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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sakamoto e Alanzinho Maniçoba: tudo a ver

 

CONDE LOPPEUX DE LA VILANUEVA

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Recentemente assisti a uma cena curiosa de um noticiário popular do Pará: a prisão de um delinquente, conhecido como Alanzinho Maniçoba. A câmera focalizava a figura de um ogro juvenil franzino, drogado, uma verdadeira colcha de retalhos de carne costurada, cheio de golpes de faca. A voz grossa parecia a de um “encosto” do capeta imundo. Na entrevista, o bandido falava com orgulho, com voz endemoniada: “Sou ladrão, sou matador, sou traficante. . .” E depois finalizava:“já matei, roubei e destruí”. E ainda fazia ameaças àqueles que o tinham espancado: “vou comer o coração deles é com farinha, eu o Zè Pelintra e o Exu Caveira”.

Se não bastasse tamanha caricatura tão surrealista da maldade, qual a relação que vejo entre Alanzinho Maniçoba e Leonardo Sakamoto, dublê de jornalista da Folha de São Paulo e douto professor de uma universidade católica? Ambos afirmam que o crime é uma profissão. O primeiro acredita piamente que a bandidagem é sinal de respeito, de autoridade moral. Bater na cara de bandido é pedir pra morrer. Daí cogitar até o prazer alimentar de comer o coração alheio com farinha. Já o segundo defende a tese de que o bandido é um respeitoso homem de bem, injustiçado pela sociedade, que assalta para sustentar sua família. Mesmo que isso implique em assaltar ou matar outras famílias! O bandido é, por assim dizer, uma vítima de suas próprias. . .vítimas! Tal foi o teor bizarro do seu artigo, publicado em seu blog, no dia 18 de junho de 2012.

Alanzinho Maniçoba, o filósofo suburbano da criminalidade, dizia na reportagem: “qual a diferença entre eu o cidadão? Só por que mato e roubo?”. E Sakamoto, outro filósofo suburbano, mas da delinquência intelectual universitária da PUC, endossaria o criminoso: “Mais do que uma escolha pelo crime, a opção de muitos jovens pelo roubo é uma escolha pelo reconhecimento social. Um trabalho ilegal e de extremo risco, mas em que o dinheiro entra de forma rápida. Não defendo essa opcão, mas sabemos que, dessa forma, o jovem pode ajudar a família, melhorar de vida, dar vazão às suas aspirações de consumo – pois não são apenas os jovens de classe média alta que são influenciados pelo comercial de TV que diz que quem não tem aquele tênis novo é um zero à esquerda”. Em outras palavras, Sakamoto corrobora com as idéias mirabolantes de Alanzinho Maniçoba. Matar, roubar e destruir é trabalho pra qualquer um. Ou melhor, apenas“trabalho ilegal”. Comer o coração de um homem com farinha é apenas uma questão de gosto, de capricho, tal como ir numa churrascaria do gaúcho da esquina. O bandidinho retalhado não se acha um cidadão? Só por que ele mata e rouba não é cidadão honesto como aquela vítima que é roubada e morta? Que isso? 

O filosofastro da PUC nos solta mais pérolas “alan-maniçobistas”: “A polícia e os chefes de quadrilhas puxam os gatilhos, mas nós é que colocamos as balas na agulha que matam os corpos e o futuro dessa molecada”. Ou seja, se alguém assaltar Sakamoto ou der um tiro na sua cabeça e matá-lo, a culpa não é do bandido que dispara a arma: a culpa é minha, sua, nossa, de todo mundo! Às vezes me pergunto se Sakamoto virou tão endemoniado quanto Alanzinho Maniçoba, para falar uma asneira psicótica tão monumental. Exu Caveira e Zé Pelintra, tão alardeado pelo bandidinho maniçobês, talvez tenham afetado espiritualmente Sakamoto. Será que sal grosso resolve? 

Sakamoto, ao repetir clichês de esquerda, prega que as causas da violência estão na desigualdade social: “Ostentação em um país desigual como o nosso deveria ser considerado crime pela comissão de juristas que está reformando o Código Penal. Eles não estão propondo que bulling seja crime? Ostentação é mais do que um bulling entre classes sociais. É agressão, um tapa na cara”. E complementa: “Qual a causa da violência? A resposta não é tão simples para ser dada em um post de blog, mas com certeza a desigualdade social e a sensação de desigualdade social está entre elas”. Em suma, poucas vezes se viu uma apologia tão grotesca, tão infantil e tão imbecil da inveja humana, desde à época de Caim e Abel. Sakamoto não quer criminalizar os bandidos que cobiçam as riquezas dos que trabalham, mas quer botar na cadeia quem trabalha e se esforça para ter o que é seu. Qualquer sinal de prosperidade é malvada “ostentação”, é um"bulling"! Antes todo mundo ficasse sem nada, para que os ladrões não roubassem ninguém. Mas não é isso que ocorre quando o ladrão rouba? No final das contas, pela lógica delinquente de Sakamoto, o único que tem o direito a ter alguma coisa é o bandido, de preferência, ostentando as coisas alheias. 

Poderíamos alargar esse conceito moral de inveja legitimada e sublimada a várias situações legais do direito penal. Se o rico é criminoso porque seu patrimônio provoca a inveja do ladrão, logo, as mulheres poderiam ser estupradas, já que ostentam criminosamente sua beleza física, digamos, numa praia ou numa roupa minúscula. E aí, os estupradores estariam felizes da vida, pois a culpa pelo estupro seria das moças violentadas, que atiçam os malefícios da rejeição social de homens que não conseguem relações sexuais. Na verdade, as estupradas é que deveriam ir para a cadeia. Primeiro, porque ostentam beleza. Segundo, porque a culpa é sempre da vítima. 

Convém dizer: Sakamoto deveria ser preso, dentro de sua legislação contra a ostentação, já que adora pavonear-se com o título de “dotôr” da USP. Ora, tal distinção não alimenta a desigualdade social? Não é intrinsecamente criminoso que um “dotôr” da USP queira ostentar um título, num país cheio de analfabetos e semi-analfabetos sem diplomas? É absurdamente criminoso que um iletrado como ele seja diplomado! Antes lavasse privadas, limpasse fossas ou fizesse um serviço de gari, que seria mais útil à sociedade. 

Alanzinho Maniçoba serviria perfeitamente de parâmetros intelectuais e morais para muitos professores uspianos e puquianos, incluso o energúmeno professoral Sakamoto. O banditismo se tornou a ordem do dia. Comer o coração com farinha faz de alguém pleno de direitos, um verdadeiro cidadão, já que bandido é homem de respeito! Sakamoto bateria palmas pelo seu ídolo paraense, pois no mundo do crime, não passaria de um reles estelionatário professoral. 

Alanzinho Maniçoba para professor da PUC!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".