Por Marcel Solimeo em Segunda, 31 de Março de 2008
O presidente da República criticou, em solenidade em Foz de Iguaçu, "os competidores internacionais " do agronegócio do Brasil, "especialmente os considerados grandes ", afirmando que "temos que ser cada vez mais profissionais e ter cartão (?) de credibilidade social para fazer frente às intrigas que estão fazendo contra o Brasil no exterior". Afirmou que "quando um país é insignificante do ponto de vista da balança comercial, ninguém se incomoda. Mas quando passa a ser competitivo com as grandes potências do mundo, nós começamos a ser vítimas de ataques". Segundo o presidente Lula, "os dois argumentos mais repetidos são o de que a produção de álcool utiliza trabalho escravo e tira espaço para a produção de alimentos", mas "o Brasil tem apostado na produtividade, o que demonstra que não há risco para a produção de alimentos".
Tem razão o presidente quanto às críticas que faz aos países desenvolvidos, inclusive no tocante às sobretaxas ao álcool brasileiro, mas faltou acrescentar alguns inimigos do agronegócio, que também deveriam ser objeto da preocupação presidencial. Apenas de passagem, podemos lembrar que seu "guru" Fidel Castro, diante de quem ele se emociona, e seu "amigo" Chávez, têm afirmado publicamente que a produção de álcool se fará às custas dos alimentos. Os maiores inimigos do agronegócio brasileiro, no entanto, se encontram no Brasil, e têm se mostrado cada vez mais agressivos, travestidos de "movimentos sociais", como o MST, Via Campesina e outros.
Repetem-se a cada dia os espetáculos de violência dos autoproclamados "movimentos", como o ataque ao trem da Vale, que representam verdadeiros atos terroristas, em que se afeta a capacidade do País de competir no mercado mundial. Apesar das inegáveis vantagens comparativas que o País desfruta no mercado internacional, ele depende de constantes investimentos em pesquisa e tecnologia para manter sua liderança. A agressiva atuação desses grupos mostra claramente que a luta desses "movimentos " não é pela terra, mas contra a agricultura capitalista e a economia de mercado. Invasões de propriedades, de sedes de órgãos públicos e bloqueios de estradas, ataques a laboratórios e plantações se tornaram tão rotineiros que não mais merecem destaque da mídia, e qualquer indignação da sociedade. Sabe-se que tais "movimentos" recebem recursos de países e empresas estrangeiras, concorrentes do Brasil, através de ONGs, mas que a maior parte de seus recursos é de origem governamental, por intermédio do Incra, cuja atuação pode caracterizá-lo como grande "inimigo" do agronegócio.
Como o Incra é subordinado ao presidente da República, pode-se supor que siga a orientação governamental. Além do apoio ostensivo ao MST e a outros grupos, o Incra ainda procura atacar o direito de propriedade no campo com a tentativa de fazer a revisão dos índices de produtividade, de forma a afetar muitos produtores, o que lhe permitiria transferir mais áreas para "assentamentos", dos quais não se cobra qualquer eficiência . Mais ainda, editou uma absurda portaria, que permite transferir extensas áreas, não apenas rurais como urbanas, a grupos autoproclamados de "quilombolas", à revelia do dispositivo constitucional.
Não há mais, se é que houve em algum momento, dúvidas de que a maioria dos autointitulados "movimentos sociais" possui objetivos outros do que aqueles de melhorar a situação da população mais humilde, agindo por razões ideológicas, embora, muitas vezes, pareçam servir aos interesses de grupos estrangeiros, que temem a capacidade da agricultura brasileira. Embora as críticas do presidente aos "inimigos" externos do agronegócio brasileiro sejam procedentes, preocupa sua omissão no tocante aos " inimigos" internos, que continuam a agredir a lei e vêm doutrinando crianças e jovens, o MST, formando o que poderá ser uma geração de "fundamentalistas agrários" educados no ódio ao capitalismo, à propriedade agrícola.
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