O notável artigo do Demétrio Magnoli, publicado no Estadão de hoje (Os vitoriosos de hoje), me levou a meditar sobre a mentira de vitimização que as esquerdas repetem sem cessar e que está de novo na boca de Frei Betto: "As vítimas de ontem são os vitoriosos de hoje. Elas não se envergonham de mostrar a cara e manter viva a memória nacional, ao contrário dos torturadores, que trafegam pelas sombras e insistem em negar o que fizeram." Dizer que aqueles que jogaram bombas, mataram friamente prisioneiros, sequestraram, roubaram e – o maior dos crimes – tentaram instaurar uma ditadura comunista com apoio de Cuba e da ex-URSS foram vítimas é falsificar a história, distorcer palavras e fatos.
As Forças Armadas deram combate aos guerrilheiros por dever constitucional, por imposição das circunstâncias. Tão logo venceram instauraram o regime democrático. Em gesto magninâmico permitiram que seus inimigos de sempre se integrassem na vida nacional. O gesto, todavia, servia meramente de apoio para a vingança muitas vezes repetida, que se manifesta no achincalhe das instituições militares, na provocações, nas indecentes indenizações pelos crimes perpetrados.
Não foram vítimas, os militantes agressores das organizações de esquerda. Foram agressores, de armas na mão. Colocaram-se contra a ordem estabelecida. Viraram inimigos do Estado e do povo. Digam o que disserem, mintam como quiserem, estes são os fatos. Jamais tiveram uma vitória militar que fosse. Tiveram vitórias eleitorais por usarem os métodos de propaganda os mais espúrios, a manipulação retórica mais mentirosa.
Ao contrário do Demétrio Magnoli não creio que as Forças Armadas façam parte desse condomínio de poder. Os quartéis são ainda a cidadela a ser conquistada pela malta esquerdista. Eles não escondem isso. Sim, a última cidadela, mas elas têm o que as esquerdas não têm; armas de guerra e organização. Daí o ressentimento estampado na retórica beligerante de Frei Betto.
Na verdade, as esquerdas não podem conquistar as Forças Armadas porque elas representam um outro mundo, muito diferente daquele por elas almejado. As Forças Armadas são constituídas por uma forma genuinamente aristocrática e meritocrática de recrutamento dos seus quadros. São adminsitradas de forma aristocrática também. Talvez sejam o último reduto aristocrático nesse mundo enganoso e insidioso de democratismo deletério. Água e vinho. As esquerdas intuitivamente demostram que precisam vencer no campo militar seu sempiterno inimigo militar. Não sabem, todavia, nem como fazê-lo e nem o tempo de fazê-lo. Ainda não podem vencer as Forças Armadas no seu campo.
O recente enfrentamento criado pela tentativa de rasgar a Lei da Anistia é só mais um round nesse processo, que se agrava e se afunila. As esquerda estão convidando os generais para o confronto. Penso que poderão ter o que querem. Um dia a onça cutucada dará o bote.
Veja, caro leitor, que o movimento no Brasil está em sincronia com o mesmo movimento levado a efeito nos demais países sob a bandeira do Foro de São Paulo. Nada é por acaso. As esquerdas não mais escondem da opinião pública que querem o poder total. Para tanto, terão que dobrar os indobráveis militares. O confronto será inevitável. Neste ano de sucessão eleitoral muita água poderá rolar nesse front.
Frei Betto tem razão ao dizer que as esquerdas não se envergonham de nada, pois são desavergonhadas. Deveriam ter vergonha de sua ação política, de antes como de agora. Mas elas são impermeáveis à moralidade. São amorais. Movem-se unicamente na busca do poder total. Os fins justificam os meios, na sua ótica torta e alucinada. É a lógica satânica que tem sido o combustível revolucionário em toda parte onde os alucinados percebem a chance de chegar ao poder total.
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