Existe um problema da democratização dos meios de comunicação? Na cabeça dos revolucionários, sim, porque uma parte da cadeia produtiva do setor está na mão da iniciativa privada e o conteúdo produzido não está integralmente sob seu controle, nos termos propostos por Gramsci.
O que mais impressiona na CONFECOM são os seus números. Trata-se de um experimento de mobilização de massa que só tem paralelo nos tempos de eleição, com assembléias em todo o território nacional, organizadas nos níveis municipal e estadual, para culminar com o evento apoteótico do próximo dia 14. O encontro terá 1539 delegados, o triplo da nossa Câmara de Deputados. Segundo o último informativo do site Pró-Conferência, são esperadas ao menos cinco mil "propostas" a serem examinadas, uma imitação barata de um processo constituinte, no qual os meros delegados dessa balbúrdia dão-se poderes de deputados.
A Comissão Nacional declarou, com todas as letras: "Conquistada, defendida e organizada com ajuda e participação direta de entidades dos movimentos sociais, a Confecom leva em âmbito nacional o debate pela democratização da comunicação e a comunicação como direito humano. Dentre os movimentos sociais, entidades ligada a radiodifusão comunitária, ao movimento sindical e a comunicação livre elaboraram propostas para serem discutidas na Confecom". Existe um problema da democratização dos meios de comunicação? Na cabeça dos revolucionários, sim, porque uma parte da cadeia produtiva do setor está na mão da iniciativa privada e o conteúdo produzido não está integralmente sob seu controle, nos termos propostos por Gramsci.
Portanto, é apenas uma aparente falsa questão, que nada tem de tola. Foi conquistada? Sim, conquistada por um decreto! É de fazer rir quem lê o lengalenga revolucionário. Diante desse tom triunfalista fui pesquisar a origem e o porquê do processo ter chegado a esse nível de mobilização. A primeira pista está no próprio site da Comissão Nacional, que proclama que a CONFECOM foi "Anunciada pelo atual Governo Federal durante o Fórum Social Mundial em Belém". Foi lá anunciada, mas a coisa toda já estava maquinada de antemão, em projeto de grande envergadura.
O anúncio referido está na boca de Frei Betto, conforme podemos ver no vídeo disponível no Youtube. Obviamente que a fala foi de improviso, mas não a decisão, tomada adrede e devidamente planejada. Ele anunciou a CONFECOM nos termos que ela está sendo criada. Encerrou sua fala proclamando: "Voltarmos ao trabalho de base para fortalecermos os movimentos sociais". Aqui está o ponto. A CONFECOM não precisa produzir nada de prático, pois o produto do trabalho é o seu próprio processo. Como ninguém se deu conta, as pessoas sãs deixaram os alucinados revolucionários concluírem seu projeto. Todo o Poder Legislativo e o empresariado do setor foram afogados e atropelados pelo assembleísmo basista, que só PT tem condições de pôr em movimento. Uma vitória tática muito importante para os revolucionários.
A CONFECOM será a apoteose dessa mobilização basista, maluca, levando milhares de "propostas", cujo teor, se lidas com cuidado, pode ser resumido em algumas idéias-força: fim da empresa privada no setor, onde possível; onde não for, regulação intensíssima, elevação da tributação e especialmente a censura travestida de cotas por temas, raças, horários e outras infinidades de alucinações de "controle social" que, na prática, poderão decretar o fim da liberdade de comunicação e da livre empresa.
Se o PT fizer o sucessor, e parece que vai conseguir, o experimento deverá ser multiplicado por todos os temas considerados "estratégicos". De república sindical o Brasil será finalmente o paraíso dos sovietes.
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