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terça-feira, 25 de novembro de 2008

INSTITUTO LUDWIG VON MISES BRASIL
 

Por Mark Thornton

 

rothbardcoinageEis as minhas respostas a um jornalista que fez as seguintes perguntas:


1) De que maneira os bancos centrais contribuem para os problemas que vemos atualmente?


Foi o banco central americano quem criou o problema atual. As baixas taxas de juros e a garantia real de que ele socorreria financeiramente todos os bancoscausaram a bolha imobiliária que, por sua vez, estimulou coisas como reduções no padrão de qualidade dos empréstimos, títulos lastreados em hipotecas e corrupção financeira.


2) Os governos ou os bancos centrais poderiam ou deveriam fazer alguma coisa para impedir o colapso do sistema bancário, a essa altura? Por que não?


Não, eles não deveriam fazer coisa alguma - exceto cancelar suas operações de socorro e retornar suas políticas ao normal. No melhor dos mundos, eles seriam extintos.


3) Quais serão as conseqüências das contínuas tentativas das autoridades de impedir mais quebras bancárias e o conseqüente congelamento dos mercados de crédito?


Políticas de salvamento financeiro são exatamente as medidas que transformam recessões normais em depressões. Veja os EUA nos anos 1930 e 1970 e o Japão durante toda a década de 1990. Em todos esses casos, cada governo empreendeu agressivas políticas de resgate financeiro designadas para salvar acionistas e administradores, sustentando-os com crédito farto e com políticas criadas para manter os preços artificialmente elevados. Essa foi uma das principais causas da duração e severidade da Grande Depressão. Em um exemplo típico de como o estado entende tudo ao contrário, o governo federal presumiu que a queda dos preços foi o que causou a depressão, quando na realidade a queda nos preços foi a conseqüência da depressão, e era algo necessário para se restaurar o equilíbrio econômico. Em suas tentativas de manter os preços agrícolas elevados, o governo federal começou a pagar agricultores para destruir suas plantações, enquanto pessoas desempregadas se amontoavam em estabelecimentos públicos em busca de um prato de sopa.


4) Um mundo sem bancos centrais é possível ou desejável? Por favor, explique.


Bancos centrais não apenas são desnecessários, como também são nocivos. É possível e desejável eliminá-los. Algumas de suas funções poderiam ser geridas por instituições de mercado, tais como as câmaras de compensação, por exemplo. A determinação das taxas de juros poderia e deveria ser feita também pelo mercado. Uma inflação persistente e errática da oferta monetária não é algo desejável, de forma que a incumbência dessa função aos bancos centrais seria eliminada e o controle da oferta monetária seria devolvido ao mercado na forma de mineração de ouro e prata, o que é algo muito consistente e difícil de ser manipulado, uma vez que é necessário haver "dinheiro real" para financiar a escavação de metais preciosos.


5) Como a ausência de um padrão-ouro contribui para o problema?


Um padrão-ouro é a parte mais importante da solução porque amarra as mãos do governo, impedindo-o de praticar déficits e de inflar a oferta monetária. Não obstante, o sistema bancário de reservas fracionárias também contribui enormemente para o problema da instabilidade monetária, da inflação e dos ciclos econômicos. É necessário abolir o sistema de reservas fracionárias para os depósitos em conta-corrente (depósitos contra os quais se pode emitir cheques) e retornar às leis relacionadas a depósitos e armazenagens que existiam antes do advento dos bancos centrais e que de fato continuam existindo hoje para todos os contratos que envolvem a armazenagem e a guarda temporária de qualquer bem. Isso significa que cada dólar depositado em conta-corrente teria de ser mantido como reserva pelo banco. Não haveria exigência de reservas para depósitos a prazo, como aplicação em títulos, certificados de depósito, entre outros. Isso acabaria com a alavancagem e a instabilidade do sistema monetário.


6) Como se poderia impedir que o padrão-ouro fosse abandonado aos primeiros sinais de problemas sérios, como foi o caso no passado - e também quando vários países tentaram atrelar suas moedas ao dólar americano?


O Tesouro e o Banco Central não deveriam ter a permissão de emitir papel-moeda sem qualquer lastro, apenas moedas de ouro e prata; e cunhadores privados também deveriam poder emitir moedas de ouro e prata, o que faria com que a oferta monetária fosse determinada pelo mercado (e também faria com que a proporção entre metais preciosos para uso monetário e para outros usos, como para a indústria, estivesse sempre em harmonia). Um padrão-ouro genuíno é aquele sistema baseado em moedas-commodity - cujo exemplo prático mais próximo foi aquele que existiu até 1913 -, e não um sistema baseado exclusivamente em trocas internacionais de ouro, como o que existiu entre 1933 e 1971, sistema esse que permite que o Tesouro e o Banco Central manipulem a oferta monetária.


Mais especificamente, o dólar deveria ser fixado em um peso determinado de prata, porque foi assim que o dólar surgiu no mercado (o ouro era usado como dinheiro em transações mais altas, mas os EUA só entraram num padrão-ouro porque os britânicos tomaram decisões monetárias ruins quando estavam em um sistema de razão fixa entre ouro e prata, o que fez com que a Lei de Gresham[*] entrasse em efeito). Não deveria haver uma razão fixa entre ouro e prata, e as pessoas deveriam ser livres para utilizar ambos como moeda. Cheques e cartões de débito continuariam existindo; aliás, os cartões de débito poderiam automaticamente transformar os valores em ouro depositados em conta-corrente em valores em prata para quaisquer tipos de compras. Esses princípios básicos deveriam ser escritos em todas as constituições de modo a bloquear as ações dos governos e não impedir as inovações do mercado.


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Mark Thornton é um membro residente sênior do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, e é o editor da seção de críticas literárias do Quarterly Journal of Austrian Economics. Ele é o co-autor do livroTariffs, Blockades, and Inflation: The Economics of the Civil War e editor de The Quotable Mises e The Bastiat Collection.


[*] A lei de Gresham - em homenagem ao financista e comerciante inglês Thomas Gresham - diz que o dinheiro ruim expulsa o dinheiro bom de circulação. Ou seja: em um sistema monetário em que há mais de uma moeda em circulação, a moeda de valor inerente mais baixo (uma moeda artificialmente valorizada) será a preferida para ser usada como moeda corrente, ao passo que a moeda de valor inerente mais alto (aquela que está artificialmente desvalorizada) será estocada para ser usada apenas em eventualidades ou contingências.

 

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".