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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Crédito e livre comércio: saindo da pobreza

Do portal ORDEM LIVRE
por Renato Lima

O agricultor Abdias Nunes Gonçalves, 42 anos, é um dos 14 filhos que receberam um pequeno pedaço de terra em Petrolina, sertão do São Francisco, Nordeste do Brasil. A área, que tinha 2,6 hectares, nunca daria para sair da pobreza. Entretanto, depois de muito esforço, Abdias conseguiu comprar a parte dos irmãos e tem a posse da terra. Agora, com o título de propriedade, ele não tem dúvida de que trilhará um caminho de prosperidade.

“Antes essa terra aqui era de herança, ninguém tomava conta. Agora eu consegui comprar a parte dos meus irmãos e estou zelando”, me contou. Eu estava lá para fazer uma avaliação das experiências de microcrédito nesta região do país, a mais pobre do Brasil. E me deparei com um exemplo perfeito de que, antes de a expansão de crédito funcionar como alavanca de oportunidades, o direito de propriedade é vital para o estímulo ao trabalho e acumulação de riqueza.

Abdias pode nunca ter lido Adam Smith, Milton Friedman ou Richard Pipes. É um homem simples, mas com grande simpatia e vontade de trabalhar. Ele sabe na prática a importância dos conceitos esmiuçados por esses pensadores. A região do São Francisco fica no meio do semi-árido brasileiro, mas vem desenvolvendo sua agricultura através da irrigação e do mercado externo. Abdias tomou crédito justamente para irrigar sua pequena propriedade, hoje com 12 hectares. Ele teve o cuidado de separar parte da produção para culturas de ciclo curto, como cebolinha e melancia, que vão render dinheiro mais rápido. E a outra parte dedicou a culturas de maior valor, que poderão ter como destino o mercado europeu ou japonês. Isso porque é do Vale do São Francisco que a maior parte das frutas tropicais do Brasil são exportadas, como manga, coco e goiaba.

Sua casa ainda está em construção, e a televisão e o sofá para a sala ele espera comprar após a primeira safra. Neste mundo globalizado, se a União Européia criar uma barreira à entrada de frutas tropicais do Brasil, isso afetaria diretamente a renda deste pequeno agricultor e os seus sonhos de consumo.

Como nos lembra Hernando de Soto, a concessão de títulos de propriedade privada foi um dos segredos de o capitalismo ter dado certo no Ocidente. Os pobres têm ativos, lembra o professor peruano, mas a falta de propriedade faz com que esse capital fique morto, não se replique. E é o livre comércio que permitirá que a produção de Abdias chegue à mesa de um consumidor japonês ou europeu, que poderá comprar uma fruta tropical a uma qualidade e custo mais baixo. Os dois lados saem ganhando.

O Nordeste do Brasil é onde o microcrédito mais tem avançado neste País. Uma das razões é que este tipo de crédito é concedido sem garantias. Mas, até para não haver exposição a um risco muito grande, que possa afetar a sustentabilidade do programa, a quantidade de crédito ofertada é muito limitada. Tendo que crescer com base em capital próprio, o ritmo de acumulação é bem mais lento. Possivelmente Abdias vai precisar de outra modalidade de crédito para expandir sua produção futura, e agora terá condições de oferecer parte da sua terra como garantia.

No Nordeste, o microcrédito rural e urbano vem crescendo, mas nem todos os casos são bem sucedidos como o do agricultor de Petrolina que visitei. Mas é perceptível como a expansão do crédito, ainda que em escala micro, está ajudando pessoas a saírem da miséria para a pobreza. Entretanto, ainda há alguns passos a serem dados em direção a uma sociedade com mais oportunidades, para que o caso de Abdias não seja um exemplo perdido entre vários outros. Concessão de direito de propriedade, relações trabalhistas mais livres e menos regulamentadas e livre comércio fariam pela região o que o crédito, por si só, jamais conseguirá.

Renato Lima é jornalista e apresentador do “Café Colombo – o seu programa de livros e idéias”, da Universitária FM, Recife (www.cafecolombo.com.br).

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".