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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Por uma contrarrevolução dos costumes

Fonte: OBSERVATÓRIO DE PIRATININGA
SÁBADO, 9 DE JANEIRO DE 2010


TIBIRIÇÁ RAMAGLIO


No mesmo “Elogio da mansidão” a que aludi em post anterior (4/01), o filósofo Norberto Bobbio faz também uma jocosa poderação acerca do moralismo em nossos tempos. Diz ele que, “na sociedade do bem-estar, o moralista é considerado no melhor dos casos um desmancha-prazeres, alguém que não sabe se divertir, não sabe viver”. Segue adiante numa constatação implacável: “Quem quiser silenciar o cidadão que protesta e ainda tem a capacidade de se indignar, diga que ele não passa de um moralista. É um expediente fulminante”.

Confirmando o que afirma o filósofo, lembro-me dos tempos em que eu militava na OSI (Organização Socialista Internacionalista), a famigerada Libelu, que promovia anualmente um Congresso cujas resoluções deveriam ter força de lei para o período consecutivo. Num deles, o único de que participei – pois a minha permanência na agremiação, graças a Deus!, foi breve –, discutiu-se exaustivamente a liberação do consumo de maconha pelos militantes, o que era proibido pelo estatuto da organização. Contrário à proposta, que acabou por derrotar mediante uma tenaz aplicação do centralismo democrático, o Comitê Central fez sempre questão de esclarecer que não se posicionava assim por moralismo. Tratava-se de uma questão de segurança: para um organismo que vivia na clandestinidade, era um risco a mais ter um militante preso por porte de droga.

O repúdio ao moralismo, considerado a mais acabada expressão da mentalidade burguesa, provavelmente assumiu um caráter programático a partir da chamada revolução dos costumes dos anos 1960, que preconizava o amoralismo, enquanto seus militantes se entregavam à prática da imoralidade, promovendo simplesmente uma inversão de valores, na impossibilidade de obter sua superação. Ou existe dúvida de que a exaltação do sexo, hoje, é somente a contrapartida da repressão que a antecedeu? O consumo de Viagra por adolescentes como forma de turbinar seu desempenho deixa evidente que a mentalidade moderninha dos pais e as aulas de educação sexual à moda Marta Suplicy não valem nada.

Ao contrário do que atualmente se tornou senso comum, o moralismo não pode ser encarado como conformismo ou hipocrisia, como “consideração moral inconsistente por estar separada do sentimento moral, por ser baseada em preceitos tradicionais irrefletidos ou por ignorar a particularidade e a complexidade da situação julgada”, de acordo com o dicionário. Até porque os “preceitos tradicionais irrefletidos” talvez não sejam tão irrefletidos assim. Nessa nossa sociedade do bem-estar, a que Bobbio alude, onde o prazer se tornou dever e o gozo uma obrigação, onde todo mundo afirma ter direitos e ninguém imagina ter deveres, é sem dúvida imensa a necessidade de moralistas, de quem faça o elogio ou pelo menos a apologia da virtude e das virtudes. Seria fantástico ouvir, por exemplo, uma voz que se erguesse, em meio ao coro histérico do hedonismo consumista contemporâneo, proclamando a superioridade da temperança.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".