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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Marxismo segundo Ludwig Von Mises II - Conflitos de Classe e Socialismo Revolucionário

Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR, outro da série "imperdíveis"

Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.

Este é o segundo capítulo intitulado "Class Conflict and Revolutionary Socialism" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction" (http://www.fee.org/library/books/MarxismUnmasked.asp)
publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download: ZIP/PDF)


Conflitos de Classe e Socialismo Revolucionário

MARX ASSUMIU que os "interesses" eram independentes das idéias e pensamentos humanos. Ele afirmou que o socialismo era o sistema ideal para o proletariado. Disse também que os interesses de classe determinam o pensamento dos indivíduos e que esta condição provoca conflitos irreconciliáveis entre as várias classes. Marx então voltou ao ponto inicial – isto é, o socialismo é o estado ideal.

Os conceitos de "classe" e "conflito de classe” eram fundamentais no Manifesto Comunista (1848). Mas Marx não disse o que era uma "classe". Marx morreu em 1883, 35 anos depois da publicação do Manifesto Comunista. Nesses 35 anos ele publicou muitos volumes, mas em nenhum deles ele disse o que ele queria dizer pelo termo "classe". Após a morte de Marx, Friedrich Engels publicou o manuscrito inacabado do terceiro volume de O Capital (Das Kapital). Engels disse que este manuscrito, no qual Marx tinha parado de trabalhar muitos anos antes de morrer, foi encontrado na escrivaninha de Marx depois de sua morte. Num capítulo de três páginas naquele volume, Marx nos conta o que não era uma "classe". Mas você pode procurar por todas suas obras para compreender o que era uma "classe", jamais irá encontrar. Na realidade, "classes" não existem na natureza. É o nosso pensamento – nossas classificações em categorias – que constrói classes em nossas mentes. A questão não é se as classes sociais existem no sentido de Karl Marx; a questão é se nós podemos utilizar o conceito de classes sociais na forma como Karl Marx o entendia. Nós não podemos.

Marx não viu que o problema do "interesse" de um indivíduo, ou de uma classe, não pode ser resolvido simplesmente fazendo referência ao fato que existe tal interesse e que os homens têm de agir de acordo com os seus interesses. Duas questões devem ser colocadas: (1) Para que objetivos estes "interesses" conduzem as pessoas? (2) Quais métodos elas querem aplicar para atingir estes objetivos?

A Primeira Internacional foi um pequeno grupo de pessoas, um comitê de alguns homens em Londres, amigos e inimigos de Karl Marx. Alguém sugeriu que eles cooperassem com o movimento trabalhista-sindicalista britânico. Em 1865, Karl Marx leu na reunião do Comitê Internacional um documento, Valor, Preço, e Lucro (Value, Price, and Profit), uma de suas poucas obras originalmente escritas em inglês. Neste documento, ele destacou que os métodos do movimento sindical eram muito ruins e deveriam ser modificados. Parafraseando: "Os sindicatos querem melhorar o destino dos trabalhadores no âmbito do sistema capitalista - isto é inútil e desesperado. No âmbito do sistema capitalista não há nenhuma possibilidade de melhorar o estado dos trabalhadores. O melhor que o sindicato poderia alcançar deste modo seria algum sucesso de curto prazo. Os sindicatos devem abandonar esta política 'conservadora’; eles devem adotar a política revolucionária. Eles têm que lutar pela abolição da sociedade salarial e devem trabalhar para a vinda do socialismo". Marx não teve coragem para publicar este documento enquanto estava vivo; só foi publicado depois de sua morte por uma de suas filhas. Ele não quis fazer oposição aos sindicatos; ele ainda tinha esperanças que eles abandonariam suas teorias.

Aqui está um conflito evidente de opiniões entre os proletários, relativo a que meios utilizar. Os sindicatos proletários e Marx discordaram sobre o que era o "interesse" dos proletários. Marx afirmou que o "interesse" de uma classe era óbvio – não poderia haver nenhuma dúvida quanto a isto – todos conheciam este “interesse”. Então aqui surge um homem que não pertence a esta classe proletária, um escritor e advogado que informa aos sindicatos que eles estavam errados. “Esta é uma política ruim”, ele afirmou. “Vocês precisam mudar radicalmente sua política". Aqui toda a idéia de classe é destruída, a idéia de que um indivíduo, às vezes, pode errar, mas que uma classe como um todo nunca pode errar.

Críticas às doutrinas marxistas sempre foram superficiais. Eles não mostraram como Marx se contradisse e como ele não conseguiu explicar as suas idéias. A crítica de Böhm-Bawerk [1] era boa, mas ele não cobriu o sistema inteiro. Os críticos de Marx nem mesmo descobriram as contradições mais patentes de Karl Marx.

Marx acreditou na "lei férrea dos salários". Ele aceitou isso como a base fundamental da sua doutrina econômica. Ele não gostou do termo Alemão para esta lei, a "lei de bronze" dos salários, sobre o qual Ferdinand Lassalle [1825-1864] tinha publicado um panfleto. Karl Marx e Ferdinand Lassalle não eram amigos; eles eram concorrentes, competidores muito sérios. Marx disse que a única contribuição de Lassalle foi o próprio termo, a "lei de bronze" dos salários. E que, no mais, o termo, foi emprestado, emprestado do dicionário e de Goethe [2].

A "lei férrea dos salários" ainda sobrevive em muitos livros didáticos, na mente dos políticos e, conseqüentemente, em muitas das nossas leis. De acordo com a "lei férrea dos salários", a taxa salarial é determinada pela quantidade de alimentos e outras necessidades requeridas para a preservação e reprodução da vida, para sustentar os filhos dos trabalhadores até que eles próprios possam trabalhar nas fábricas. Se as taxas salariais ficarem acima disto, o número de trabalhadores aumentaria e o aumento do número de trabalhadores derrubaria as taxas salariais novamente. Os salários não podem cair abaixo deste ponto porque haveria uma escassez de trabalho. Esta lei considera que o trabalhador é algum tipo de micróbio ou roedor sem livre escolha ou livre arbítrio.

Se você pensa que é absolutamente impossível, sob o sistema capitalista, para os salários divergirem desta taxa, como você ainda pode falar, como fez Marx, sobre o empobrecimento progressivo dos trabalhadores como sendo inevitável? Existe uma contradição insolúvel entre a idéia marxista da lei férrea das taxas salariais, segundo a qual os salários permanecerão num ponto em que eles são suficientes para sustentar os descendentes dos trabalhadores até que eles possam se tornar trabalhadores, e sua filosofia da história, que sustenta que os trabalhadores serão empobrecidos cada vez mais até serem conduzidos à insurreição aberta, provocando assim o socialismo. Evidentemente, ambas as doutrinas são insustentáveis. Mesmo 50 anos atrás, os principais escritores socialistas foram obrigados a recorrer a outros esquemas elaborados na tentativa de sustentar suas teorias. O que é surpreendente é que, durante o século desde as obras de Marx, ninguém mostrou esta contradição. E esta contradição não é a única em Marx.

O que realmente destruiu Marx foi sua idéia do progressivo empobrecimento dos trabalhadores. Marx não viu que a característica mais importante do capitalismo era a produção em grande escala para as necessidades das massas; o principal objetivo dos capitalistas é produzir para as grandes massas. Nem Marx viu que sob o capitalismo o cliente sempre tem razão. Na sua condição de assalariado, o trabalhador não pode determinar o que será feito. Mas na condição de cliente, ele é realmente o chefe e fala para o chefe dele, o empresário, o que fazer. O chefe dele deve obedecer às ordens dos trabalhadores como membros do público consumidor. A Srta. Webb [3] era a filha de um próspero homem de negócios. Como outros socialistas, pensou que o pai dela era um autocrata que dava ordens para todo mundo. Ela não viu que ele estava sujeito à soberania das ordens dos clientes no mercado. A “grande” Srta. Webb não era mais inteligente que o menino mensageiro mais bobo, que só vê que o chefe dele dá ordens.

Marx não tinha nenhuma dúvida sobre quais objetivos os homens visavam. Ele também não teve quaisquer dúvidas sobre a melhor maneira de atingir estes objetivos. Como é que um homem que leu tanto e interrompe sua leitura apenas para escrever, não percebe as discrepâncias em suas idéias?

Para responder a esta pergunta, temos que voltar para o pensamento do seu tempo. Aquele foi o tempo da Origem das Espécies [1859] de Charles Darwin. Era a moda intelectual daquela época enxergar os homens apenas do ponto de vista da sua filiação na classe zoológica dos mamíferos, que agiam com base nos instintos. Marx não levou em conta a evolução da humanidade para um o nível superior ao dos homens muito primitivos. Ele considerou o trabalho não especializado como tipo normal de trabalho e o trabalho especializado como a exceção. Num dos seus livros, ele escreveu que o progresso tecnológico na melhoria das máquinas provoca o desaparecimento dos especialistas porque a máquina pode ser operada por qualquer pessoa; não há necessidade de nenhuma habilidade especial para operar uma máquina. Portanto, o tipo normal de homem no futuro será o não especialista.

No que diz respeito a muitas de suas idéias, Marx pertenceu a eras muito antigas, especialmente na construção de sua filosofia da história. Marx substituiu a evolução Hegeliana do Geist pela evolução dos fatores materiais de produção. Ele não percebeu que os fatores materiais de produção, i.e., as ferramentas e máquinas, são, de fato, produtos da mente humana. Ele afirmou que estas ferramentas e máquinas, as forças produtivas materiais, inevitavelmente provocariam a vinda do socialismo. Sua teoria foi denominada "materialismo dialético" (dialectical materialism), abreviada pelos socialistas para "diamat" (diamet em inglês).

[Num aparte, o Dr. Mises contou sobre uma visita a uma escola no México, uma "escuela socialista”, uma "escola socialista”. Mises perguntou para o reitor da escola o que "escola socialista” significava. O reitor explicou que a legislação mexicana exigia das escolas o ensino da doutrina Darwinista da evolução e do materialismo dialético. Em seguida, ele fez um comentário sobre a provisão na lei que fazia esta exigência e sobre próprio sistema escolar: “Há uma grande diferença entre a letra da lei e a prática. Noventa por cento dos professores em nossas escolas são mulheres e a maioria delas são Católicas praticantes.”]

Marx argumentou da tese à negação da tese para a negação da negação. A propriedade privada dos meios de produção por cada trabalhador individual foi o início, a tese. Este era o estado de coisas numa sociedade em que cada trabalhador ou era um agricultor independente ou um artesão que possuía as ferramentas com as quais ele estava trabalhando. Negação da tese – propriedade sob o capitalismo – quando as ferramentas já não são propriedades dos trabalhadores, mas dos capitalistas. A negação da negação foi a propriedade dos meios de produção pela sociedade inteira. Raciocinando desta forma, Marx afirmou que tinha descoberto a lei da evolução histórica. E é por isso que ele chamou isto de "socialismo científico”.

Marx rotulou todos os socialistas do passado de "socialistas utópicos” porque eles tentaram mostrar por que socialismo era melhor. Eles queriam persuadir seus concidadãos porque tinham a esperança de que as pessoas adotariam o sistema social socialista se estivessem convencidos de que era melhor. Eles eram "utópicos”, Marx afirmou, porque eles tentaram descrever o futuro paraíso terrestre. Entre os precursores de Marx, a quem ele considerou "utópicos”, estavam Saint-Simon, um aristocrata Francês; Robert Owen [1757-1858], um fabricante britânico; e Charles Fourier [1772-1837], um Francês que era, sem dúvida, um lunático. (Fourier era chamado de "tolo do Palais-Royal [4]". Ele costumava fazer declarações como “Na era do socialismo, o oceano já não será salgado, mas limonada”). Marx considerou estes três como grandes precursores. Mas, ele afirmou, eles não perceberam que o que estavam dizendo era somente “utópico". Eles esperavam a vinda do socialismo por uma mudança nas opiniões das pessoas. Mas para Marx, a vinda do socialismo era inevitável; viria com a inevitabilidade da natureza.

Por um lado, Karl Marx escreveu da inevitabilidade do socialismo. Mas por outro lado, ele organizou um movimento socialista, um partido socialista, declarou várias vezes que o seu socialismo era revolucionário, e que a subversão violenta do governo era necessária para o aparecimento do socialismo.

Marx adotou suas metáforas do campo da ginecologia. O partido socialista é como a obstetrícia, disse Marx; ele torna a vinda do socialismo possível. Quando questionados: “se vocês consideram todo processo inevitável, por que vocês não favorecem a evolução em vez da revolução”, os marxistas respondem, “Não existem evoluções na vida. O nascimento não é em si uma revolução?".

Segundo Marx, a meta do partido socialista não era influenciar, mas só ajudar o inevitável. Mas a obstetrícia influencia e muda condições. A obstetrícia realmente tem trazido progresso neste ramo da medicina, e até mesmo salvou vidas. E por salvar vidas, poderia ser dito que a obstetrícia mudou de fato o curso da história.

O termo "científico" adquiriu prestígio no decurso do século XIX. O livro Anti-Dühring (1878) de Engels se tornou um dos livros mais bem-sucedidos entre as obras filosóficas marxistas. Um capítulo deste livro foi reimpresso como um panfleto com o título "O Desenvolvimento do Socialismo da Utopia à Ciência", e teve sucesso enorme. Karl Radek [1885-1939], um comunista soviético, mais tarde escreveu um panfleto chamado "O Desenvolvimento do Socialismo, da Ciência à Ação".

A teoria da ideologia de Marx foi preparada para desacreditar as obras da burguesia. [Tomás] Masaryk [1850-1937], da Tchecoslováquia, nasceu de pessoas pobres, agricultores e trabalhadores, e ele escreveu sobre Marxismo. No entanto, os marxistas o chamam de burguês. Como ele poderia ser considerado "burguês" se Marx e Engels denominavam a si próprios de "proletários"?

Se os proletários devem pensar de acordo com os "interesses" da sua classe, o que significa então a existência de discordâncias e dissensões entre eles? A confusão torna a situação muito difícil de explicar. Quando há dissensão entre proletários, eles chamam o opositor de "traidor social”. Depois de Marx e Engels, o mais eminente homem dos comunistas foi um Alemão, Karl Kautsky [1854-1938]. Em 1917, quando Lênin tentou revolucionar o mundo inteiro, Karl Kautsky opôs-se à idéia. E por causa desta discordância, o ex-todo-poderoso homem do partido se tornou, de repente, um "traidor social". Ele foi chamado disto e de muitos outros nomes.

Esta idéia é como a dos racistas [5]. Os racistas Alemães declararam que um grupo definido de idéias políticas eram Alemãs e que todos os verdadeiros Alemães devem necessariamente pensar de acordo com este grupo particular de idéias. Esta era a idéia Nazista. Segundo os Nazistas, a melhor situação era estar num estado de guerra. Mas alguns Alemães – Kant, Goethe, e Beethoven, por exemplo – tiveram diferentes idéias “não-Alemãs". Se nem todos Alemães pensam de uma determinada maneira, quem é que vai decidir quais idéias são Alemãs e quais não são? A resposta só pode ser que uma "voz interior” é o melhor padrão, o critério definitivo. Esta postura necessariamente conduz a conflitos que devem resultar em guerra civil, ou até mesmo guerra internacional.

Havia dois grupos Russos, ambos consideravam-se proletários – os Bolcheviques e os Mencheviques. O único método para “resolver" as discordâncias entre eles era usar a força e a liquidação. Os Bolcheviques venceram. Em seguida, nas fileiras dos comunistas Bolcheviques surgiram outras diferenças de opinião – entre Trotsky [6] e Stalin – e a única maneira de resolver seus conflitos foi um expurgo. Trotsky foi forçado ao exílio, mudou-se para o México, e foi assassinado lá em 1940. Stalin não originou nada; ele voltou para o Marx revolucionário de 1859 – não para o Marx intervencionista de 1848.

Infelizmente, expurgos não acontecem somente porque os homens são imperfeitos. Expurgos são as conseqüências necessárias das bases filosóficas do socialismo marxista. Se você não puder discutir opiniões com diferenças filosóficas da mesma maneira que você discute outros problemas, você tem que achar uma outra solução – através da violência e do poder. Isto não se refere somente às divergências relativas a políticas, problemas econômicos, sociologia, lei, e assim por diante. Refere-se também aos problemas das ciências naturais. Os Webbs, senhor e senhora Passfield, ficaram chocados ao saber que as revistas e jornais Russos tratavam até mesmo dos problemas das ciências naturais partindo do ponto de vista da filosofia Marxista-leninista-estalinista. Por exemplo, se houver uma diferença de opinião em relação à ciência ou genética, isto deve ser decidido pelo "líder". Esta é a conseqüência inevitavelmente necessária do fato que, de acordo com doutrina Marxista, você não considera a possibilidade de dissensão entre pessoas honestas; ou você pensa como eu, ou você é um traidor e deve ser liquidado.

O Manifesto Comunista apareceu em 1848. Naquele documento, Marx pregou a revolução; ele acreditou que a revolução estava próxima. Ele acreditava que o socialismo seria então provocado por uma série de medidas intervencionistas e listou dez medidas intervencionistas – entre elas o imposto de renda progressivo, a abolição dos direitos de herança, reforma agrícola, etc. Estas medidas eram insustentáveis, ele disse, mas necessárias para a vinda do socialismo.

Assim, Karl Marx e Engels acreditaram em 1848, que o socialismo poderia ser atingido pelo intervencionismo. Em 1859, onze anos após o Manifesto Comunista, Marx e Engels abandonaram a defesa das intervenções; eles já não esperavam que o socialismo surgisse através de mudanças legislativas. Eles queriam provocar o socialismo por uma rápida mudança radical. Deste ponto de vista, os seguidores de Marx e Engels consideraram as medidas posteriores – o New Deal, o Fair Deal, etc... – como políticas “pequeno-burguesas”. Na década de 1840, Engels havia dito que as leis trabalhistas britânicas eram sinais do progresso e um sinal do colapso do capitalismo. Mais tarde, eles chamaram tais medidas ou políticas intervencionistas (Sozialpolitik) de muito ruins.

Em 1888 – 40 anos depois da publicação do Manifesto Comunista – uma tradução foi feita por um escritor inglês. Engels acrescentou alguns comentários a esta tradução. Referindo-se às dez medidas intervencionistas preconizadas no Manifesto, ele afirmou que estas medidas não eram apenas insustentáveis, como reivindicou o Manifesto, mas precisamente por serem insustentáveis é que eles necessariamente pressionariam cada vez mais em direção a ainda mais medidas deste tipo, até que finalmente estas medidas mais avançadas conduzissem ao socialismo. [7]

Notas:

[1] - [“The Unresolved Contradiction in the Economic Marxian System” in Shorter Classics of Eugen von Böhm-Bawerk, (South Holland, Ill.: Libertarian Press, 1962 [1896; Eng.Trans. 1898]), pp. 201–302. — Ed.]

[2] - [Marx também criticou Lassalle por usar o termo "Arbeiterstand" (estado de trabalho); Marx disse que Lassalle estava confuso, mas nunca explicou porque Lassalle estava confuso. - Ed.]

[3] - [Beatrice Webb (1858–1943), mulher de Sidney Webb (1859–1947), mais tarde senhor e senhora Passfield, British Fabians. — Ed.]

[4] - N. do T. - Fourier esperou pontualmente, durante dez longos anos, ao meio-dia, nos jardins do Palais-Royal, o benemérito que lhe financiaria a construção de Harmonia (Fourier descreveu detalhadamente, em Le Nouveau Monde Industriel et Sociétaire (1829), as ações que o benemérito deveria realizar: Fourier, 1973, pp.554-561).

[5] - Conferir o artigo “Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas” em http://www.endireitar.org/content/view/192/1/content/view/84/75/ para mais detalhes; é uma tradução de um trecho do livro Omnipotent Government de Ludwig von Mises.

[6] - [Leon Trotsky (1879–1940)]

[7] - N. do T. – Em março 1850, dois anos após o Manifesto, Marx e Engels publicaram a Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas, um documento que era, segundo o próprio Marx, "no fundo, nada mais que um plano de guerra contra a democracia".

Este documento “continha as proposições fundamentais do programa e táticas Marxistas".

O historiador inglês Robert Payne (Marx, Londres, 1968, p.239) afirma que "embora pouco conhecido e raramente estudada”, a Mensagem de março é "um dos documentos mais importantes e seminais do século XIX", ela "agiu como uma bomba com um fusível atrasado, explodindo só no século XX".

Na Mensagem já encontramos a orientação expressa para “levar ao extremo as propostas dos democratas” e superar as propostas em cada demanda para a reforma social, propondo uma demanda mais extrema - “ditar tais circunstâncias” aos democratas que seu papel “leve desde o princípio o germe de sua queda”. (cf. Karl Marx and Critical Examination of his Works - part 2; Leslie R. Page; Sentinel Publishing; 2000 e http://www.marxists.org/portugues/marx/1850/03/ccaliga.htm).

Tradução: Wellington Moraes

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".