por Carlos I.S. Azambuja em 27 de setembro de 2006
Resumo: Marco Aurélio Garcia (MAG), valendo-se de sua cobertura de assessor internacional do presidente Lula, mantém conversações com os grupos armados e de oposição a vários governos da América Latina, e agora coordena a campanha do presidente.
© 2006 MidiaSemMascara.org
Marco Aurélio Garcia, conhecido como “MAG”, nos anos 60 e 70 do século passado foi uma liderança do trotskismo internacional. Nos anos de luta armada no Brasil viveu exilado na França e no Chile. Após a Anistia, voltou para o Brasil e foi um dos que colaboraram na fundação do Partido dos Trabalhadores e, em 1990, na condição de Secretário de Relações Internacionais do PT, um dos organizadores e fundadores do Foro de São Paulo, que não passa de uma nova Internacional para a América Latina. É professor licenciado do Departamento de História da Unicamp.
Em dezembro de 2002 – ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso -, por instância do presidente eleito e já na sua condição de futuro assessor internacional do governo Lula, coordenou o envio de uma carga de gasolina para normalizar o abastecimento do mercado interno na Venezuela, seriamente abalado por uma greve coordenada pelas oposições a Hugo Chávez.
Valendo-se de sua cobertura de assessor internacional do presidente Lula mantém conversações com os grupos armados e de oposição a vários governos da América Latina, o que, evidentemente, não poderia ser feito pelos diplomatas do Itamaraty. Esses contatos são feitos em nome do Foro de São Paulo. Como escreveu o filósofo Olavo de Carvalho, “comparado à trama do Foro de São Paulo, o Mensalão é quase um negócio honesto” (Um Negócio quase honesto, Jornal do Brasil de 13 de abril de 2006).
Marco Aurélio Garcia agora é o coordenador da candidatura do presidente Lula, substituindo “o bando de aloprados” (frase utilizada por Lula em uma entrevista concedida dia 25 de setembro de 2006 a três rádios populares de São Paulo e do Rio de Janeiro) da sua equipe de coordenação de campanha presos pela Polícia Federal quando tentavam adquirir, por cerca de 2 milhões de reais, um dossiê fabricado para prejudicar as candidaturas de José Serra e Geraldo Alckmin. Nessa entrevista, Lula, que mais uma vez não sabia de nada, não titubeou em jogar a culpa no presidente do PT, Ricardo Berzoini, que foi quem escolheu e coordenava a tal equipe.
Esta introdução objetivou publicar o artigo abaixo que foi escrito em Caracas por Johan Freitas e publicado originalmente no site do grupo MilitaresDemocraticos.com, da Venezuela.
Finalmente, recorde-se que todas as fontes citadas nas referências do artigo foram solenemente ignoradas pela imprensa nacional.
***
O brasileiro que ganha tempo para Chávez. Seus vínculos terroristas e com Saddam
Johan Freitas, Caracas
“Devemos dar a impressão de ser democratas”, disse Marco Aurélio Garcia, o marxista de linha dura atrás do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. E acrescenta: “...teremos que aceitar inicialmente algumas práticas. Porém, isso não é para sempre” [1].
Na semana passada Marco Aurélio Garcia esteve na Venezuela, oferecendo apoio a outro suposto democrata, Hugo Chávez. A greve geral na Venezuela secou os postos de gasolina e estrangulou os automobilistas. Os efeitos da greve ameaçam derrubar Chávez do poder. Porém agora, graças a Marco Aurélio Garcia, o navio “Explorer Amazon” dirige-se ao porto venezuelano carregado de 520.000 barris de gasolina sem chumbo da companhia petroleira brasileira Petrobrás.
A que se devem sua presença e sua ajuda? Por que o Brasil intervém para desmontar uma greve de caráter eminentemente interno? Por que Lula deseja que Chávez se mantenha no poder? Podemos vislumbrar as chaves a estas perguntas observando detidamente Marco Aurélio Garcia, o homem por trás do plano.
“A democracia não é mais do que uma farsa para alcançar o poder”
Em uma entrevista ao tablóide francês “Le Monde”, o presidente eleito do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, repete as palavras aprendidas com Marco Aurélio Garcia quando descreve as eleições democráticas como uma farsa, que é simplesmente um passo necessário para alcançar o poder. [2]
Para Marco Aurélio Garcia, estas palavras não são só uma teoria. Ele as viveu pessoalmente no período de 1969 a 1973, quando era um ativista político estrangeiro no Chile durante o regime de Salvador Allende. [3]. Allende foi eleito democraticamente porém, uma vez que alcançou o poder, usou o governo para fechar jornais e controlar com mão de ferro os partidos de oposição. Em um conhecido escândalo público, uma grande quantidade de armamento cubano foi encontrada em sua residência, enviados por Castro para armar as milícias civis, com o objetivo de “defender a Revolução Socialista no Chile”. As ações do brasileiro foram fundamentais para esta ação. Este foi o primeiro contato de Marco Aurélio Garcia com as operações cubanas no exterior.
Em 1980, Marco Aurélio Garcia fundou junto com Lula da Silva o “Partido dos Trabalhadores” (PT). Desde então, tem sido seu assessor para assuntos exteriores.
Voltemos a 1990. Enaltecido por Castro, que a estas alturas havia orquestrado incursões militares em mais de 30 países, Marco Aurélio Garcia convoca uma reunião de todos os grupos de esquerda da América Latina e do Caribe. Atendem ao chamado os representantes de 48 partidos comunistas e grupos terroristas. Esta reunião converte-se no “Foro de São Paulo”, com Marco Aurélio Garcia à sua cabeça – um título que ainda conserva no presente, doze anos mais tarde.
O Foro de São Paulo apóia o terrorismo
Atuando como o líder do Foro de São Paulo, Garcia controla e coordena as atividades subversivas e extremistas que se sucedem desde o Rio Grande até a Patagônia, Argentina. Vários dos membros do Foro de São Paulo são terroristas, alguns dos quais estão na lista dos mais procurados pelo FBI. Isto não é uma coincidência. O Foro de São Paulo, sob os auspícios de seu Secretário Executivo Marco Aurélio Garcia, estabeleceu como política o apoio a grupos terroristas. Considere esta entrevista tomada no X Congresso, levado a cabo em 7 de dezembro de 2001 em Havana, Cuba, na qual ele se refere aos grupos terroristas colombianos “Exército de Libertação Nacional” (ELN) e as “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia” (FARC): “9. Ratificamos a legitimidade, justiça e necessidade da luta das organizações colombianas e nossa solidariedade com elas”.
O novo eixo do terrorismo inicia-se em Cuba, passando pela Colômbia, é financiado pelos milhares de milhões de dólares do petróleo venezuelano e finaliza na superpotência brasileira.
De acordo com as política ditadas por Havana, o líder do Foro de São Paulo, Marco Aurélio Gracia, expressou um especial interesse pelo terrorista Manuel Marulanda Vélez, codinome “Tirofijo”, o líder das FARC. A cada ano, desde 1990, Garcia se auto-impôs como uma prioridade realizar encontros pessoais com enviados das FARC. Estes encontros foram realizados não só em solo cubano – sempre com a presença de Fidel Castro – mas também no México, para onde Marco Aurélio Garcia viajou, a fim de reunir-se em 5 de dezembro de 2000 com Marco León Calara, membro das FARC. Os temas tratados nesses encontros mantêm-se sob um manto de sigilo. Entretanto, cada vez que se reunem, as FARC incrementam seus ataques com um altíssimo custo de vidas humanas.
A lista das FARC e do ELN
Chávez tem apoiado ativamente os membros das FARC e do ELN fornecendo cédulas de identidade falsas, armamento, munições e lugares seguros para a retirada das tropas em ordem. Também recebem apoio de Cuba, onde os líderes destes grupos terroristas descansam e as tropas são treinadas. Inúmeras denúncias muito bem documentadas do presidente e vice-presidente de CAVIM, de diretores da ONIDEX, de efetivos da DIM e da DISIP chegaram ao conheciento público nos meses passados e sustentam estas asseverações. Desta maneira, Chávez se assegura de contar com guerrilhas armadas que serão usadas para debilitar a democracia venezuelana e forçar seu regresso ao poder.
O que o futuro proporciona ao Brasil e à região
Sob Marco Aurélio Garcia, a política exterior do Brasil será manejada desde Havana. A diplomacia do Brasil a cargo de Garcia trabalhará ativamente contra as políticas que os Estados Unidos auspiciam na região, que se iniciarão com seu apoio a Fidel Castro: “cuidaremos de eliminar o bloqueio a Cuba” [4].
Marco Aurélio Garcia descreve seu partido político, o PT, como “radical, de esquerda, socialista” [5]. Porém, Garcia é mais que um radical e mais de extrema esquerda que um socialista: é de fato um comunista de linha dura que quer reviver o comunismo no mundo. No artigo que escreveu sobre o “Manifesto Comunista”, de Karl Marx, ele conclui que “A agenda é clara. Se o horizonte que buscamos é o comunismo, é hora de reconstrui-lo”. [6]
Marco Aurélio Garcia trabalha muito próximo com outros políticos de tendência marxista ao redor do mundo e aparece em antologias que são lidas como um “quem é quem” dos que apóiam o terrorismo internacional: de Cuba, Mário Machado e Marta Harnecker; da China, YunLin Nie, autor de “O Manifesto Comunista e o Socialismo com características chinesas”; Pham Nhu Cuong representa o Vietnã; e Mohamed Latifi é o contato iraniano. Também colaboram outros extremistas de países democráticos como Seppo Ruotsalainen da Finlândia (autor de “O Processo e o Manifesto Revolucionário”), Allan Woods da Inglaterra (“O Manifesto Comunista Hoje”) e Pierre Zarka da França (“O Manifesto do Partido Comunista”). Todos eles compartilham um profundo e intenso ódio contra os Estados Unidos e a sociedade ocidental [7].
O vínculo nuclear com Saddam
Até 1994 o Brasil realizou investigações para o desenvolvimento de armas nucleares e projetou duas bombas atômicas. Fernando Henrique Cardoso deteve estas provas em instâncias dos Estados Unidos, quando se presumia que o Brasil estava a ponto de realizar provas de um dispositivo nuclear. O programa de armas nucleares do Brasil também estabeleceu vínculos com o Iraque e a China, países que venderam urânio enriquecido ao Brasil e investiram em sua indústria aero-espacial. Em vários discursos de sua campanha política para a Presidência, Lula da Silva expressou seu desejo de estreitar relações com a China.
Agora, com Lula da Silva na Presidência e Marco Aurélio Garcia a cargo da estratégia da política exterior do Brasil, iniciaram-se os planos para reativar silenciosamente o programa de armas nucleares. A capacidade de dissuasão nuclear é necessária para os planos de Marco Aurélio Garcia e dos grupos terroristas aos quais ele apóia através do Foro de São Paulo.
Os vínculos do Brasil com Saddam Hussein no Iraque estendem-se a outros atores. O primeiro é Hugo Hávez; o segundo o liga ao co-fundador do Foro de São Paulo, Fidel Castro. Hugo Chávez é o melhor amigo de Saddam na América Latina, a quem visitou pessoalmente e ofereceu seu apoio. Depois da primeira visita de Chávez, Fidel Castro enviou ao Iraque Rodrigo Álvarez Cambras, seu braço direito, para estabelecer um contato direto com Saddam.
Até a presente data, o trio Saddam-Castro-Chávez tem trabalhado no desenvolvimento de armas biológicas. Porém, em janeiro de 2003, com o advento de Lula da Silva à Presidência do Brasil, as armas nucleares se incorporaram à fatídica fusão. É só questão de tempo. O pacote de resgate de gasolina brasileira que Garcia enviou a Chávez compra um pouco de tempo ao Presidente venezuelano. Em um mundo no qual os ditadores ainda se mantêm no poder, nada agradaria mais a Marco Aurélio Garcia do que um Iraque com capacidade nuclear.
Notas:
1. “La Nación”, Buenos Aires (Argentina), 5 de outubro de 2002.
2. “Le Monde”, Paris (França): “En privé, Lula, âgé de 56 ans, pense tout haut que l'élection est une "farce" et qu'il faut en passer par là pour prendre le pouvoir”.
3. “O Estado de São Paulo”, São Paulo (Brasil), 6 de novembro de 2000: “Quem é Marco Aurélio Garcia”.
4. Emilio J. Corbière, "Lulazo, populismo y desarrollismo", 28 de outubro de 2002, cita Marco Aurélio Garcia em “La Fogata, el fuego de la lucha revolucionaria”.
5. Marco Aurélio Garcia, revista “Teoria e Debate”, São Paulo (Brasil), julho/dezembro de 1990, nº 12. Extrato do artigo “Terceira Via: a social-democracia e o PT”; “Radical, de esquerda, socialista”.
6. Marco Aurélio Garcia, “Teoria e Debate” (Brasil), 26 de janeiro de 2001, nº 36: “O Manifesto e a refundação do comunismo”.
7. Internatif (França), 2002.
27 de dezembro de 2002.
Fonte: MilitaresDemocraticos.com
(http://www.militaresdemocraticos.com/articulos/sp/20021227-03.html).
Tradução: Graça Salgueiro
Carlos I. S. Azambuja é historiador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário