18 de fevereiro de 2009
A precipitação da crise econômica na velocidade em que se encontra, à escala mundial, pode ser considerada a falência completa da ciência econômica como é pesquisada (Cavaleiro do Templo: e aqui lemos Ludwig von Mises mostrando porque), ensinada nas universidades e usada pelos formuladores de políticas por todos os quadrantes. Essa falência não é mais rotunda porque um pequeno grupo de praticantes ainda persiste no núcleo duro de seu saber, que é o mesmo desde Adam Smith: a verdade de que o problema econômico da humanidade é o Estado mercantilista, sempre foi. A humanidade não poderia ter permitido que a Besta estatal tivesse crescido na proporção que cresceu.
É patético ouvir “especialistas” econômicos receitarem o caminho mais curto da superação da crise. Quase todos eles advogam por mais crescimento do Estado, mais regulação, mais emissão de moeda, mais estatização. Ora, foi precisamente por terem feito “mais” isso tudo que a crise se instalou. Por mera decorrência lógica aquilo que constitui a etiologia da crise não poderia servir para a sua superação. É preciso reconhecer essa verdade elementar se os governantes tiverem algum compromisso com os destinos coletivos e não apenas com os poderosos lobbies estabelecidos. A crise veio determinar que os insanos planos de aposentadoria, a gigantesca dívida pública e os múltiplos clientes parasitas do Estado terão que se virar como todo vivente: ganhando o pão de cada dia com o suor de seu rosto.
Obviamente que algo assim só poderá ocorrer mediante uma catástrofe e a crise que chegou não merece outro adjetivo. Trata-se de uma crise catastrófica cujas ondas estão a se esparramar progressivamente por todo o Globo. Seu epicentro sem dúvida é os Estado Unidos, mas suas conseqüências mais dramáticas serão sentidas naqueles países cuja prosperidade depende das exportações para lá. A crise pode ser resumida numa frase: empobrecimento rápido dos norte-americanos, que estão a perder empregos, rendas e riquezas. Esse processo está apenas no início. A superação da crise requer primeiro uma forte redução do Estado, inclusive no que se refere ao aparato militar. Isso não será feito com sorriso nos lábios.
O caminho dos bailouts só leva ao desastre ampliado. O defunto morto pode até ser mumificado, mas não ressuscitado. Empresas como a General Motors Corporation terão que enfrentar o desaparecimento. Será inexorável. Da mesma forma, seus pródigos fundos de pensão. Essa gente que virou parasita terá que descobrir novamente o caminho do trabalho. Emissão primária de moeda para manter privilégios é não apenas imoral, é irracional. O ônus da própria sobrevivência é de cada um. Trata-se do maior engodo do Estado vender a idéia de que ele mesmo tinha a fórmula mágica de driblar a lei da escassez. A crise mostrou que não tinha.
Essa crise vai se manifestar em três fases ou lâminas cortantes, como digo metaforicamente. A primeira lâmina, a inicial, alcançou os empregos. Todas as empresas que tinham alguma folga de recursos humanos fizeram demissões instantâneas. A queda de demanda inicial levou a mais demissões. Fosse um ciclo econômico normal tudo estaria esgotado nesse movimento inicial, mas lamentavelmente estamos diante de uma crise cataclísmica.
A segunda lâmina, já posta em movimento, levará ao corte das unidades deficitária no interior das empresas mais fortes e, conseqüentemente, a mais desemprego. Este processo está em curso mundialmente. As empresas, tirante as mais frágeis que já estão fechando, descartarão tudo aquilo que virou peso morto.
Por fim virá a terceira lâmina, quando as próprias empresas fenecerão em massa, como moscas ao sopro do aerosol venenoso, o bafo da crise. Será sua fase mais dolorosa, mais cruel, pois aí a taxa de desemprego crescerá exponencialmente e conhecimentos e capital serão transformados em lixo. Mas será o preço a pagar para a superação da crise, pois nesse processo o gigante estatal estará de joelho: arrecadação em queda livre, nível de preços de definição incerta, a taxa cambial oscilante ao Deus dará. Será a hora dos estadistas aparecerem. Gente como Obama e Lula serão escorraçados do poder.
O grande perigo é que, ao corte da terceira lâmina, aconteça algum conflito militar de maiores proporções, como um ataque de Israel ao Irã. A tentação de se implantar um regime de guerra nos moldes do que vimos no final dos anos trinta será muito grande. Tudo poderá acontecer.
Nada está a salvo, nada é seguro. O mundo de iniqüidades estatais, de privilégios abusivos, de vagabundagem remunerada está acabando. A questão é saber o que será posto no lugar. Só a economia natural, com um ordenamento jurídico baseado na lei natural é que poderá salvaguardar os valores superiores da civilização. O problema é que os homens precisarão fazer uma conversão ao Bem e sabemos que esse gesto é raro. É provável que a decadência se arraste por anos, talvez décadas, antes que uma nova ordem, racional e justa, seja construída.
Quem viver verá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário