorreu nos hospitais psiquiátricos com a instalação do movimento anti-manicomial, iniciado também naquela época.
É irônico que tenha sido um político, embora genial como Reagan, a diagnosticar o grande mal do século e não as pessoas que deveriam estar mais preparadas para fazê-lo: os psicanalistas e psiquiatras. Quando cheguei ao Rio de Janeiro, no início de 1970, já devidamente curado desta insanidade da qual fui acometido na década anterior, fui surpreendido pela extensão com que o comunismo estava tomando conta das instituições que se supunha destinadas a combater as insanidades. Psicanalistas oriundos de Buenos Aires, sob a influência nefasta da ativista Marie Langer, mais tarde assessora da ditadura sandinista da Nicarágua, instilavam o ódio à liberdade de pensamento inerente ao sistema democrático de livre mercado. Langer e seus discípulos usavam do fato de ela ser uma judia fugida da sanha nazista, para justificar qualquer crítica a ela como perseguição anti-semita, o que caía muito bem numa época de regime político-militar que salvou o Brasil do comunismo mas que despertava a fúria das esquerdas. Nada se dizia de outros psicanalistas judeus foragidos – como Heinz Hartmann, Rudolf Löwenstein, Melanie Klein, Otto Kernberg, o próprio Freud, e sua filha Anna – que jamais adotaram ideologias esquerdistas.
Além disto, analistas formados em Londres na época em que imperava no Reino Unido a ideologia "trabalhista" - leia-se comunismo disfarçado – chegaram ao Brasil e iniciaram seus trabalhos influenciados pela ideologia marxista que chegou a imperar no próprio Serviço Secreto Britânico, com os traidores MacLean e Philby, foragidos na URSS após terem descobertas suas ligações com o regime soviético. Tais psicanalistas traziam o germe marxista que lhes fora inoculado de forma sub-reptícia pelos analistas britânicos – a maioria de inegável competência técnica mas também gramiscisticamente preparados – onde imperava - e ainda impera - a inveja de seus colegas norte-americanos que não precisam sofrer com o malfadado National Health System.
Foi a época de ouro da esquerda marxista representada pelos popularescos Hélio Pellegrino e Eduardo Mascarenhas. O último, em boa hora deixou a profissão e dedicou-se à política, mas o primeiro permaneceu alimentando o ódio entre colegas ao afirmar que era inadmissível um psicanalista não-marxista! E que se houvesse algum, estava a serviço da ditadura (sic) militar!
Em julho de 1974, no X Congresso Latino-Americano de Psicanálise, os argentinos ligados aos montoneros, os uruguaios tupamaros, os chilenos allendistas exilados (transcorria o primeiro ano de Pinochet no poder) e os mexicanos de várias ideologias esquerdistas, pontificaram. Alunos destes Institutos de Formação mandavam e desmandavam nos mesmos sob os olhares benevolentes de "mestres" cooptados pela insanidade comunista. A idéia fez furor em alguns círculos psicanalíticos brasileiros levando à perversão institucional e à destruição da hierarquia entre mestres e alunos. Os últimos passaram a mandar e desmandar, sendo os verdadeiros donos do poder.
Duas das mais expressivas representantes desta rede comunopata foram Rosa Beatriz Pontes de Miranda Ferreira e Helena Celínia Besserman Vianna. A primeira, Rosa Beatriz, chegou a levar a Havana, junto com seu entourage, um trabalho em que, deturpando totalmente o conceito de consideração pelo outro (concern), defendia a quadrilha de narcotraficantes assassinos que tomou conta de Cuba, qualificando o regime como uma "experiência enriquecedora, um Estado sério e bem orientado" com dirigentes verdadeiramente preocupados com a vida e saúde física e mental de seus reprimidos súditos, permitindo que "crianças atendidas fisiológica e psicologicamente se desenvolvam em adultos sadios". Ficava implícito neste trabalho que o povo, ao não reconhecer a bondade extrema de seus governantes, demonstrava falta de gratidão, justificando, portanto, indiretamente, a repressão. Chega a dizer que todas as crianças nascidas após a tomada do poder por Castro são mentalmente sadias, justificando a necessidade de assistência psicanalítica apenas para os que nasceram antes disto!
Helena Vianna, aproveitou-se de uma situação crítica na psicanálise brasileira – a existência do candidato a psicanalista Amílcar Lobo que era, por força de lei, estagiário do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro – para denunciar à revista Questionamos (editada por ninguém menos que Marie Langer) a existência de um torturador (sic) no meio psicanalítico brasileiro protegido por seus pares. Nada, absolutamente nada, ficou provado, Lobo morreu de acidente, Leão Cabernite, seu analista, teve seu diploma cassado mas plenamente reintegrado em suas funções médicas pelo Supremo Tribunal Federal, mas Helena conseguiu a fama que desejava ao lançar, junto com o psicanalista comunista francês René Major, os Estados Gerais da Psicanálise - numa ridícula demonstração extemporânea de jacobinismo - entidade apátrida que pretende destruir a própria psicanálise e toda a psiquiatria ocidental fazendo uso de demagogia explicitamente gramscista. Chegou a ser considerada uma heroína nos meios esquerdistas da área psicanalítica.
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A insanidade marxista está baseada em três pontos principais: inveja, delírio de onipotência e dissonância cognitiva. Os sentimentos invejosos estão na origem de toda ideologia socialista. Como já defini em outro artigo, a inveja é o leitmotif de todas as teorias igualitaristas, comunistas ou socialistas, e o combustível psicológico do qual se nutre a luta de classes. Quando ela não predomina, existe competição entre os membros de uma sociedade, competição que leva ao progresso e à prosperidade. Quando predomina, leva à inevitável destruição de todos e de tudo, como ocorreu nos retumbantes fracassos comunistas. Destroem-se as empresas, como em Portugal em 1974, e fica-se sem emprego. Exemplo mais flagrante é o da revolução agrária levada a efeito por Lênin nos primórdios do regime soviético, ameaça que hoje paira sobre nosso País. Expropriaram-se as propriedades rurais 'exploradoras' dos camponeses, para impor à força os kolkhoses e sovkhoses e os explorados, agora finalmente ‘libertos da escravidão dos grandes senhores’, morreram aos milhões. De fome!
O sentimento delirante de onipotência faz com que os comunistas tenham a solução para tudo, saibam o que é melhor para todo o mundo. Se você não sabe – ou acha que sabe mas discorda deles – morra, pois eles sabem tudo. Você não tem idéia de como está ideologicamente enganado, portanto, confie nos “camaradas” ou .... pereça!
Como muito bem expressa o colega de site Janer Cristaldo em seu último artigo : Ser comunista era (no século passado) entender o universo, ter uma idéia exata para onde rumava a humanidade. E ai de quem não o fosse! Era olhado com um misto de desprezo e piedade, como alguém que nada entendia do mundo, muito menos de si mesmo. Durante todo o século passado, estes senhores tiveram o monopólio da arrogância e sempre se julgaram os redentores da humanidade.
É de se supor até que ponto tais tendências não predominaram nas relações terapêuticas, acrescidos à dissonância cognitiva que permitia aos mesmos levarem uma vida altamente aburguesada, que tanto atacavam no discurso, pois a maioria dos esquerdistas nasceu em berço de ouro e, ao invés de se sentirem gratos, destilam um vitriólico veneno contra a própria Sociedade que os beneficiou.
*Médico Psiquiatra e Psicanalista no Rio de Janeiro. Escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).
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