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quarta-feira, 9 de março de 2011

Grotescas mentiras carnavalescas

CONDE LOPPEUX DE LA VILLANUEVA
SÁBADO, MARÇO 05, 2011


Estamos na época de carnaval. É moda a mídia e a televisão venderem a idéia de que somos um povo festeiro e farrista. Bem, até nesta sexta-feira, eu seguia uma ética rotineira, porém fora do comum dessas fases pagodeiras: estava trabalhando e analisando meios de ganhar dinheiro com advocacia. Tenho que pagar minhas contas. Presenciei com indiferença a semana de carnaval. O tempora, O mores!

Interessante a experiência que tive quando fui ao Rio de Janeiro, no carnaval de 2005. Visitava um amigo, quando percebi que a cidade estava vazia. E sentia que a grande maioria desprezava ou ignorava o carnaval. De fato, a maioria do povo não dava à mínima. O grosso da população carioca fugia da cidade. Sobravam apenas alguns favelados, traficantes de drogas, bicheiros e artistas da Rede Globo. Além do que, claro, os turistas estrangeiros, visíveis deslumbrados e bobalhões (claro que não faço parte deles). Na última vez que passei pelo Rio de avião, indo de viagem a São Paulo, via um desses turistas toscos falando da caipirinha, com aquele sotaque meio ridículo. Estava com um grupo de gringos de sua espécie. Reconheci o passaporte: era da África do Sul. Com certeza vai levar uma imagem caricatural da nossa gente, ou seja, a de um país de praias, futebol, mulatas exóticas e foguentas e povo alegórico e fantasista. Quem diz que o Rio de Janeiro é o cartão postal desta nação realmente não sabe do que está falando.

Não consigo me identificar em nada com o Rio. Na verdade, eu não tenho a menor identidade com qualquer coisa tropical. O clima e a vegetação do norte me parecem monótonos e sem graça, além da temperatura ser alta, calorenta e por vezes insuportável. Sem querer depreciar meus amigos nordestinos, não me empolgo com praias ou paisagens solares. Tal como o Rio, as capitais nordestinas me fazem lembrar turistas gringos idiotas, prostitutas, trios elétricos e micaretas. Costumo apreciar climas temperados e cinzentos e roupas pesadas. Embora nunca tenha ido a Europa, aquela paisagem cinzenta, sombria que vejo em fotos e vídeos me causa uma séria impressão. Sem contar as quatro estações, que dão graça ao tempo. No Brasil, por mais que seja um gaúcho radicado no Pará, o máximo que me identifico é com São Paulo, terra da prosperidade e modernidade (ainda que o povo paulista vote no canastrão analfabeto e insípido Tiririca ou no charlatão pseudo-filósofo Gabriel Chalita para deputado federal). Ou as paisagens do sul, com suas colinas enormes e costumes europeus arraigados dos colonizadores. Se bem que os sulistas tenham fama de rudes, mal humorados, criaturas estranhas. Para quem está acostumado com a polidez e simpatia do povo paraense, a rudeza peculiar dos sulistas parece coisa de homens das cavernas, de verdadeiros ogros.

O carnaval passaria indiferente para mim, como para milhões de brasileiros, se não fosse um detalhe que virou notícia na internet. Uma escola de samba de Florianópolis chamada “Unidos da Ilha da Magia” vai desfilar com um tema de Cuba, em particular, homenageando a ditadura de mais de meio século do todo-poderoso ditadorzinho de republiqueta do Caribe, Fidel Castro. Se as escolas de samba se restringissem a mostrar mulheres nuas, cachaça à vontade e muita promiscuidade sexual, vá lá, eu não me importaria. O problema é a falsificação histórica digna dos piores dias do famigerado “realismo socialista” stalinista. Com o título “Cuba sim! Em nome da verdade”, a escola de samba está propagando sórdidas mentiras. Com direito ainda a participação especial de Aleida Guevara, filha do guerrilheiro, terrorista, psicopata e assassino Che Guevara.

Algo me incomodou profundamente. Nada mais me atinge na alma do que a destruição da verdade. E, no entanto, o espectro de Stálin e do “Realismo Socialista” paira no carnaval, contaminando milhões de consciências com as falsidades abjetas e cínicas do regime socialista. Quando sambistas começam a falar sobre história, parecem papagaios analfabetos. Se bem que o problema não é somente de sambistas. O que não falta no curso de história são papagaios analfabetos, seja do marxismo, seja de apologia à tirania cubana, seja de qualquer governo liberticida. As escolas de samba, como subprodutos do velho fascismo varguista, agora servem a outro totalitarismo, só que comunista. O que mudou? O pensamento do governo e da intelligentsia. Continuam cada vez mais idiotas.

Falei de “realismo socialista”? As letras da música são pura paródia de mau gosto, de pura distorção da realidade. O besteirol começa desse jeito: “Uma forte emoção / No meu coração /Liberdade /Eu sou União/ A voz de um povo pela igualdade”. Resta-nos saber onde está a liberdade numa ditadura que reprime as liberdades elementares do povo cubano. E que igualdade existe numa sociedade onde uma diminuta nomenclatura burocrática controla um país inteiro e trata seus concidadãos como verdadeiros servos? Deve ser a igualdade na miséria, todo mundo nivelado por baixo. Ou quem sabe o tipo peculiar de “igualdade socialista”, onde uns são mais iguais que outros. A vigarice não termina por aí: “Guerreiros unidos na revolução/Pelo bem de uma nação/Um preço a pagar, não vou negar/Mas a comunidade em primeiro lugar”. Grotesco é escutar que uma nação deva pagar a destruição de sua liberdade pela revolução. Em outras palavras, prisões arbitrárias, censura à liberdade de pensamento, de consciência e de imprensa, tortura, execuções sumárias, fuga em massa do país. Napoleão, no alto do seu sarcasmo, dizia que a revolução é a opinião que adquiriu algumas baionetas. No caso cubano, a revolução é a opinião que adquiriu o fuzil no paredão do quartel de La Cabaña.

O trecho da modinha esconde o lado perverso da história, típico da mentalidade socialista: a comunidade, em primeiro lugar, representada pelo Estado, tem pleno direito de esmagar o indivíduo. Hitler pregava os “direitos” da comunidade sobre indivíduo. Stálin pregava os “direitos” da comunidade sobre o indivíduo. Enfim, qualquer tirano prega a tirania da comunidade sobre o indivíduo. Porque não há maior representação de conformismos social do que a coletividade, do que está preestabelecido, do que é imposto pelo conjunto, em detrimento dos direitos do indivíduo. Isto porque nem mesmo a sociedade decide nada: é o Estado, ou uma camarilha bem diminuta chamada “Partido”, que dita, tanto para a coletividade, como para o indivíduo, esmagando ambos.

E para finalizar, o sambinha vulgar nos vende a propaganda mentirosa do regime cubano, nestes termos: “Os sonhos se tornam verdade/ Trazendo pra muitos a felicidade/ Com saúde, educação/ A base pra um cidadão”. Um sambista da vida não seria tão inteligente o bastante para escrever essas asneiras (embora seja bastante equiparada a estupidez e tagarelice comum do comunista). Não será suspeito que uma escola de samba fale “em nome da verdade”, o que é a mais grotesca mentira?

Qualquer pessoa sensata e bem informada sabe que os serviços de saúde e educação cubanos não prestam. E desde quando um serviço de saúde e educação controlado pelo Estado vale a liberdade humana? Desde quando o suposto bem-estar social vale o mal estar espiritual de ser eternamente prisioneiro de um regime político tirano? Benjamin Franklin, na sua imensa sabedoria, afirmava que quem abdica da liberdade pela segurança, não merece a liberdade, nem a segurança. Cuba, em nome da segurança, perdeu a liberdade. E também a segurança.

Tal propaganda descarada cheira a uso indevido de dinheiro público, propina, peita, para promover ideologias e regimes genocidas. Ou quem sabe a dinheirada da própria ditadura cubana. Numa época em que um ex-presidente da república usou de sua influência no Ministério da Cultura para fazer um filminho ruim sobre sua vida, não me espantaria que a ideologização da cultura no Estado brasileiro esteja mais forte do que nunca, com a ascensão do PT no poder. Bem que o Ministério da Cultura deveria ser modificado, em homenagem a George Orwell e sua novela “1984”: O Ministério da Verdade, que seria entendido como Ministério da Mentira!

“Cuba, em nome da mentira” é o espetáculo que a escola de samba de Florianópolis nos brinda. Não se pode exigir de sambistas carnavalescos ignorantes algum conhecimento de história. Mas por que dão palpites irresponsáveis? Provavelmente não tiraram asnices do nada. Extraíram de alguém, de alguma pretensa autoridade no assunto. Notoriamente da vulgata marxista dos nossos professores de história, entusiastas de qualquer mandatário de plantão, viuvinhas de Stálin e nostálgicos do Muro de Berlim que são. Ou então a tal “Associação Cultural José Martí”, que deu apoio e orientação aos sambistas, já que a delegação da escola de samba foi a Cuba, deslumbrada, tal como um turista idiota nas praias do Rio de Janeiro. Voltaram apaixonados pela barbicha do Che Guevara, tal como um dia outros foram gamados pelos longos bigodes do sanguinário serial killer da Geórgia, o Sr. Diugashivili, guia genial dos povos.

Vigarices à parte, os carnavalescos ignorantes não parecem agradecidos pelo sistema de liberdades que usufruem. Envolvidos pela sua “ilha da magia”, ignoram completamente que Cuba é uma ilha sim, mas de magia negra. Os idiotas úteis brincam no carnaval como macacos de uma grande farsa. Só que a farsa não é mera fantasia de carnaval. É uma burla destrutiva que oculta, oprime e esconde a aflição de milhões de cubanos. E no reino de todas as prisões, campos de concentração, paredões e águas que separam Cuba do exterior, a pior muralha que isola a vida dos cubanos do mundo real democrático é a mentira. Mentira que é alimentada por intelectuais, historiadores, universidades, “associações culturais”, imprensa, enfim, todos colaborando para a eterna prisão do povo cubano. A mentira repetida pela escola de samba é mais uma chave nos grilhões daquela pobre nação. E a ignorância, alimentada pela mentira sistemática, aliena cada vez mais as nações democráticas na sua obrigação de defender da liberdade contra os males do totalitarismo.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".