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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os canibais de Stálin

DEXTRA
SÁBADO, 2 DE ABRIL DE 2011


Ron Rosenbaum: Slate, 7 de fevereiro de 2011
Original: Stalin's Cannibals    
Tradução: Dextra


O que Bloodlands[Terras de Sangue] nos diz sobre a natureza do mal.
Por Ron Rosenbaum
Qual deve ser o peso do canibalismo? Quanto devemos computá-lo na crescente discussão histórica e moral sobre como comparar os genocídios de Stálin e Hitler e o saldo de mortos do comunismo e do fascismo em geral? Eu sei que eu não o considerei. Eu na verdade não tinha idéia de até que ponto havia ocorrido canibalismo durante a fome estalinista artificialmente provocada na Ucrânia em 1933 até eu ler a sua descrição chocante e impiedosa em Bloodlands, do professor de História em Yale Timoty Snyder, sua obra pioneira sobre os genocídios quase simultâneos de Hitler e Stálin.

Durante as últimas três décadas, começando com o que se chamou na Alemanha de o Historikerstreit, ou batalha dos historiadores, continuando com a publicação francesa, em 1997, de O Livro Negro do Comunismo(que pôs o saldo de mortos dos regimes comunistas perto de 100 milhões, em comparação com 25 milhões de Hitler e do Fascismo), tem havido uma polêmica sobre o genocídio e o mal relativo que contrapõe os assassinatos em massa de Hitler aos de Stálin, os de Mao e os de Pol Pot.

Eu fazia muito pouca idéia do papel que a fome imposta por Stálin à Ucrânia tinha tido na questão -- de acordo com muitos cálculos, ela acrescentou mais de 3 milhões de mortos ao total das vítimas de Stálin.
Mas suponho que, sem me aprofundar muito, eu considerava a fome de patrocínio estatal de Stálin como uma espécie de "genocídio suave", comparada com o assassinado industrializado em massa dos campos da morte de Hitler ou mesmo as milhões de vítimas dos próprios expurgos de Stálin no final dos anos 30 e os gulags a que eles deram origem.
O livro de Snyder, embora polêmico sob alguns aspectos, nos obriga a encarar os fatos sobre a grande fome e o canibalismo ajuda a colocar a fome da Ucrânia na linha de frente do debate, não como uma simples desgraça agrícola, mas como um dos assassinatos em massa deliberados dos século 20.

Os estudiosos do mal comparativo frequentemente apontam que Stálin causou um saldo maior de mortos do que Hitler, mesmo sem se levarem as mortes por fome em conta; estas perdas não foram tratadas do mesmo modo que seus outros crimes ou que os assassinatos de Hitler nas câmaras de gás ou nos campos da morte. Fuzilamentos e câmaras de gás são mais diretos e mais imediatos do que matar de fome toda uma nação.

Mas o relato de Snyder sobre a grande fome na Ucrânia sustenta persuasivamente que Stálin na verdade transformou a Ucrânia inteira em um campo da morte e ao invés de mandar o povo para a câmara de gás, decretou a morte por fome.

Deveria este ser considerado um crime menor porque há menos "mão na massa"? Foi aqui que  os relatos de canibalismo fizeram com que eu repensasse esta questão -- e examinasse a questão correlata sobre se é possível distinguir os níveis de mal em genocídios a partir de sua metodologia.

A discussão faz barulho há algum tempo porque tem consequências para como pensamos os eventos na história contemporânea. O nazismo, há uma concordância geral, não pode ser reabilitado de nenhum modo, por ser inextricável dos crimes de Hitler, mas há alguns na Esquerda que acreditam que o comunismo pode ser reabilitado apesar dos crimes de Stálin e apesar de novas evidências de que suas táticas de terror foram inovações que podem ser rastreadas a seu antecessor Lênin.

Há os que, como o sofista pós-moderno Slavoj Žižek, sustentam que os crimes de Stálin foram a distorção aberratória do que é, apesar disto,  um Marxismo-Leninismo admiravelmente utópico, cuja reputação ainda merece respeito e talvez um trato lacaniano, em face da realidade dos regimes marxistas-leninistas. Mas será mesmo possível separar uma ideologia dos genocidios repeditamente cometidos em seu nome?

Ao resenhar Bloodlands na The New York Review of Books, minha colega da Slate Anne Applebaum observou:

Até recentemente, era politicamente incorreto no Ocidente admimitir que derrotamos um ditador genocida com a ajuda de outro. Só agora... a extensão dos assassinatos de tornou melhor conhecida no Ocidente. Em anos recentes, alguns na esfera de influência da ex-Uninião Soviética... começaram a usar a palavra "genocírio" em documentos legais para descrever também os assassinatos em massa da União Soviética.

Há distinções a serem feitas entre os genocídios de Hitler e os de Stálin? É possível -- sem diminuir a perversidade de Hitler -- sustentar que os crimes de Stálin foram, em certo sentido, piores? Se estivermos falando de quantidade, o saldo de assassinatos em massa de Stálin pode ter superado de longe o de Hitler, com muitos pondo a cifra em cerca de 20 milhões, dependendo de como você contar.

Mas quantidade talvez não deva ser a única medida. Também há o propósito. Para alguns, os assassinatos de Stálin não estão na mesmo nível (ou são da mesma profundidade), porque ele pode ter acreditado, por mais demencialmente que fosse, que estava agindo a serviço do objetivo mais alto da luta de classes e das aspirações universais da classe trabalhadora oprimida. Ao contrário de Hitler, que matou a serviço de um ódio racial baixo e indefensável.

Mas por outro lado, pode-se argumentar, Hitler também pode ter acreditado que estava servindo a uma causa idealista, "purificando" a humanidade de um "bacilo contagioso" (seu termo encantador para os judeus) como um médico (ele frequentemente se se comparava a Koch e Pasteur).

Na verdade, nunca me esquecerei do momento, que relato em  Explaining Hitler [Para explicar Hitler], quando o grande historiador H.R. Trevor-Roper inclinou-se em minha direção à mesa de café no Oxford and Cambridge Club de Londres, depois de eu lhe ter perguntado se ele achava que Hitler sabia que o que estava fazendo era errado. "Não", respondeu ríspidamente Trevor Roper, "Hitler estava convencido da própria retidão."

Eu acho difícil entender alguém que queira sustentar que o assassinato de 20 milhões seja "preferível" a algo, mas nossa cultura ainda não assimilou a equivalência genocida entre Stálin e Hitler, porque, como destaca Applebaum, nós usamos aquele primeiro para derrotar este segundo*

Considere o fato de que na área central de Nova Iorque há um agradável bar literário ironicamente chamado de "KGB." A KGB, é claro, era simplesmente a versão rebatizada da NKVD de Stálin, ela própria a versão rebatizada da OGPU, a linha de frente da polícia secreta de suas políticas genocidas. E sob o próprio nome de KGB, ela foi responsável pelo assassinato e tortura continuados de dissidentes e judeus até a queda da União Soviética, em 1991 (embora, é claro, um homem da antiga KGB, chamado Putin, agora esteja no poder).

Seria possível alegar que batizar um bar de "KGB" é só um tipo de kitschda Guerra Fria (embora milhões de vítimas pudessem se incomodar com uma postura tão leviana). Mas o fato de que é até possível se utilizar do argumento do "kitsch" é um tipo de prova do modo diferenciado como os genocídios nazista e soviético e suas instituições ainda são tratados. Será que as pessoas pensariam em realizar leituras literárias em um bar do centro da cidade irônicamente batizado de "Gestapo"?

O mal total de Stálin ainda não assentou. Eu sei que ele é verdade, intelectualmente, mas nossa cultura ainda não assimilou a magnitude de seus crimes. Talvez seja esta a razão porque o canibalismo atirou para longe de mim qualquer ilusão que eu pudesse ter de que distinções significativas pudessem ser feitas entre Stálin e Hitler.

Talvez não tenhamos conseguido assimilar o que soubemos a respeito de Stálin, do comunismo soviético e do comunismo de Mao (50 milhões podem ter morrido na grande fome do Grande Salto Avante e nos assassinatos da Revolução Cultural) porque por algum tempo este argumento explosivo teve uma espécie de má reputação. Em meados dos anos 80, houve historiadores alemães, como Jürgen Habermas, acusando outros historiadores alemães, como Ernst Nolte, de tentarem "normalizar" o regime nazista, ao destacarem sua equivalência moral à Rússia soviética, sugerindo até que os métodos assassinos de Hitler foram uma resposta ao terror e genocídio estalinistas, o que alguns viram como uma tentativa de "desculpar" Hitler.

Mas os usos infames a que este argumento já serviu -- normalizar Hitler ao enfocar os crimes de Stálin -- não deveriam nos cegar para a magnitude e consequências daqueles crimes.

Não há algoritmo para o mal, mas o caso do de Stálin tem há muito tempo sopesado mais os assassinatos ideológicos e as mortes nos gulagues que começaram em 1937 e minimizado os milhões que -- é o que afirma Snyder -- foram igualmente assassinados a sangue frio e deliberadamente por uma fome planeja em 1932 e 1933.

Eis aqui como o choque das relativamente poucas páginas de Snyder sobre o canibalismo ressuscitou novamente para mim a questão dos níveis de mal. De acordo com o relato cuidadosamente documentado de Snyder, não era raro durante a fome imposta por Stálin na Ucrânia soviética os pais cozinharem e comerem os filhos.

A simples afirmação por si só é horrorizante até de se escrever.

O contexto: enquanto Lênin se contentou, ao menos por algum tempo, em permitir que a União Soviética desenvolvesse uma "economia mista", com uma indústria gerida pelo Estado e fazendas de propriedade privada dos camponeses, Stálin decidiu "coletivizar" o celeiro produtor de gãos que era a Ucrânia. Seus agentes tomaram todas as terras dos camponeses, expulsando os proprietários rurais e colocando ideólogos leais com muito pouca experiência em agricultura no controle das fazendas recém-coletivizadas, que começaram a falir miseravelmente. E para cumprir os objetivos do Plano Quinquenal, ele tomou todos os grãos e a comida que haviam sido produzidos em 1932 e 1933 para alimentar o resto da Rússia e levantar capital externo e, ao fazer isto, deixou a Ucrânia inteira sem nada para comer -- exceto, às vezes, eles mesmos.

Eu já lí coisas tão horríveis quanto, mas nada mais horrível do que as quatro páginas no livro de Snyder dedicadas ao canibalismo. De certo modo, eu gostaria de alertar você a que não leia isto; infelizmente, é inesquecível. Por outro lado, não ler isto é uma recusa a estar totalmente consciente do tipo de mundo em que vivemos, do que a natureza humana é capaz. O Holocausto nos ensinou muito sobre estas questões, mas, infelizmente, há mais para se aprender. Talvez seja melhor viver em negação. Melhor pensar na história humana à maneira de Pollyanna, como uma evolução ascendente, embora às vezes eu sinta que Darwin falou mais certo do que ele pensou quando intitulou seu livro de "The Descent of Man"   [A Descendência do Homem] Certamente, a compreensão que se tem tanto do estalinismo quanto da natureza humana estará lamentavelmente incompleta se não se lerem as páginas de Snyder.

Eis um trecho:

Em face à fome, algumas famílias ficaram divididas, os pais se voltando contra os filhos e os filhos uns contra os outros. Como a polícia estatal, a OGPU, se viu obrigada a registrar, na Ucrânia soviética "As famílias matam seus membros mais fracos, normalmente crianças, e usam a carne para se alimentarem." Um sem-número de pais mataram e comeram os filhos e então morreram de fome depois, mesmo assim. Uma mãe cozinhou o filho para si e a filha. Uma garota de 6 anos, salva por outros parentes, viu o pai pela última vez quando ele afiava a faca para abatê-la. Outras combinações também eram, é claro, possíveis. Uma família matou a enteada, usou a cabeça para alimentar os porcos e assou o resto do corpo."

De acordo com Snyder "pelo menos 2 505 pessoas foram condenadas por canibalismo nos anos de 1932 e 1933, embora o número real de casos tenha sido, muito certamente, maior."
Mais uma história de horror. Sobre um grupo de mulheres que tentava proteger as crianças dos canibais, reunindo-as em um "orfanato" na na região de Kharkov:

"Um dia, as crianças de repente ficaram em silêncio, nós fomos ver o que estava acontecendo e elas estavam comendo a menorzinha, o pequeno Petrus. Elas estavam arrancando nacos dele e os comendo. E Petrus estava fazendo o mesmo, ele estava arrancando nacos de si mesmo e os comendo, ele comia o quanto podia. As outras crianças punham os lábios em suas feridas e bebiam seu sangue. Nós tiramos a criança de suas bocas famintas e choramos."

"And appetite, an universal wolf/ So doubly seconded with will and power/ Must make perforce an universal prey/ And last eat up himself." [E o apetite, um lobo universal/ Seguido assim pela vontade e o poder/ Deve fazer do mundo inteiro sua presa/ E por fim devorar a si mesmo] Assim escreveu Shakespeare, mas observe que ele não está falando só do apetite por comida, mas por poder. Stálin era o verdadeiro canibal.

Como se deve reagir a isto? Pode ter havido apenas alguns poucos milhares de casos, comparados com os milhões que Stálin matou de fome ou assassinou e comparados com os massacres de Hitler, mas há algo nestes relatos que obrigam a pessoa a perceber que há profundezas do mal que ela não conseguia imaginar antes. Matar outro ser humno, matar milhoões de seres humanos. Perverso. Mas obrigar pais a cozinharem e comerem os filhos -- alguém sabia que isto estava no repertório do comportamento humano? [N do T: no Inf XXXIII se lê, no verso 74, uma sugestão de que o conde Ugolino pode ter devorado os filhos, movido pela loucura da fome: posciapiù che 'l dolorpoté il digiuno : depois, mais que a dor pôde o jejum.] Devemos reajustar radicalmente para baixo nossa visão da natureza humana? Que algum ser humano possa causar ou executar tais atos deve significar que muitos são capazes disto.

O ponto da polêmica na verdade não deveria ser se Hitler ou Stálin foi pior, mas que houve mais de um deles, mais de dois, claro: também há Pol Pot e os assassinos ruandenses, entre outros.

Mesmo que aquelas 2 500 prisões por canibalismo empalideçam em comparação com o número dos 2 milhões ou mais que foram mortos de fome, elas dizem algo de indizível, algo quase que além das palavras. À luz destes relatos, podem pessoas como Slavoj Žižek ainda defender o Marxismo por seu universalismo utópico e desprezar o canibalismo como uma infeliz consequência não-planejada de um excesso de zelo na busca de uma causa mais elevada? Apenas um desvio no caminho para a Utopia.  Diga-nos, por favor, sr. Žižek. (E, a propósito, desprezar o marxismo pós-moderno não é defender o capitalismo pós-moderno.)

Deveríamos considerar diferentes tipos de genocídio como diferentemente maus? Alguém poderia pensar que uma carnificina brutal e direta é a pior forma, mas obrigar seres humanos a descerem à canibalização de seus filhos vai além de tortura física e assassinato. É tortura espiritual, assassinato das almas. De certo modo, mais violento e perverso, porque a auto-degradação que se impõe é inimaginável em seu sofrimento.

Sabemos o que isto diz sobre Stálin e seus capangas, todos eles muito dispostos a serem cúmplices neste horror. Mas e os canibais? Como devemos considerá-los? Puramente como vítimas, sem escolha? Certamente eles devem ter sofrido mental e espiritualmente mais do que podemos imaginar. Mas isto quer dizer que eles não tiveram escolha? Se aceitarmos que eles tiveram escolha, estamos culpando as vítimas? Ou está claro que eles foram levados à loucura pela fome -- e não podem ser considerados completamente culpados em razão de sua reduzida capacidade? Por outro lado, nem toda família que morreu de fome se voltou para o canibalismo; tinham elas uma constituição moral mais forte?

Snyder é muito cuidadoso em relação a isto. Ele admite que "o canibalismo é um tabu na literatura, assim como na vida, e as comunidades buscam proteger sua dignidade suprimindo a memória deste modo desesperado de sobrevivência. Os ucranianos fora da União Soviética trataram o canibalismo como uma fonte de grande vergonha."

Esta é uma frase construída quase que com excessivo cuidado e, portanto, confusa. É como se ele dissesse que algumas comunidades não procuraram suprimir os fatos, mas sentem vergonha -- "Os ucranianos fora da União Soviética." Mas não há mais União Soviética. O que sentiam ou sentem os ucranianos que agora têm sua própria nação? O que eles deveriam sentir? Vítimas obrigadas a serem carrascas?

Estas não são questões fáceis: como avaliar os níveis do mal. Eu provavelmente passo tempo demais pensando sobre elas. Às vezes há distinções sem uma diferença significativa Eis aqui alguns juízos muito preliminares:

— Mesmo que o canibalismo tenha estado restrito a alguns poucos milhares e os genocídios maiores tenham envolvido milhões, eles não são irrelevantes para o coração das trevas revelado nas "terras de sangue" que separavam a Alemanha nazista da União soviética.

— Há algumas distinções, mas não diferenças reais, entre os genocídios de Hitler e Stálin. Depois que se passa dos 5 milhões, é justo dizer que todos os monstros genocidas são iguais.

Finalmente, a única outra conclusão que se pode tirar é que a "Civilização Européia" é um oxímoro. Estes horrores, o nazismo e o comunismo, todos surgiram de idéias européias, políticas e filosóficas, sendo postas em prática. Mesmo o genocídio cambojano teve sua gênese nos cafés de Paris, de onde Pol Pot tirou suas idéias. Hitler tirou as suas dos cafés de Vienna.

"Depois de tal conhecimento", como disse Eliot, "que perdão?"

N. do T: a conclusão é idiota, porém digna de um artigo publicado em uma revista esquerdinha como a Slate. A ficha corrida de monstruosidades coletivas dos europeus deixa a de outras populações do globo no chinelo simplesmente porque tudo o que eles fazem eles fazem com muito mais competência do que os outros. Ouvindo o autor falar, no entanto, tem-se a impressão de que, se os hutus massacraram só 1 milhãos de tutsis em Ruanda, em 1994, a golpes de faca, facão e machado, é porque eles eram melhores, mais civilizados do que os russos ou os alemães, que mataram muito mais gente quando se propuseram a cometer seus próprios genocídios. Ora, este foi o balanço final e o modus operndi do genocídio ruandense simplesmente porque os hutus eram estúpidos e desorganizados demais para conseguirem matar mais gente ou usando uma tática mais sistemática e menos tosca. Civilizações superiormente capazes praticarão o bem e o mal em uma escala superior. Podem produzir um Beethoven e um Tolstói,  um Hitler e um Stálin. Outras populações farão o bem e o mal em uma escala mais modesta, compatível com suas capacidades respectivas. Podem produzir... bem, que tal uma Whoopie Goldberg e um Idi Amin Dada?

[Fim do artigo]





enevighet17




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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".