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quinta-feira, 19 de abril de 2012

TOCQUEVILLE, A BANANEIRA E O C4 PALLAS

 

STATO FERINO

Publicado por Stato Ferino em abril 18, 2012

No Capítulo I de “A Democracia na América”, Alexis de Tocqueville relata os contrastantes aspectos naturais das Américas Saxônica e Ibérica.

Conta-nos o francês que o “ambiente hostil”, “árido” e “difícil” do país dos Founding Fathers teria estimulado a laboriosodade de seu povo, perfazendo uma das causas de sua futura hegemonia econômica, qual servindo de estímulo a sua genialidade institucional democrática.

O Cone-Sul, de sua parte, brindaria o homem com um “não sei que espírito debilitador, que convida a amar o presente como este se encontra, tanto quanto à completa despreocupação para com o futuro.”

No Capítulo II da mesma obra, nosso autor colore o caráter basilar do cidadão norte-americano, fundado na tradição cristã e no ânimo associativo. Nascia, sobre esses dois pilares, a espinha dorsal da América, seu ímpeto comunitário mesmo, donde cada qual entranhava em si o dever irrefragável de tomar partido dos problemas alheios, quer coletivos, familiares ou particulares, sempre no sentido de restabelecer a boa-vida em sociedade. De um tal “solving problems spirit” até a formação da democracia em sua mais perfeita forma e à pujança econômica, foram alguns pequenos passos, consequências naturais do que anteviera.

Daqui, pode-se dizer que além de elegantíssimo escritor, Tocqueville foi também (e certamente) um cientista.  Revelaram-se, pois, certeiras suas previsões. Mais ainda seus diagnósticos.  Afinal, o resto dessa história todos conhecemos mais que bem. Enquanto os americanos, de lá àqui, cimentaram sua hegemonia em todos os campos possíveis e imagináveis, preferimos jazer deitados em nossa tão querida rede, à sombra da bananeira, enquanto passamos a perna em putas e em padres, em fazendeiros e em mendigos, excitadíssimos diante da mais ínfima chance de gozar de qualquer vantagem gratuita que seja – venha ela do Céu, do bolso alheio ou, mais modernamente, do Partido (aliás, nada mais que uma síntese das duas primeiras fontes).

Medularmente latino-americano, o movimento estudantil brasileiro não nega suas matizes sequer por um instante. Entre nós, os partidos políticos acadêmicos da Universidade de São Paulo demonstram com ímpar fidelidade  o quanto até aqui foi dito. Por certo que trazem em seu sangue, talvez até mais visivelmente do que gostariam, o velho DNA do caudilho/sindicalista que, enriquecendo a si mesmo e aos “amicus amicorum” à custa dos pobres, arroga-se o melhor amigo deles.

O resultado disso tudo, entre nós uspianos (e franciscanos, especificamente),  é a iteração incansável daquele mesmíssimo mantra, tão convincente quanto vazio de sentido, tão ambicioso quanto estéril de propostas concretas para a efetiva solução de problemas. Discurso esse que se arrota, é claro, até que o papai ligue avisando que é chegada a hora de abandonar a Sierra Maestra em seu C4 Pallas zero-km – ressalvada, é clara, vindoura mordiscada no “Fundo Partidário”, contraprestação mais que devida aos titulares da carteirinha do Partido, que tantos benefícios já trouxeram a seus pares com suas palavras de amor e com suas notinhas e manifestos de ódio.

Na São Francisco, beira o obsceno o valor que nossos proto-políticos conferem aos sacrossantos discursos,  bem como insulta a própria inteligência humana o descaso a que se permitem quanto à propositura e/ou à tomada de medidas concretas para a solução de problemas os mais gritantes. Alguns exemplos dão cabo de demonstrar tal postura.

Alguns dos últimos grandes empreendimentos e posturas adotados pelo movimento estudantil franciscano foram os seguintes: i) a promoção e manutenção da expedição de um título de “persona non grata” ao reitor da Universidade de São Paulo; ii) a retirada de plaquinhas que davam nome a algumas das salas da Faculdade, homenagens prestadas pelo então diretor (atual reitor) a doadores milionários cujas contribuições viabilizaram a reforma de diversos cômodos da Academia. iii) a masturbação heterônoma prestada a organizações crimin… (ops) “movimentos sociais” vinculados a  quadrilh… (ops) partidos políticos que remetem verbas para as agremiações acadêmicas da Faculdade de Direito. iv) a denúncia obstinada da situação da população de rua do centro da cidade0 – pela qual, digne-se o leitor, as entidades religiosas que  ali distribuem seu sopão fazem mais em uma noite do que nossos pós-púberes e políticos profissionais suas vidas inteiras.

Enquanto isso, algumas situações chamam a atenção no dia-a-dia da Faculdade: i) há três anos (desde que estes autores ingressaram na Academia) os elevadores do Prédio Histórico não funcionam ou, quando muito, mal-funcionam; ii) o regime das disciplinas disponíveis, bem como a formação das cargas horárias necessárias à conclusão do curso encontram-se em estado verdadeiramente caótico e lamentável; iii) o volume de livros depositados (e este é o termo correto) nas bibliotecas departamentais é esmagadoramente maior que aquele disponibilizado para retirada na Circulante – um absurdo que, inexplicavelmente, restringe pesadamente o acesso dos discentes ao material da Faculdade. iv) há professores menos vistos pelas Arcadas que cometas de periodicidade centenária – para não adentrarmos no tema da qualidade de suas aulas, quando hão.

Pois bem. É claro que acerca deste últimos quatro problemas concretos, nada foi feito. Alguns cartazinhos foram apregoados em sinal de indignação face às questões das grades-horárias e da assiduidade dos docentes e… foi só. Postura inerte, contudo, mais que compreensível. Nossos militantes estavam muito ocupados com seus megafones, com a multiplicação da rede de contatos na UNE e na Juventude Petista e (mais importante) com o aumento das probabilidades de nomeação futura para algum Ministério da Pesca ou Secretaria da Cultura que seja.

Afinal, que história é essa de elevadores? De livros? De grade-Horária? De professores? E para quê, esquentar a cabeça se estamos muito bem apenas com a oração diária de nosso já tetárgico ‘Fora Rodas’? Mas e quanto ao futuro? Bem, este a Deus pertence (se é que ainda se permite o uso do vocábulo que a Ele designa).

Infelizmente, qualquer subsunção às palavras de Tocqueville passa muito longe de ser mero acaso. Tentando enveredar para algum lugar que não seja a rede nem a bananeira, nos despedimos de novo – sempre subindo escadas, desprovidos de elevadores, e sempre metendo a sola na rua, menos providos ainda da confortável motorização que se presta ao Movimento.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".