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terça-feira, 25 de março de 2008

A Via Ocidental ou Antonio Gramsci na cabeça (literalmente)

Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Denis Rosenfield em 22 de março de 2008

Há “excesso de democracia” na Venezuela, diz o presidente Lula, no que é imediatamente seguido por seus assessores. Talvez haja excesso em suas palavras. Não há perigo, assevera ele. O perigo é relativo, sobretudo considerando a concentração de poderes em mãos de Hugo Chávez, que segue celeremente em seu projeto de instalar o socialismo, o autoritarismo, naquele país. O PT não poderia ficar atrás neste “momento histórico”, ao proclamar oficialmente que tudo se faz segundo os “trâmites da legislação”, ao justificar, por intermédio do fechamento da rede nacional RCTV, o sufocamento da liberdade de imprensa. Tudo é feito “democraticamente”, “legalmente”, mas com que democracia e legalidade estamos lidando?

Os equívocos na caracterização da experiência venezuelana residem na identificação, indevida, entre revolução socialista e uso da violência enquanto forma de conquista do poder. O socialismo foi tomado como sinônimo de um golpe militar ao estilo da tomada do Palácio de Inverno pelos bolcheviques na Rússia, da guerra civil na China ou dos assaltos a quartéis por Fidel Castro e Guevara, em Cuba. É como se não houvesse outro meio de conquista do Estado, voltando-o, aí, contra a sociedade. Há, porém, uma outra via, a “democrática”, de acesso socialista ao poder. Chamemos a primeira de via “oriental” e a segunda, de via “ocidental”.

A via oriental caracteriza-se pelo uso da violência, com um partido de vanguarda, centralizado, que segue as ordens de uma cúpula. A democracia é considerada por eles como uma superestrutura que deve ser eliminada, por ser um mero instrumento de dominação política da burguesia. A hierarquia partidária, cujo exemplo mais acabado é o Partido Bolchevique, sob as ordens de Lenin e, depois, de Stalin, com o beneplácito de Trotski, organiza os seus militantes segundo uma férrea disciplina, não deixando espaço para a crítica ou a reflexão pessoal. Com tal propósito, era necessário que uma ideologia suscitasse a adesão completa dos seus membros. O marxismo e, mais ainda, o marxismo-leninismo, ao prometerem uma sociedade socialista, a redenção da humanidade, preenchiam perfeitamente essa função. O seu manto moral humanista capturava as mentes incautas, provocando a adesão maciça de intelectuais. Até hoje observamos que o socialismo é dotado de uma aura, enquanto os seus críticos são considerados “hereges”, “imorais”, quase inumanos. Em nome do socialismo tudo era - e para alguns é - justificado.

A via ocidental de conquista do poder prescinde da violência explícita num primeiro momento, utilizando os meios democráticos para a captura do Estado e o controle da sociedade. Não nos podemos, no entanto, equivocar com a questão central: os meios democráticos são usados para destruir a própria democracia. Experiências desse tipo foram utilizadas na antiga Checoslováquia, onde a conquista do poder foi feita por meio de eleições, sendo, depois, os defensores da democracia descartados, inclusive fisicamente. Hitler, numa outra vertente, chegou também democraticamente ao poder, para destruir a democracia. Gramsci, por sua vez, teorizou sobre a conquista da opinião pública mediante o aparelhamento de escolas, universidades e redações de jornais enquanto meio de conquista do poder.

Trata-se de um erro crasso identificar a democracia com a realização de eleições. Eleições são uma condição da democracia, porém não a esgotam. Há outras condições tão ou mais importantes. Para que uma democracia se efetive é necessário: 1) Criar e manter condições para que a oposição, em minoria, possa chegar, por sua vez, ao poder; 2) o respeito ao Estado de Direito, o respeito às regras, que não podem ser mudadas segundo o bel-prazer dos governantes; 3) ampla liberdade de opinião, de organização e de manifestação; 4) independência dos Poderes, de tal maneira que haja um equilíbrio institucional; 5) a autonomia dos meios de comunicação, que não devem ser controlados e monitorados pelo Estado.

O que faz o ditador-presidente da Venezuela? 1) Restringe, cada vez mais, o espaço das oposições, passando, progressivamente, a criminalizá-las por exercerem a sua função; 2) destrói o Estado de Direito - com um Poder Legislativo submisso, o ditador-presidente passa a governar por lei delegada, tornando-se ele mesmo o Poder Legislativo; 3) sufoca a liberdade de opinião, surgindo o crime de delito de opinião, como o de falar mal do ditador-presidente ou de seus familiares - há hoje uma lei que permite processar os adversários, considerados, assim, inimigos, “criminosos”; 4) elimina a autonomia dos Poderes Legislativo e Judiciário, que passam a seguir as ordens do ditador-presidente; 5) monitora os meios de comunicação, controlados pela lei de delito de opinião; alguns são estatizados, de modo que as vozes discordantes se calem.

No sentido estrito, o que se chama de populismo latino-americano, para caracterizar o projeto que está sendo vivido pela Venezuela, pela Bolívia e pelo Equador, deveria ser mais apropriadamente denominado “transição para o socialismo”. Uma vez que se vençam as etapas de eliminação da democracia representativa, os próximos passos, que começam a ser dados, concernem à estatização dos meios de produção, iniciando por aqueles que são tidos por estratégicos. É o caso dos setores de energia em geral, com especial atenção ao petróleo e gás, e de telecomunicações, incluindo companhias telefônicas e redes de televisão. É também o caso da propriedade da terra, com expropriações ou desapropriações em curso, etapa já inaugurada na Venezuela e na Bolívia. A estatização de alguns meios de produção, seguindo o linguajar marxista, vem acompanhada do discurso do resgate de injustiças milenares. Não deve, portanto, estranhar a sedução que esse projeto exerce sobre várias tendências do PT, o PSOL, o MST, a CUT, a CPT e outras organizações similares.

Não há perigo?

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".