Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sábado, 5 de abril de 2008

O alvo a destruir é a democracia brasileira

Do portal da GAZETA MERCANTIL
3 de Abril de 2008

Cerca de 70 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, grávidos de beligerância, não tiveram paciência para adiar por pouco mais de uma semana a invasão dos 470 hectares da Fazenda Esperança, no conflagrado Pontal do Paranapanema. O crime fora incluído na cerimônia de abertura de outro "abril vermelho" - o quarto mês do ano foi reduzido, desde 1996, a um período de 30 dias durante os quais o direito de propriedade deixa de existir em todo o País. Consumou-se na manhã de 21 de março, sem resistência dos proprietários legais. "Nada melhor que uma Sexta-Feira Santa para decretar a morte do latifúndio e a libertação dos trabalhadores sem-terra", informou Sérgio Pantaleão, coronel do MST na região.

A subversão do calendário gregoriano não tem nada de surpreendente. Primeiro, porque não se deve esperar que trate a folhinha com bons modos gente que vive rasgando a Constituição (o artigo 5º inclui o direito à propriedade entre as chamadas "cláusulas pétreas", como o direito à vida) e atropela códigos legais com a brutalidade que merecem instrumentos do capitalismo selvagem. Segundo, porque o exemplo veio de cima há quatro anos. Em 2004, a primeira-dama Marisa Letícia foi autorizada pelo maridão a promover em julho, na Granja do Torto, uma festa junina em louvor de Santo Antônio.

Tampouco deve causar espanto a geléia retórica que mistura menções a dias santos com o jargão usado por quem também acha que a religião é o ópio do povo. Como Deus é brasileiro, não convém a nenhum compatriota – sobretudo se comunista – proclamar-se ateu. Só o arquiteto Oscar Niemeyer faz uma coisa dessas na Nação em que restaram apenas socialistas. Insatisfeitos com a indigência da fantasia usada por comunistas que não ousam dizer seu nome, os camaradas do MST resolveram acrescentar-lhe truques que aprenderam na missa das 10. E deram de fingir que são católicos.

"Sou cristão", mentiu há cinco anos, no meio de uma entrevista, o chefão João Pedro Stédile, ajoelhado desde criancinha no altar de Joseph Stalin. Nem foi preciso pedir-lhe que recitasse a primeira parte da ave-maria. "Acredito em reencarnação", tropeçou já na frase seguinte. Fez uma pausa e completou a brusca conversão ao espiritismo: "Não só acredito como quero viver outra vida rapidinho".

Como não crê nas leis da Igreja, Stédile peca sem perder o sono. Como despreza as leis da burguesia, delinqüe com a naturalidade de mafioso de cinema. Os bons companheiros que mantém no governo saberão socorrê-lo caso seja surpreendido por improváveis ventos contrários. Não há motivos, portanto, para temer promotores públicos ou juízes.

Por ter articulado a depredação de um laboratório e um canteiro de mudas da Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul, Stédile foi enquadrado pelo Ministério Público, há um ano, nos crimes de dano qualificado, furto qualificado, formação de quadrilha, seqüestro, cárcere privado e lavagem de dinheiro. Continua em liberdade. E, compreensivelmente, cada vez mais atrevido.

Há dias, saiu sorrindo da aula magna em que explicou, numa universidade do Rio, que o paraíso concebido por Marx e Lenin continua bem de saúde - e espera ansiosamente, nos escombros do Muro de Berlim, a chegada de arqueólogos decididos como a companheirada do MST. E sorrindo continuou ao receber cópia da decisão judicial que, atendendo à solicitação da Vale, proíbe o MST e Stédile de "incitar e de promover a prática de atos violentos contra o patrimônio da mineradora". A empresa foi vítima de oito ataques, alguns dos quais configuram ações nitidamente terroristas.

"Esta é uma medida desesperada de quem sabe que está em dívida com o povo brasileiro", discursou Stédile ao ler o despacho da juíza Patrícia Rodriguez, da 41ª Vara Cível do Rio de Janeiro. "Não são medidas da época da repressão, como esses falsos mecanismos policiais, que vão parar o MST. Pelo contrário, agora é que nós vamos ficar com mais raiva. Vamos multiplicar as invasões neste abril vermelho".

Exaustos da omissão de governadores e autoridades policiais, que se recusam a cumprir decisões judiciais, proprietários rurais começam a ceder a perigosas tentações. "Para resolver o problema, só a bala", exaspera-se o fazendeiro e advogado Rodrigo Leite, dono de 500 alqueires e 1.100 cabeças de gado no Pontal do Paranapanema. "Ações de reintegração de posse não adiantam. Elas nunca são cumpridas".

O governo federal finge ignorar que fazendeiros e empresas são, na visão do MST, os alvos da vez. O inimigo a liquidar, para a turma de Stédile, é a democracia. Para defendê-la, Lula e sua gente precisam começar a cumprir a lei. Antes disso, alguém talvez deva explicar-lhes que a polícia, o sistema penitenciário e os tribunais não foram inventados por ditaduras. Existem também nos regimes democráticos, que devem utilizar tais instrumentos para garantir a ordem e a justiça. Stedile, como todo fora-da-lei, deveria estar numa prisão há muito tempo.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)
(Augusto Nunes - Diretor Editorial - Grupo CBME-mail: augusto@jb.com.br)

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".