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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Lula e o Foro de São Paulo: eleições e terrorismo

Do blog do REINALDO AZEVEDO
Domingo, 18 de maio de 2008

Clóvis Rossi relata na Folha deste domingo que Lula, no Peru, onde participou de um seminário, referiu-se ao Foro de São Paulo. Leia trecho da reportagem. Retomo em seguida:

Por fim, o presidente brasileiro falou do Foro de São Paulo, conglomerado de organizações de esquerda criado pelo PT em 1990. Disse que "esse foro foi educando a esquerda a disputar eleições e ganhá-las de forma democrática", em vez de recorrer à luta armada.

Não citou, no entanto, o fato de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) fazem parte do foro e não foram ainda educadas para disputar eleições, tanto que mantêm a luta armada e, pior, tornaram-se o pivô de uma crise triangular entre os governos da Colômbia, do Equador e da Venezuela.

Lula elogiou ainda o crescimento do país do presidente Alan García (o maior da América do Sul, na faixa dos 9%), em uma frase que provocou sorrisos maliciosos em parte dos espectadores: "A gente vê na rua o crescimento do Peru".


Comento
Entre os dias 22 e 25 deste mês, acontece no Uruguai o 14º Encontro do Foro de São Paulo. Integram a organização, entre outros, o MAS (Movimento ao Socialismo), do presidente da Bolívia, Evo Morales; o Pátria Livre, do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Hugo Chávez. O Alianza País, de Rafael Correa, do Equador, vai mandar representantes e deve ser admitido no grupo. Não custa lembrar que Evo já deu uma tungada no Brasil, tomando a Petrobras, sob os auspícios de Chávez, e que Lugo está prestes a fazer o mesmo, obrigando os brasileiros a pagar mais por aquilo que lhes pertence de direito: energia. Será que é uma surpresa para Lula? Tudo indica que não. Como já deixaram claro o próprio Apedeuta, Celso Amorim (Relações Exteriores) e Marco Aurélio Top Top Garcia, o assessor para assuntos internacionais, o Brasil reconhece a legitimidade do pleito dos mais pobres. É claro que é conversa mole. Na prática, o lulismo usa dinheiro que não lhe pertence para fortalecer a posição dos esquerdistas do continente, seus aliados ideológicos.

Na reunião do Uruguai, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), grupo cujas credenciais terroristas, a esta altura, não precisam ser mais apresentadas, estarão presentes. Como sabemos, Lula ainda não conseguiu, como é mesmo?, converter o grupo à democracia. Não há mais máscara possível para as Farc: dedicam-se à produção e ao tráfico de cocaína, recorrendo — quanta ousadia! — até a submarinos para fazer o produto chegar aos Estados Unidos, conforme informa a VEJA na mais recente edição (ver post de ontem). E, no entanto, o PT dividirá alegremente a mesa com bandidos que mantêm um campo de concentração na selva, onde estão mais de 700 prisioneiros.

Há mais. O Foro se reúne, desta feita, depois de a Interpol ter provado que os arquivos dos computadores de Raúl Reyes — o terrorista pançudo morto pelo Exército da democracia colombiana — são verdadeiros. E, por verdadeiros, resta, então, evidente que os governos de Chávez e Correa colaboram com o terrorismo. O bandoleiro que governa a Venezuela planejava enviar US$ 250 milhões aos narcotraficantes. Nada distingue o coronel dos líderes do chamado “Eixo do Mal”, que colaboram com o terrorismo no mundo.

Aqui e ali se diz que os petistas — e, portanto, o governo brasileiro — mantêm prudente distância das Farc. Conversa mole! O governo Lula jamais condenou de forma inequívoca a guerrilha. Na mal chamada “invasão” do território equatoriano pelas forças colombianas, que resultou na morte de Reyes, o Brasil foi enfático no repúdio à ação colombiana, sem relevar o fato de que o Equador, afinal, abrigava os bandoleiros. E, revelam os computadores, com arquivos autênticos, tratava-se mesmo de colaboração ativa com os terroristas — categoria em que o Brasil não inclui as Farc. Indagado pelo jornal francês Le Figaro se a organização é terrorista ou força beligerante, Marco Aurélio teve a cara-de-pau de afirmar que não é nem uma coisa nem outra. Segundo ele, o Brasil é “neutro” nessa questão.

Neutralidade diante dos seqüestros? Neutralidade diante da execução de civis? Neutralidade diante do narcotráfico? Vivesse este valente na Europa no fim da década de 30, talvez defendesse que o melhor seria tentar convencer aquele austríaco esquisitão a aderir à democracia — certamente consideraria que confrontá-lo poderia não ser uma boa solução...

A fala de Lula é indecente e bem mais perigosa do que parece. O Foro de São Paulo, que a imprensa brasileira, com raras exceções, insiste em ignorar — Lula, volta e meia, fala dele com orgulho; justiça se lhe faça, ele não esconde nada... —, é a entidade que confere articulação e inteligência (a possível) à esquerda da América Latina. Os vários movimentos que ele congrega têm pouca coisa em comum quanto à sua origem. Mas isso não tem grande importância. O que conta é a convergência de agendas. E cada um dos governos comprometidos com o Foro vai até onde lhes permitem os limites institucionais, mas sempre dispostos a afrontá-los e a transgredi-los.

E por que classifico de “perigosa” a fala de Lula? Porque eleições, por si mesmas, não esgotam o compromisso com a democracia. Lideranças como Chávez, Corrêa e Morales não recuam, como vemos, nem diante do risco de uma guerra civil. Nos três países, o regime democrático foi só o rito de passagem para governos autoritários. No Brasil, o desapareço pelas instituições é mais sutil e aparentemente ameno. Mas não é difícil encontrar políticas públicas que pretendem opor brasileiros a brasileiros, em claro desrespeito aos princípios básicos da Constituição.

A fala de Lula deve ser lida como uma declaração cínica: os esquerdistas reunidos pelo Foro, que ele criou em companhia de Fidel Castro — isso é história, não opinião —, concluíram que a luta armada, de fato, não é mais uma boa estratégia. As eleições são armas mais eficientes. Uma vez no poder, usam a democracia para solapar as bases da... democracia!

Entre os dias 22 e 25 deste mês, o PT, em suma, volta a se reunir com terroristas — as Farc — e com representantes de dois governos que apóiam o terrorismo: Venezuela e Equador. E, mais uma vez, na prática, o governo do Brasil estará dizendo que se trata de democratas interessados numa suposta união da América Latina. É possível que representantes do peronismo de Cristina Kirchner compareçam. Cristina, a presidente da Argentina, é aquela que recebeu uma mala com US$ 800 mil enviados por Chávez e que mobiliza bandoleiros para atacar adversários e a imprensa do país.

Esses governos, como ficará claro pela enésima vez, obedecem a uma coordenação: o Foro de São Paulo. E, no Foro, Lula é estrela de primeira grandeza.

Ah, claro, vai ver escrevo isso tudo porque, dizem, sou de direita. Talvez a esquerda tenha uma boa explicação humanista para o PT dividir a mesa com terroristas e seus financiadores e apoidores.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".