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terça-feira, 5 de abril de 2011

Edmund Burke nunca veio ao Brasil

MÍDIA SEM MÁSCARA

É preciso lembrar que Burke não qualificava o conservadorismo como uma ideologia, contra a qual ele se insurgia por entender que em nome desta os homens cometiam as piores atrocidades.
O site da Veja publica bem-vinda matéria sobre a ausência de partidos de direita no quadro político brasileiro, apropriadamente batizada de O incrível caso do país sem direita.

Mas o terceiro parágrafo é equivocado. Ei-lo:
O primeiro a definir o conservadorismo como uma doutrina política foi o inglês Edmund Burke, no século XVII. Esta corrente política considera que os indivíduos realizam as coisas melhor do que o estado. Que as liberdade individuais devem ser mantidas a todo o custo. E que os valores tradicionais da sociedade devem ser preservados. Nas democracias modernas, o conservadorismo se traduz como uma recusa ao estatismo, a defesa do livre mercado, a proteção da família e a oposição a medidas como a legalização de drogas e do aborto.
Primeiro, o termo conservadorismo aplicado à política remonta ao século XVII na Inglaterra com os Tories durante a Restauração. Segundo a historiografia especializada, o pai fundador do conservadorismo inglês é Richard Hooker, que morreu em 1600 e nem viu a emergência do conservadorismo na política. Edmund Burke (1729-1797) é classificado pelos historiadores políticos como o pai do conservadorismo anglo-saxão moderno. O interessante era que Burke fazia parte do Partigo Whig, dos liberais, e foi combatido pelos conservadores tories por sua defesa da Revolução Americana e da emancipação da Igreja Católica.

A afirmação do início do parágrafo, de que Burke fora o primeiro a definir o conservadorismo como uma doutrina política, está equivocada porque não há qualquer registro que fundamente tal afirmação. Também é preciso lembrar que Burke não qualificava o conservadorismo como uma ideologia, contra a qual ele se insurgia por entender que em nome desta os homens cometiam as piores atrocidades.

Opositor da escola racional do Iluminismo Continental, Burke verificou que a ideologia passou a ocupar o lugar de outras instituições, como o das religiões em declínio, e que um dos grandes problemas da Revolução Francesa era, em nome de uma ideia abstrata de liberdade, impor um projeto de perfeição política em nome da igualdade coerciva, que, no fundo, era um crime contra a natureza humana.

As características atribuídas ao conservadorismo no parágrafo citado está mais próxima dos Republicanos dos Estados Unidos do que da filosofia política conservadora, que não tem um plano nem um projeto político e nem pretende tê-los ou desenvolvê-los.

Acho que o grande problema da matéria é não definir à partida se se refere ao pensamento conservador ou ao estatuto político de partidos considerados conservadores, e o devido enquadramento do conservadorismo a ser tratado, se americano, inglês ou europeu continental. Tais definições são fundamentais para esclarecer aquilo que se pretende dizer ou explicar.

O site de Veja publica também uma importante entrevista com Olavo de Carvalho, que explica quando e como a esquerda ocupou os espaço e promoveu sua revolução cultural no Brasil durante o regime militar.

Bruno Garschagen é mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica de Lisboa / Universidade de Oxford. Gerente de Relações Institucionais do OrdemLivre.org.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".