Farc executam ex-chefe guerrilheiro acusado de traiçãoFonte: BBC BRASIL
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) executaram um ex-chefe guerrilheiro que abandonou o grupo rebelde e passou a ser colaborador do Exército da Colômbia. Ele foi acusado de "traição" pelo grupo guerrilheiro.
Julio Alexander Marean Ortiz, conhecido como Olvani, foi assassinado no dia 3 de maio pela Frente 48 das Farc em Putumayo, fronteira com o Equador.
Em um comunicado divulgado na segunda-feira em sua página de internet, a guerrilha afirmou que Olvani foi morto "debaixo do nariz do Exército, que permanentemente o protegia".
As Farc afirmam que Olvani "foi um ativo comandante guerrilheiro", com popularidade na região em que atuava.
"Mas sua falta de solidez ideológica e revolucionária o levou a trair a nobre causa popular, ao passar às fileiras do exército paramilitar de (Álvaro) Uribe Velez (presidente colombiano)", diz o comunicado.
Serra elétrica
Olvani chegou a figurar entre os homens de confiança do comando central da guerrilha, quando assumiu a segurança do número dois do grupo, o "chanceler" das Farc, Raúl Reyes, morto durante um bombardeio do Exército colombiano no Equador, em março do ano passado.
A guerrilha afirma que, além de passar informações sobre o grupo, o ex-chefe guerrilheiro passou a delatar os camponeses de Putumayo que colaboravam com as Farc.
As Farc afirmam também que, sob o comando do Exército, Olvani passou a ser conhecido pela crueldade de seus crimes, ao utilizar métodos que são atribuídos aos paramilitares, como o uso de serras elétricas para esquartejar suas vítimas.
"O inimigo (o Exército) cuidava dele como se fosse uma relíquia e o valorizava como a um tesouro", afirmam as Farc.
Enfraquecimento
Nos últimos anos, as Farc têm sido duramente afetadas pelas políticas de desmobilização do governo Uribe, que oferece desde redução de penas a recompensas em dinheiro em troca da entrega de reféns sequestrados pela guerrilha ou de informações que levem à captura dos líderes do grupo.
De acordo com dados do governo, desde 2002, mais de 16 mil rebeldes - incluindo membros dos demais grupos guerrilheiros - desertaram, aderindo ao programa governamental de desmobilização.
Este período coincide com o reforço da ajuda militar dos Estados Unidos à Colômbia - período em que o governo de Álvaro Uribe decidiu fechar o cerco militar contra as guerrilhas, adotando a via militar, e não a negociada, como alternativa ao conflito armado que dura mais de 50 anos.
Debilitadas militarmente, as Farc se propõem a realizar um acordo humanitário que prevê a libertação de 22 oficiais em troca de 500 guerrilheiros presos.
Uribe, por sua vez, disse que só estaria disposto a negociar se o grupo guerrilheiro interrompesse, unilateralmente, suas atividades violentas durante quatro meses.
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