Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

UMA SOCIEDADE VIRADA DO AVESSO

PERCIVAL PUGGINA
Especial para ZERO HORA | 15/02/2009 

Todo dia, toda hora, nos defrontamos com o avanço dos males sociais. Violência, perversões, criminalidade, drogas, epidemia de gestações na adolescência exibem a face assustadora de uma sociedade que se extraviou dos limites. Uma sociedade que, por infinitos modos e tecnologias, muito mais deseduca do que educa. Uma sociedade onde o balconista do bar comete delito se vender cigarro a uma menina de 12 anos, mas sai na boa se a levar espontaneamente para a cama. 

O desastre que descrevo ganhou marco importante com os rebeldes franceses de 1968 e com seu slogan “il est interdit interdire!” – é proibido proibir. Malgrado ser flagrante contradição em termos, a regra ganhou os pensadores “progressistas” da época e se espalhou pela sociedade do Ocidente, atingindo um dos fundamentos da ordem social – o princípio da autoridade. Proibições inibiriam a criatividade. Todo “não” proferido para uma criança mutilaria sua capacidade de ser autônoma. E toda a autoridade restou delegada ao ilusório templo de uma coerência interna, cada vez mais falsa, onde estar de acordo consigo mesmo ganha prioridade em relação a estar de acordo com a verdade, e onde a mera sugestão de que existam verdades é entendida como pura insolência. 

Todo professor, preocupado com bem educar seus alunos, proclama, agora, a imensa dificuldade de o fazer perante a furiosa indisciplina instalada nas salas de aula. Poucos pais que não tenham chutado o balde de suas responsabilidades deixam de reportar o atrofiamento de sua autoridade e fracassos em suas tentativas de impor limites. Estou falando do mundo e da vida. 

O que ocorre sob nossas janelas e nos chega pelo noticiário não faz mais do que expressar decorrências de uma mentalidade que primeiro abalou e agora destrói as instituições. Quais instituições? Nada de importante, apenas coisas fora de moda e motivos de troça, assim como família, igreja, poderes de Estado, escola, hierarquias num sentido amplo, bem como tudo que daí deriva: ordens, mandamentos, leis, obrigações, direitos alheios e até mesmo aquele bolorento respeito natural pelos mais velhos. Sem instituições não há autoridade e sem autoridade não se preservam valores. 

Sou conservador por manter uma inconformidade juvenil perante esse retrato. Diariamente não penso o mundo como quem está saindo, mas como quem está chegando. Sei (e creio que poucos deixam de saber comigo) que o vício é a adesão a hábitos que levam ao mal, e que a virtude, pela calçada oposta, é a adesão a hábitos que conduzem ao bem. Sei que uma sociedade se ergue pela vereda da virtude e desanda pelas avenidas do vício. E sei que o oxigênio da virtude flui pelas instituições, que precisam ser sólidas e, também elas, virtuosas: família, Igreja, Estado, escola e assim por diante. Você já se perguntou por que são os alunos das duas instituições educacionais militares do Estado os mais bem colocados em todas as avaliações de desempenho? 

Não sem pesar reconheço que este artigo será visto como “careta” e politicamente incorreto, de uma ponta a outra. Com efeito, construímos uma sociedade na qual a virtude se oculta encabulada e o vício ganha posição de relevo; onde aquela fica reservada ao foro mais íntimo e este é proclamado do alto dos telhados. Depois, repete-se o que não me canso de denunciar na área política: totalmente desinteressados das causas, passamos ao xingamento das consequências. 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".