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segunda-feira, 11 de maio de 2009

O que Há de Errado com as Ações de Inclusão Social

LIBERTATUM
Por Klauber Cristofen Pires


Certa vez, já faz algum tempo, assisti a um programa televisivo, destes politicamente corretos, a apresentar uma oficina na qual jovens aprendiam a construir instrumentos musicais, especialmente os de corda, tais como violões, violas e violinos. Salvo engano, a madeira de que se utilizavam era composta por desprezos de serrarias e construções.

O esmero com que os mestres e os alunos se aplicavam no uso das ferramentas e no preciosismo dos detalhes em cada curva a sofrer uma apara ou polimento sugeria, de fato, uma terna imagem aos telespectadores, simultaneamente à voz do narrador, que informava sobre a situação pregressa dos jovens, oriundos das camadas populares e que então teriam sido salvos da “exclusão social”.

Às vezes, é muito difícil lidar com certos temas, pelo fato de que os termos são postos com uma indiscutível qualidade visual e transmitidos com uma tal carga emocional que aos leigos passa como certa, e aos candidatos a questionadores, sobram-lhe apenas os apupos. Desde aquele dia em que assisti a esta reportagem sobre a questão da inclusão social os meus instintos libertários têm acionado periodicamente a luz amarela, a esperar pelo momento apropriado e pelas palavras mais cabíveis para o enfrentamento da questão.

Começo portanto com cuidado, já preventivamente me defendendo: não sou contrário a nenhuma ação, seja movida por um indivíduo ou por uma associação qualquer de indivíduos (vá lá, uma... “ong”...) que ajude jovens a adquirirem um ofício ou conhecerem alguma arte. Muito pelo contrário! Como tenho dito, o exercício da liberdade das pessoas para que, sozinhas ou em conjunto, dediquem-se a qualquer fim que aos seus olhos lhes pareça nobre, importante ou útil, é a própria essência do pensamento liberal.

O fio da meada aqui não está sobre se tal ajuda deve ser prestada, mas sim em COMO deve ser realizada. Refiro-me ao que devo chamar aqui de “via burocrática”. Eis o problema: estas oficinas, mantidas por ONG’s ou pelos governos federal, estadual ou municipal, apresentam a “via burocrática” como a solução que entendem ser a correta. Já explico.

Em tais organizações sociais adeptas da “via burocrática”, os jovens (ou qualquer categoria da população que seja o objeto dos cuidados de uma ONG ou órgão público) são ensinados conforme o modelo de uma eventual sociedade socialista. No caso da nossa fábrica de instrumentos musicais, o “gordo” do orçamento de tal instituição não provém da venda dos instrumentos, mas de doações e repasses governamentais; o resultado do trabalho, portanto, pode ser uma produção não necessariamente comprometida com o atendimento das necessidades e dos gostos da clientela, cujos produtos são por ela comprados mais com o afã de ajudar do que em adquirir algo de qualidade.

Tais produtos, na verdade, são vendidos em caráter de privilégio, sufocando as firmas comuns pela concorrência desleal, e que, as mais das vezes, gozam de isenções fiscais, podendo até mesmo ser oferecidos a preços simbólicos, somando-se assim à própria condescendência psicológica por parte dos consumidores, advinda do fato de ser um produto do qual não se esperam os padrões de qualidade normalmente exigidos.

Aproximemo-nos um pouco da vida de vários notáveis empresários brasileiros e estrangeiros. Muitos deles não tiveram tempo para ilustrar as suas vidas com uma cultura de grande erudição; porém, aprofundaram-se ao máximo naquilo que lhes fez notórios experts: o atendimento das necessidades dos seus respectivos clientes. Esta meta pessoal, a conseguiram cumprir sem muitos erros porque desde cedo, quando eram apenas vendedores, artesãos ou contínuos, já lhes eram apresentados os problemas, os desafios e as conseqüências dos seus fracassos tais como o eram em realidade, isto é, sem uma redoma que os protegesse - e isolasse – do mercado, tal como os que hoje cobrem as vidas dos inocentes aprendizes.

Atualmente, exemplos deste fenômeno são encontrados em cursos de idiomas e de direção de automóveis. Estes casos são bem-sucedidos porque, distante da questão trabalhista ou inclusionista, o governo ainda não atentou para aplicar-lhes semelhante intervenção. Note o leitor como, já no primeiro dia de aula, o aluno deve aprender a comunicar-se na língua objetivada, por mais que a desconheça, bem como sair com o carro e já ir enfrentando o trânsito comum de sua cidade, por mais que alegue jamais ter pego antes em um volante. Quem aprende a falar inglês de-va-ga-ri-nho, jamais dominará o idioma anglo-saxão, assim como correrá o risco de sofrer um grave acidente aquele que, tendo aprendido a conduzir em uma estrada deserta, for jogado no fogo de um trânsito intenso de uma grande cidade.

O mote das entidades públicas e privadas que promovem as ações de inclusão social é o de que o mercado gera os excluídos, e elas, claro, os redimem para a sociedade, o que, sabemos nós aqui, não será feito de outro jeito que não seja pela “via burocrática”. Nada mais falso. É sempre o estado (lembre-se: inicial minúscula neste safado!) que gera o que chama de “exclusão social”. A Consolidação das Leis do Trabalho, por exemplo, possui 922 artigos; nenhum deles garante um emprego, mas todos eles consistem literalmente em alguma proibição de contratar. O salário mínimo também gera este efeito, assim como farta legislação legal ou infra-legal aqui não citada.

Estas oficinas de inclusão social hoje abrangem a confecção de roupas, de sapatos, de vassouras, sabão e detergentes, de brinquedos, de informática e um sem-número de outras atividades que são executadas também pela iniciativa privada, mas com as diferenças de que nestas os “inclusos” - chamemo-los assim - precisam cumprir horários, responder por quebras ou faltas, produzir com rapidez e qualidade, recolher impostos, pensar e propor melhorias, estudar ou produzir mais para galgarem promoções e se esforçar por tratar os clientes com a maior doçura. Em compensação, recebem salários e promoções, e se sentem orgulhosos e autoconfiantes por receberem pelo suor dos próprios esforços.

Em suma, o mercado produz profissionais independentes e interessados em servir à população, enquanto as oficinas de inclusão social tendem a formar aprendizes eternos, dependentes do estado para tudo na vida; burocratas mesmo, no sentido estrito do termo.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".