por Gerson Faria em 18 de março de 2008
Resumo: Considerar Oscar Niemeyer como um "idiota útil" é ter muito boa vontade e falsear os fatos. Afinal, um idiota útil precisa ser pelo menos verossímil, e a retórica comunista do velho stalinista pode ser tudo, menos isso.
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Há um tipo de personagem patético no Brasil que, embora desconheça cabalmente o assunto de que trata, não se intimida e fala assim mesmo, confiando em uma cumplicidade na ignorância. Na maioria dos casos, adquiriu fama em outra área e sente-se autorizado a opinar, com a autoridade emprestada àquela. É um tal de engenheiro posando de sociólogo, arquiteto posando de sociólogo, cineasta posando de sociólogo, músico, ativista gay, apresentador de TV, que é difícil saber o que diferencia o sociólogo dessas outras atividades profissionais. Parece que basta emprestar a fama de outra área e está tudo bem. Pelo menos é nisso que esses personagens e seus apoiadores acreditam.
O caso do secular Niemeyer é exemplar. Sempre que pode e o dever chama, empunha sua caneta qual fuzil contra o “Império”, repetindo suas algaravias stalinistas sobre os rumos da humanidade e sua liberdade em risco iminente. Ora, precisa honrar o Prêmio Internacional Stalin para o fortalecimento da Paz entre os Povos, recebido em 1963.
Mas será que alguém ouve Niemeyer? Creio que se ouve Niemeyer por uma certa condescendência para com os senis, aquele tipo de respeito tocante para com alguém que já está visivelmente em outro mundo, diga o que disser.
O fato é que Niemeyer não se trata nem de um idiota útil. O mínimo que se espera de um tipo assim, o idiota útil, é que ao menos seja verossímil. E a verossimilhança requer um pouco de conhecimento da realidade, para poder falseá-la. Seu linguajar stalinesco dos anos 1930 creio não colaborar tanto à causa. O fato de Kruschev ter em 1956 denunciado o massacre stalinista parece ainda não ter credibilidade suficiente ao arquiteto emérito, depositando a culpa dos milhões de cadáveres da URSS ao “Império”, como gosta de se referir aos EUA. Ele não entendeu a política do PCUS da época. Não pode ser considerado um idiota útil. E por isso é devidamente idolatrado nos meios mais esclarecidos da nação, a saber, as escolas do MST e o Palácio do Governo.
Na Folha de S. Paulo de domingo, 16 de março, Niemeyer sai em defesa das Farc, afirmando em certa parte de seu artigo “Quando não devemos calar”:
“O tempo correu e, sem possuir a força para eliminar o movimento político já instalado no país, o governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na Colômbia”.
Talvez em 2030, 2050, o arquiteto se dê conta de que um seu conterrâneo, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, fora detido décadas atrás e, em uma gravação telefônica efetuada pela polícia, abrira o jogo sobre o papel das Farc no tráfico internacional de drogas. O mundo inteiro foi informado. Não me recordo de ter sido a transcrição publicada pela imprensa brasileira. Na colombiana foi e, por incrível que pareça, no jornal eletrônico Cambio, de Gabriel Garcia Marques, íntimo de Fidel Castro, como o arquiteto. O título da matéria era:
“La Confesíon de Fernandinho: CAMBIO revela la declaración grabada del narcotraficante brasilero socio de las Farc, que sirvió a EU para procesar a varios comandantes guerrilleros por negocios de cocaína”.
Isso foi em 14 de fevereiro de 2003. Acho que é por isso que Deus dá longevidade a Niemeyer. A esperança divina, sabemos, é infinita.
“La Confesíon de Fernandinho: CAMBIO revela la declaración grabada del narcotraficante brasilero socio de las Farc, que sirvió a EU para procesar a varios comandantes guerrilleros por negocios de cocaína”.
Isso foi em 14 de fevereiro de 2003. Acho que é por isso que Deus dá longevidade a Niemeyer. A esperança divina, sabemos, é infinita.
Comentário do Cavaleiro do Templo: responde esta adorador de assassinos!!!
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