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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A ditadura minimalista

MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Olavo de Carvalho | Sex, 06 de Fevereiro de 2009

“A estratégia das revoluções de hoje, nos países capitalistas desenvolvidos, tem de orientar-se para ganhar os aparatos ideológicos do Estado – e não destruí-los como previa a doutrina leninista... Entre os aparatos ideológicos que atuam sobre a consciência, estão os religiosos, os familiares, os jurídicos, os políticos, os de informação – imprensa, rádio e televisão – e os culturais... E aí está a chave para transformar o Estado por ‘uma via democrática'." (Santiago Carrillo, Eurocomunismo y Estado, Madrid, 1977.)

Esse programa está sendo cumprido no Brasil há tempo suficiente para tornar bem clara a única diferença que o separa da estratégia leninista.

Lenin pregava a conquista do Estado por via insurrecional sob o comando de uma elite autoritária. Quaisquer que fossem os vícios e horrores dessa ditadura, ela não poderia ser acusada de tentar fazer-se passar por uma democracia. A tirania leninista tinha a virtude de seu inventor: a sinceridade brutal dos cínicos.

Já na “transição democrática”, que Carrillo aprendeu em Gramsci, não há ditadura, não há nem mesmo um chefe que se proclame chefe: longe de encarnar-se na figura visível de um líder autoritário, a mão de ferro do partido se desmembra, se subdivide em milhares de dedos autônomos, espalhados discretamente por todo o tecido da sociedade, agindo por vias independentes nas quais só o estudioso discerne a unidade de uma estratégia e onde o povo não consegue ver senão aquela convergência fortuita de resultados, que dá ao conjunto a autoridade miraculosa do curso impessoal da História.

Mas como se dá, em cada uma dessas pequenas unidades, a ocupação do espaço pelos comunistas? Ao contrário do que acontece na esfera eleitoral, onde cada partido é fiscalizado por seus adversários, a luta pelo poder numa empresa, numa escola, numa igreja simplesmente não tem regras. Uma vez conquistada a chefia, o grupo dominante faz o que quer: contrata, demite, ameaça, impõe e, enfim, não governa como um presidente constitucional cuja autoridade é limitada por um Parlamento, mas como um galo que manda e desmanda no galinheiro.

A ditadura, a que a elite comunista abdicou em aparência, é assim restaurada sob a forma de uma multiplicidade de pequenas ditaduras, onde o arbítrio de tiranetes reina gostosamente longe de toda fiscalização pública, tudo sob a sutil coordenação de um partido que, diante dos holofotes, continua exibindo sua carinha bisonha de neodemocrata.

Neste mesmo momento, milhares de subordinados politicamente inconvenientes, na imprensa, no mundo editorial, nas escolas, nas clínicas de psicologia, estão sendo pressionados, chantageados, ameaçados e forçados a seguir uma “linha justa”, que, apresentada diante das câmeras como proposta eleitoral, seria rejeitada no ato com horror e indignação.

Transferida para a meia-luz difusa da “sociedade civil”, a ditadura minimalista passa despercebida, em parte porque a imprensa já está domada para obedecê-la, em parte porque as mentalidades independentes que ali restam mantêm os olhos voltados para a cena política ostensiva, sem suspeitar do que se passa nos cantos mais discretos da vida nacional.

O mais asqueroso da história é que, nenhum outro partido tendo a descomunal cara-de-pau de empreender idêntica manobra, a usurpação comunista encontra campo livre, arrombando portas abertas e arrogando-se um poder a que o tempo e a falta de contestações acabam por dar a legitimidade de um direito adquirido. Foi assim que o simples rótulo de “direitista” se tornou alegação bastante para desqualificar um mestrando na universidade, um candidato a bispo nas igrejas ou um postulante a emprego nos jornais e revistas, como se a hegemonia esquerdista fosse uma cláusula pétrea da Constituição. Capitalistas liberais cretinos, covardes, aproveitadores – ou talvez afetados de “síndrome de Estocolmo” – se acumpliciam com a operação, financiando-a nababescamente em troca dos aplausos do beautiful people esquerdista, elevado, para cúmulo de sem-vergonhice, à condição de distribuidor exclusivo dos encantos sociais.


O mais lindo efeito dessa manobra é a rasteira que, por meio dela, a esquerda vem dando no processo eleitoral, de modo a, rejeitada nas urnas, poder governar sem as responsabilidades de governo.


Fonte: www.olavodecarvalho.org

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".