segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Roberto Moraes Enviou
Artigo do Companheiro
Rogério Jose Brandão – Médico Cancerologista
RC Recife Boa Vista
Sala de Leitura
É no mínimo estranho o posicionamento do governo federal em relação à pretensão dos médicos cubanos em pleitear equiparação aos formados nas universidades brasileiras.
Existem grandes diferenças entre as grades curriculares dos cursos médicos nas universidades brasileira e cubana, o que é natural, pois vivemos realidades e necessidades diferentes. Além disto, se comete uma injustiça aos graduados pelas nossas universidades. O aluno do curso médio brasileiro que deseje se tornar um futuro médico, sabe que disputará um concorrido vestibular onde só os melhores entre os melhores serão aproveitados.
Isto faz com que estes alunos geralmente estudem mais e se destaquem entre os seus colegas. Nas melhores universidades ficarão os melhores alunos, esta é a regra. A seleção entre os melhores continuará após a graduação, nos concorridos concursos para residência médica e assim por diante. Qual a origem dos formados pela universidade cubana? De onde vieram estes alunos, quais foram suas notas durante o ensino médio, qual a classificação nos vestibulares brasileiros? Como foi a sua formação técnica e ética? É comum se encontrar um aluno brasileiro de medicina estudante em países como Cuba ou Bolívia, após vários anos seguidos de reprovação nos vestibulares no brasileiros!
Por que a um médico brasileiro formado em Harvard, Oxford, Yale, Princeton etc, é exigido testes de qualificação antes de se conferir a equiparação e aos formados em Cuba esta avaliação pode ser dispensada? Seriam as universidades cubanas superiores a estas tradicionais escolas? Estas questões merecem uma reflexão, pois o verdadeiro interesse não é mérito científico e acadêmico e sim o político. Querem beneficiar pessoas que vão estudar em Cuba levadas por movimentos sociais e sindicais, pessoas que não se qualificaram nos teste de acesso exigido a todos os brasileiros que aqui estudam. Não se pode aceitar como justificativa a recente declaração do ministro da saúde que estes médicos atuarão nos mais distante ricões, onde o médico brasileiro não quer ir trabalhar. Isto não é verdade, pois ao se equiparar os formados em Cuba aos médicos brasileiros, estes terão acesso aos mesmos privilégios que temos, aos mesmos direitos que conquistamos por mérito. Se tiverem oportunidades, e aqui não posso deixar de pensá-los como oportunistas por escolherem um acesso direto à universidade, sem mérito, escolherão trabalhar nos melhores centros, que igualmente lhes dão aos melhores condições de trabalho, crescimento e desenvolvimento profissional. A questão básica é esta: se não desejamos trabalhar em grotões subdesenvolvidos é porque nestes locais não nos são oferecidos às mínimas condições de trabalho dentro da dignidade exigida para o exercício da medicina. A um profissional qualificado, é necessário se oferecer salário compatível, oportunidades de exercer a profissão dentro da plenitude dos conhecimentos incorporados, além de condições de crescimento e desenvolvimento profissional. Os locais que oferecem tais condições, não carecem de médicos. Ao se tentar corrigir um problema pelo topo da pirâmide, se cria um problema pior, pois ao pobre coitado que mora nos locais distantes e inóspitos será oferecido um médico de formação duvidosa, não aprovado pelo sistema vigente de educação do país, aceito apenas por condição e conveniência política. O sistema de avaliação deve ser preservado, para o bom nome da medicina.
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