por Gerson Faria em 5 de janeiro de 2010
H
á tempos o discurso oficial da mídia (por estranho que possa parecer a mídia possuir um) é que existe muito mais gente na Terra do que deveria. Não vai ter comida para todo mundo. Não vai ter água para todo mundo. Não vai ter espaço para todo mundo. Não vai ter emprego para todo mundo.
á tempos o discurso oficial da mídia (por estranho que possa parecer a mídia possuir um) é que existe muito mais gente na Terra do que deveria. Não vai ter comida para todo mundo. Não vai ter água para todo mundo. Não vai ter espaço para todo mundo. Não vai ter emprego para todo mundo.
Um dia desses, ouvindo a rádio CBN, o repórter da BBC Brasil afirmou que se cada chinês comesse um frango além da cota normal, haveria escassez mundial de frangos. E fui levado a pensar: esses chineses são todos uns vagabundos pois não são capazes nem de criar frangos! Ora, tal afirmação da BBC parece considerar o ser humano um fardo, um pouco mais que um parasita. Se os chineses não são os maiores produtores de frango talvez seja porque têm um Partido Comunista nas costas, esse sim um fardo, que considera o povo como parasita.
Veja a contradição aparente: se o país é um grande produtor de alimentos, ele é culpado por prejudicar a flora nativa e um sem número de espécies hipotéticas em risco de extinção, por desmatar e por colaborar com o imaginário aquecimento global. Ao mesmo tempo, o discurso é montado sob o risco de falta de alimentos para todos, o que é uma teoria já muitas vezes ultrapassada. Liste os países em que a fome é endêmica e encontrará governos tiranos no mais das vezes detentores de toda a riqueza para si e para a própria família. E encontrará a ONU impedindo esses países de se desenvolverem economicamente, apoiando tais tiranias.
“A fome no mundo” já deixou de ser argumento plausível há muito tempo. Somente a ONU ainda utiliza esse artifício de linguagem, sabendo-o falso, que tanto impregna os corações das crianças e professoras do jardim da infância, quando assistem na TV imagens daquelas crianças com ossos visíveis sob a pele macilenta, cheia de moscas.
, o fazendeiro australiano que está em greve de fome desde 23 de novembro de 2009, tem um bom motivo, embora o governo afirme ser inútil. Com a finalidade de cumprir as metas de Kyoto de emissão de gases de efeito estufa reduzindo-as em 22%, o governo australiano bloqueou o desflorestamento de sua fazenda e a de todos os australianos com vistas ao plantio de alimentos ou outra atividade produtiva, obrigando-os a manter as plantações nativas, como “captadores de carbono”. Peter Spencer
Peter afirma que o Governo Federal declarou seus 5385 hectares propriedade do crédito de carbono sem compensá-lo por isso. Peter nunca quis desmatar sua terra, mas sob a lei de manuseio da terra sua propriedade inteira foi descartada de qualquer forma de desenvolvimento.
Expropriação é a palavra correta. Sob a Constituição, o Governo não pode tomar a propriedade de ninguém a não ser sob condições justas, afirma.
Peter alojou-se a dezoito metros do solo, em um poste de medição meteorológica, em sua propriedade, no sudeste de New South Wales e afirma que não sairá de lá se a democracia e a moralidade não forem restabelecidas no governo da Austrália.
Embora a legislação de cap-and-trade tenha sido derrotada no Senado australiano [2], uma legislação estadual de New South Wales é que vigora no caso de Spencer [3]. Uma intensa lista de discussões sobre o tema se encontra aqui.
Pergunta: está o governo australiano, seguindo à risca o IPCC/ONU, preocupado com a “fome no mundo”?
Sobre o mesmo tema, o Washington Times de 29 de dezembro último traz matéria com a seguinte chamada:
O Secretário de Agricultura [dos EUA] Tom Vilsack ordenou à sua equipe que revise o modelo computacional que mostrou que de acordo com a legislação climática apoiada por Obama, o plantio de árvores será mais lucrativo que a produção de alimentos.
Segundo essa legislação, se uma companhia emitir mais “gases de efeito estufa” do que o permitido pela legislação (cap) ela terá de adquirir créditos de empresas que mantiveram suas emissões abaixo do nível permitido. Uma outra forma de se manter em conformidade com a legislação é adquirindo créditos de companhias que investem em atividades de redução de gases. Créditos desse tipo são chamados “carbon offsets” e têm como origem as florestas e o plantio de árvores.
A “Cap and Trade Bill” (aprovada pela Câmara no governo Obama, ainda dependente de aprovação no Senado [4]) é um documento de 1200 páginas, contendo uma imensa série de provisões chegando ao detalhe de o proprietário de uma casa não poder sequer vendê-la se a mesma estiver fora da regulamentação de “emissão de carbono”, seja lá o que isso queira dizer. O proprietário terá de investir dinheiro para readequar sua residência, alimentando compulsoriamente a nova e ambiciosa indústria verde e mais, o governo ainda lhe cobrará para emitir o certificado de adequação ambiental. Muita discussão ainda irá ocorrer, ainda mais a partir de agora, quando um imenso esquema de corrupção foi descoberto pela Europol no mercado europeu de emissões lançado em 2005 [5].
Dado que os limites de emissão têm origem política e são deliberados por grupos de interesse pintados de filantropos, o modelo nunca deverá permitir que se atinjam satisfatoriamente os tais níveis de emissão pois o mercado de créditos tenderia a se estagnar. Os novos investidores desse mercado não verão com maus olhos maiores restrições, significando maiores lucros.
Parece claro que se essa legislação se tornar global, aquilo que entendemos como “latifúndio improdutivo” tenderá a se generalizar, fazendo com que a simples posse de terras se torne uma atividade altamente lucrativa e a produção de alimentos poderá ser no mínimo economicamente inviável e, no máximo, considerada crime contra a humanidade.
No caminho, com o controle completo da ação humana, com a satanização das vacas e porcos, das fazendas e das indústrias, gerando assim imensas áreas de terra improdutiva para uso como reserva de carbono, a profecia da “fome no mundo” poderá até se realizar, como almejada pela ONU.
E o Brasil, sinalizando aceitar sozinho uma agenda dessa natureza, mostra que em vez de estar com os pés fincados na realidade feroz da política mundial, faz papel do corajoso otimista que na hora final dá o pescoço alheio, o do seu povo. Basta lembrar a facilidade com que o país entregou refinarias de petróleo e expropriou fazendas para imaginar o que ele fará para cumprir metas globalistas.
Notas:
[1] Assista à peça cinematográfica da abertura da Conferência Copenhagen 15 e veja que não há exagero em afirmar que a política contemporânea do clima é pura chantagem emocional direcionada à mentes infantis e infantilizadas.
[2] No Wall Street Journal (8/dez): O Senado australiano derrotou na semana passada a legislação cap-and-trade apresentada pelo primeiro ministro Kevin Rudd, principalmente pelo potencial de destruir empregos nas companhias de carvão do continente.
[3] Projeto estadual de New South Wales de Gerenciamento de Florestas Nativas : http://www.environment.nsw.gov.au/vegetation/nvmanagement.htm
[5] Operando há 18 meses e consumindo em torno de US$7.4 bilhões em evasão fiscal, foi descoberta uma imensa rede criminosa que se utilizava das brechas legais abertas por esse mercado virtual de emissões. O esquema foi equiparado ao famoso esquema Ponzi. Um crítico afirma: “esse é o problema que surge quando políticos tentam criar um mercado para algo em que o livre mercado não credita valor. Um mercado de comércio de emissões é um mercado criado politicamente, artificialmente...”
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