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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Esta vai para o "cabo" Anselmo: Antiexemplo

DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
15th setembro 2011 written by Paulo Nogueira



Eu no final dos anos 1980: Conti pareceu ter ficado terrivelmente incomodado com o fato de que fui cotado para substituí-lo na Veja
Recebo de um leitor uma carta assustada.
Ele pede para não publicar seu nome. Quer, basicamente, que eu analise o texto de Mario Sergio Conti, que ele admira intensamente desde que leu o livro “Notícias do Planalto”. Nesse livro, Conti narra bem a seu estilo – com veneno, credulidade, bajulação e auto-reverência maldissimulada – a queda de Collor. Na época, ele era diretor da Veja. Não demorou muito, foi despedido pelo acúmulo de absurdos editoriais cometidos quando teve poder.
Demorei semanas para responder porque não tenho a menor admiração por ele, com quem convivi à distância na Veja nos anos 1980. Segui meu caminho depois, ele o dele – e quase nos cruzamos quando fui cotado fortemente para substituí-lo. Ele ficou tão incomodado com isso que conseguiu me colocar em “Notícias do Planalto” de uma forma estupidamente forçada. Eu teria sido pivô de um desentendimento entre os diretores da Veja, os mitológicos JR Guzzo e Elio Gaspari.
Não me lembro de ter visto outro editor, em minha carreira, que usasse o poder tão acintosamente para perseguir os inimigos, bajular os amigos (mais do cargo que dele) e fazer alpinismo social. Tudo isso faz dele um antiexemplo. Nas escolas de jornalismo, deveria haver uma disciplina que ensinasse os alunos a não fazer nada que Conti fez.
Conti conseguiu dizer, por exemplo, numa matéria sobre meio-ambiente, que era uma pena derrubar árvores para publicar livros como os Caio Fernando Abreu. Ele mandava tratar João Gilberto com uma deferência abjeta, porque queria virar “amigo” dele, e Caetano Velloso era chutado por motivos distantes de sua qualidade musical. Na Veja São Paulo, uma ordem de Conti impedia que se publicasse o nome de Otavio Frias Filho na resenha de sua peça Rancor.
Conti atingiu o pináculo da canalhice quando, em seu livro, caluniou o homem que o colocou na direção da Veja, JR Guzzo. Guzzo é o maior editor de revistas da história do jornalismo brasileiro, e Conti é o que é – o editor de uma revista pretensiosa, inútil e sem rumo financiada não pelos leitores ou pelos anunciantes, mas por um milionário. Só o assombroso atraso cultural brasileiro pode explicar o relativo prestígio da Piauí diante de um pequeno público que se considera de elite.
Minha lembrança mais marcante é a risada esquisita e barulhenta que Conti reservava para as piadas dos chefes. Para os subordinados, seu humor era bem menos exuberante. Conti despediu a então jovem Míriam Leitão – que imagino que seja grata por isso a ele – depois que ela terminou a última legenda num fechamento de sexta-feira quando já era, como de costume, alta madrugada.
O leitor quer saber especificamente do texto de Conti. Não acho nada. Ele põe as vírgulas no lugar e não erra concordâncias, mas está longe de ter uma prosa com personalidade, inspiradora, exemplar. Alguém se lembra de um único texto dele? Como redator, Conti é, essencialmente, um copidesque.
Costumo indicar leituras para os jornalistas jovens.
Para este eu diria: vá ler quem pode, efetivamente, ajudar você a ser um bom redator. Leia Machado, Eça, Nelson Rodrigues, Rubem Braga. Veja como eles juntam palavras e encantam quem lê. Anote as frases que mais o impressionam.
Quanto a Conti, aprenda com ele o que não fazer – e isso fará de você um jornalista melhor e um ser humano mais íntegro.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".