Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2009
Desde que o "Comandante Daniel", também conhecido pela alcunha de "Zé Dirceu", tornou-se articulista do JB como prêmio de consolação por ter sido cassado politicamente como "Chefe do Mensalão", senti um cheiro de podre no ar e temi pelo futuro dos meus amigos que ali escreviam, Olavo, Iorio, Antônio Sepúlveda. Cheguei a enviar uma carta para o JB questionando a presença deste "ex" terrorista nas páginas de um jornal até então bem conceituado, e a resposta que recebi foi de que ele "não era articulista do jornal" e que "tinha direito de dar sua opinião como qualquer outro cidadão".
A mentira não se sustentou por muito tempo pois, a partir dali, as escrevinhanças do "brasileiro-cubano" - como ele mesmo se autodefine - passaram a ter a constância de um articulista fixo e, para maior afronta, dividia a página com Olavo; tudo isto pago a peso de ouro, salário que poucos jornalistas com décadas de profissão e competência jamais ousaram sonhar.
A mentira não se sustentou por muito tempo pois, a partir dali, as escrevinhanças do "brasileiro-cubano" - como ele mesmo se autodefine - passaram a ter a constância de um articulista fixo e, para maior afronta, dividia a página com Olavo; tudo isto pago a peso de ouro, salário que poucos jornalistas com décadas de profissão e competência jamais ousaram sonhar.
A cassação de Dirceu foi muitíssimo providencial. Para dar uma aparência de lisura nos julgamentos dos parlamentares acusados de vários crimes contra o povo e a Nação brasileira é que cassou-se este elemento. O objetivo era, na realidade, deixá-lo livre e longe das cobranças da imprensa para AGIR, nos tradicionais moldes do patrulhamento ideológico e perseguição àqueles que insistem em não se "adequar" às imposições do regime comunista, como ocorre em Cuba, na China, na Rússia e com os nossos vizinhos sul-americanos, sobretudo a Venezuela.
O relato abaixo é um Raio-X claríssimo de que a liberdade de expressão e de imprensa acaba de ser sepultada no Brasil. Olavo era o único farol a iluminar a escuridão da ignorância e da farsa consentida que vigoram em todos os jornais do país, restando-nos ainda seus artigos no "Diário do Comércio" de São Paulo e em seu próprio site.
Este é o preço que pagam aqueles que asumiram um compromisso com a Verdade e não se vergam perante ameaças, como fizeram Boris Casoy, Mendelski e tantos outros jornalistas brasileiros que passam muito bem e continuam com suas colunas e programas de televisão.
Resta saber: de toda a classe jornalística brasileira, quantos terão a coragem de hipotecar publicamente sua solidariedade a Olavo? O tempo dirá quem são embusteiros, covardões, vendidos e onde estão os que sabem honrar o ofício da profissão jornalística.
Leiam todo o relato e o artigo censurado. A carapuça caiu como uma luva sobre as cabeças dos mandantes do JB, daí porque tornou-se imperativo jogar fora a última fatia do salame.
Fiquem com Deus e até a próxima!
Comentários: G. Salgueiro
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O preço do salame
Olavo de Carvalho
Aproximadamente um ano atrás, o Jornal do Brasil diminuiu arbitrariamente meu salário, de US$ 2.000,00 para US$ 400,00 por mês. O aviso veio como fato consumado, sem qualquer consulta prévia a esta desprezível criatura.
Cortes de salário e de espaço são na imprensa brasileira um meio usual de boicote, empregado quando o jornal ou revista quer se ver livre de um articulista sem assumir a responsabilidade de demiti-lo. É um estilo especialmente jornalístico de operação-salame. O sujeito vai sendo encurtado fatia por fatia, até que, quando o salame já está um toquinho de nada, a diretoria lhe informa que sua coluna será “ampliada” (sic), isto é, dividida e reduzida.
O mesmo truque, que não engana a ninguém exceto à consciência moral de seus autores, foi usado contra mim na Zero Hora, naÉpoca, no Globo e, por fim, no JB. Só do Jornal da Tarde a exclusão veio toda de uma vez, sem amortecedores, porque não havia o que amortecer: meus artigos ali já eram quinzenais em vez de semanais, e o pagamento era uma micharia simbólica impossível de reduzir. Ademais, desde que os Mesquita deixaram o controle do jornal eu havia perdido todo embalo de escrevcr ali, coisa que só fazia por um sentimento de gratidão e admiração para com a família.
Desde o corte de salário, fiquei de sobreaviso, sabendo que meus dias no Jornal do Brasil estavam contados. Minha expectativa confirmou-se quando outros articulistas de orientação liberal ou conservadora foram demitidos. Em 29 de maio veio a seguinte mensagem do economista Ubiratan Iorio, até então meu colega de página:
Amigos, vejam a que ponto chegou o JB. Nem coragem para nos comunicar a dispensa tiveram, preferindo recorrer ao subterfúgio batido de "mudanças" editoriais.
Saímos eu, Antonio Sepúlveda, o Jarbas Passarinho e outros. Espero pelo menos que você, Olavo, continue firme...
Abraço,
Iorio
No último dia 8, enviei ao JB o seguinte artigo:
Norma de redação
Olavo de Carvalho
Confissões de Luiz Garcia, um dos potentados da redação de O Globo, reveladas durante um simpósio da University of Tulane, em março de 2008, por Carolina Matos, em conferência intitulada (sem ironia aparente) Partisanship versus professionalism:
“Fizemos um enorme esforço para atrair o pensamento esquerdista para O Globo. E fizemos isso em tal extensão que depois tivemos de procurar um direitista que escrevesse bem, e escolhemos Olavo de Carvalho, o que hoje lamentamos um bocado. Toda a esquerda tem acesso ao Globo: Élio Gaspari, Zuenir Ventura, Veríssimo... E também os ativistas, as ONGs. Estamos fazendo uma coisa balanceada.”
Leram? Leiam de novo. Com o maior ar de inocência, com aquela consciência limpa de quem não quer sujá-la num confronto com os próprios atos, o criador da página de opinião de um grande diário brasileiro apresenta sua noção de jornalismo balanceado, isento, equilibrado: franquear as páginas do jornal para “toda a esquerda”, um exército inteiro de editorialistas, cronistas, analistas e ongueiros, depois camuflar o partidarismo concedendo um espacinho a um – isso mesmo: um, um único – articulista de direita, em seguida reduzir um pouco mais esse espacinho e no fim ainda reclamar que o convidado, um brutamontes sem educação, ultrapassou a quota de direitice admitida. Em matéria de disfarce, isso foi tão eficiente quanto limpar bumbum de elefante com um cotonete.
Mas disfarçar era totalmente desnecessário: quem, entre as multidões, reclamaria do viés esquerdista do Globo? Brasileiro não lê jornal. Num país de 180 milhões de habitantes, a tiragem dos maiores diários, somada, mal chega a dois milhões de exemplares. A imagem que o zé-povinho tem dos jornais é a de trinta anos atrás: o Estadão ainda é os Mesquita, O Globo ainda é Roberto Marinho. Diga ao cidadão comum que O Globo é de esquerda, e ele rirá na sua cara com aquele ar de infinita superioridade que é o privilégio sublime da completa ignorância. De outro lado, o esquerdismo da mídia nacional é mais que hegemônico: é uma instituição tão antiga, tão sólida, tão tradicional e intocável que acabou por se tornar um estado natural. O jornalismo de esquerda já nem pode ser reconhecido como tal, pois há três gerações não existe um de direita que lhe sirva de contraste. A firme obediência ao programa esquerdista passa hoje como a encarnação mesma do profissionalismo idôneo, mainstream. Fanatismo, propaganda, distorção ideológica, só na coluna do Olavo de Carvalho, é claro. Pois não é que o safado teve a ousadia de contar para todo mundo que o Foro de São Paulo existia, quando a massa de seus colegas de ofício se empenhava solicitamente em ajudar essa central da subversão a crescer em silêncio? Por que ele não se limitou ao direitismo cool, educado, àquele amável direitismo de centro que festeja a eleição de Barack Obama como uma glória da democracia americana e de vez em quando até verte umas lágrimas (de crocodilo ou não) pelos terroristas mortos nos “anos de chumbo”?
Se querem entender como essa mudança aconteceu, leiam o livro de Alzira Alves de Abreu, Else Mudaram a Imprensa (FGV, 2003). São “depoimentos de seis jornalistas que, na qualidade de diretores de redação, tiveram uma participação fundamental na reformulação ou na criação de órgãos de imprensa brasileiros nas últimas três décadas do século XX”. Dos seis entrevistados, cinco são esquerdistas. Só faltou, dessa geração de reformadores célebres, o Cláudio Abramo, que já tinha morrido. E Cláudio era um devoto de Leon Trotski. Isso, meus amigos, é a mídia brasileira. Ser esquerdista, no ambiente que esses homens criaram, não requer nem mesmo uma tomada de posição pessoal: é só você não pensar no assunto, e a força da rotina geral o arrastará insensivelmente para a esquerda sem que você tenha de assumir a mínima responsabilidade por isso.
Se Luiz Garcia parece não ter a menor consciência de que confessou uma manipulação abjeta, delituosa até, não é porque seja cínico de propósito: é porque, no meio em que ele vive, a insensibilidade moral para com os abusos do esquerdismo se tornou uma espécie de norma de redação.
No dia seguinte recebi de Rodrigo Almeida, da direção do JB, a seguinte mensagem:
Caríssimo Olavo,
A direção do jornal considerou inadequado para o JB um artigo com tantas referências ao Globo. Por esse motivo, optamos pelo cancelamento da publicação do seu artigo. Peço-lhe a gentileza de enviar um novo texto, e lhe garanto a publicação até o fim de semana.
Obrigado.
Um abraço e feliz 2009!
Rodrigo de Almeida
Não desejando criar conflito, respondi a ele nos seguintes termos:
Prezado Rodrigo
Não se trata do Globo, mas de um caso patente de discriminação ideológica com grave dano profissional para a vítima e prejuízo para a liberdade de imprensa em geral. À distância em que estou, meu espaço no JB é o único instrumento de defesa do qual disponho. Peço à direção do jornal reconsiderar a decisão. Caso necessário, assinarei uma declaração isentando o jornal de qualquer responsabilidade pela publicação do artigo. Se o abuso autoritário cometido por um jornal não pode ser denunciado por outro jornal, então a liberdade de imprensa acabou no Brasil.
Abraço,
Olavo de Carvalho
No dia seguinte, não tendo recebido resposta nenhuma, enviei novamente o e-mail. Decorridas algumas horas, chegou, em vez da resposta de Rodrigo Almeida, a seguinte mensagem de Paulo Márcio Vaz, editor de opinião do JB:
Prezado Olavo,
Comunico-lhe que, a partir da próxima semana, a editoria de Opinião do Jornal do Brasil será ampliada, com a chegada de mais articulistas. Portanto, todos os nossos colaboradores passarão a escrever apenas um artigo por mês. Ainda hoje, ou no início da próxima semana, lhe envio a data exata de publicação de seu artigo para fevereiro.
Peço-lhe que, por favor, confirme o recebimento desta mensagem.
Um grande abraço,
Paulo Marcio
(21) 2101-4481
(21) 8101-4472
Respondi a ele o seguinte:
Prezado Paulo Márcio,
Por favor, comunique à diretoria do JB que terei o máximo prazer em escrever um artigo mensal para o jornal. O preço de cada artigo será dois mil e quatrocentos dólares.
Atenciosamente,
Olavo de Carvalho
Até agora não veio resposta. Será que acharam dois mil e quatrocentos dólares um preço caro demais para uma fatia de salame?
Olavo de Carvalho
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