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segunda-feira, 16 de março de 2009

CHAUÍ: A VELINHA DE TAUBATÉ DO PETISMO - TIBIRIÇÁ RAMALHO



por Tibiriçá Ramaglio

A revista Cult promove uma tentativa de resgatar do esquecimento a famigerada Marilena Chauí, velhinha de Taubaté do petismo. Deu sua capa à douta senhora, da qual faz a santificação no editorial e no perfil biográfico que antecede a entrevista com a figura, a que chama de "uma das personalidades mais admiráveis do país" e a "maior intelectual" brasileira.

Como não poderia deixar de ser, as respostas de Chauí às perguntas dos entrevistadores desmentem escancaradamente a rasgação de seda, apesar de as perguntas serem feitas sob medida, levantando a bola para a filósofa chutar a gol. Vejamos a primeira pergunta:

"Diante desta crise financeira, a senhora acredita que estamos vivendo um momento histórico privilegiado para a reorganização da esquerda, para a reavaliação de seu conteúdo programático, para as novas formas de mobilização popular? Ou a oportunidade será absorvida pelo redemoinho ideológico do liberalismo, agora em versão 'light', de caráter mais keynesiano?"

Como "maior intelectual do país", evidentemente, Chauí não pode errar o tiro e, para isso, a única resposta que ela poderia formular é "Penso que as duas possibilidades estão dadas", ou seja, sim e não. Com apenas um sim ou um não, ela teria 50% de possibilidades de estar certa, mas com um sim e um não simultâneos, naturalmente, suas chances duplicaram. Será que dona Marilena é uma petista com alma de tucano?

Nem vale a pena continuar a esmiuçar essa resposta, basta dizer que às duas perguntas seguintes, ela também responde textual e respectivamente com um "sim e não" e "Novamente, sim e não", o que também é muito significativo. Mas eu prefiro me ater à primorosa declaração de dona Marilena que está na capa da revista: "É preciso dar um basta à tentativa de caracterizar o presidente como um populista".

O que diz Chauí? "O populismo [...] é a política da classe dominante para exercer o controle sobre as classes populares e/ou sobre a classe média tanto por meio de concessão de benefícios pontuais quanto por meio da figura do governante como salvador e protetor. Ora, todos esses traços estão ausentes do governo Lula: o atual presidente da república não pertence à classe dominante, não concede benefícios pontuais e sim assegura a instituição de direitos com os quais se institui uma democracia, consequentemente, a figura do governante não tem a marca da transcendência, necessária à dimensão salvífica e protetora do dirigente não democrático".

Em poucas palavras, o argumento de dona Marilena se resumiria a "ele não é populista por que não é", uma vez que ela não rebate com base nos fatos a definição que deu de populismo, apenas nega que Lula tenha aquelas características. Seus fundamentos não resistem a um confronto com a realidade. 

Lula não pertence à classe dominante? Por quê? Por causa de sua origem de retirante e operário, da qual ele já se afastou há cerca de quatro décadas? Parece que Marilena Chauí considera a condição de retirante/operário como um estado de alma, que unge eternamente quem a possuiu um dia, independente das circunstâncias materiais.

Lula não concede benefícios pontuais? Quer dizer que o bolsa-família é uma forma de assegurar a instituição de direitos com os quais se institui uma democracia? Não é puro assistencialismo clientelista cujo resultado é a perpetuação da dependência do cidadão às esmolas do Estado? Nem o frei Betto acredita nisso, conforme se viu em suas recentes declarações sobre o tema.

Lula não tem a marca da transcendência, necessária à dimensão salvífica e protetora do dirigente não democrático? Será que dona Marilena, tão perspicaz, não percebe a carga conotativa que subjaz ao bordão presidencial "nunca antes na história deste país?" Ainda bem que a tentativa de resgate de Marilena Chauí foi feita pela revista Cult, uma revista que dificilmente há de ser resgatada de sua insignificância.



Publicado originalmente no OBSERVATÓRIO DE PIRATININGA.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".