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terça-feira, 16 de setembro de 2008

A Vaca Atolada

Do portal A VERDADE SUFOCADA
16 de setembro de 2008

Por Percival Puggina (*)

Em 1996, a Bolívia abriu suas reservas petrolíferas e refinarias aos investimentos externos. As instalações estavam sucateadas e o país não tinha meios financeiros. A Petrobrás entrou no sistema, investiu em tecnologia, qualificou as instalações, capacitou recursos humanos, construiu três mil quilômetros de gasodutos até o Brasil e, principalmente, criou uma demanda para 85% do gás boliviano. Hoje, com o mercado consumidor daqui, a Petrobrás responde por 15% do PIB daquele país e por algo entre 20% e 30% de sua receita tributária.

Não obstante, o Brasil se tornou alvo para a demagogia esquerdista que elegeu Evo Morales. "O Brasil enriquece à custa da nossa pobreza!". E todos lembram do que ocorreu em 2006: desapropriação, presença do exército nas usinas e discursos veementes contra os brasileiros gananciosos que sugavam as riquezas bolivianas sem uma conveniente retribuição. Em resposta, o Brasil falou grosso, depois falou fino e, finalmente, bonzinho, recuou. Há dois meses a Petrobrás anunciou que vai investir mais US$ 1 bilhão na Bolívia. Pode?

Pode. No começo dos anos 90, o Brasil assinou um acordo binacional que lhe garantia gás argentino posto na cidade de Uruguaiana. Dali, o gasoduto seguiria para Porto Alegre. Em Uruguaiana seria construída uma grande usina termelétrica (600 MW). Tudo certo e assinado? Tudo certo e assinado. Ficou pronto o gasoduto até a usina. Inaugurou-se a termelétrica. E o gás subiu de preço. Pior, começou a faltar. Ué! Cadê o gás que estava aqui? O gato aspirou. O país vizinho, por falta de investimentos, entrou em crise energética e restringiu a torneira situada na província de Entre Rios. O brasileiro, bonzinho, reviu o acordo binacional e aceitou a redução do fornecimento. E aí o gás acabou. Como assim, "acabou"? Acabou, mesmo, de vez. Deve ter havido um movimento tipo "El gas es nuestro!". Agora, a usina de US$ 350 milhões está para ser desmontada e vendida. Pode?

Pode. Na década de 70, o Brasil decidiu construir Itaipu. O Paraguai não tinha dinheiro nem crédito para dividir ao meio o investimento. Entrou com metade da água e da vontade, para receber 50% da energia. É essa energia que viabiliza a equação paraguaia no investimento. Assim: da metade da energia que lhe corresponde, o Paraguai, que só tem mercado para cerca de 10%, vende o excedente ao Brasil. A diferença entre o preço dessa venda e a tarifa no mercado brasileiro cobre a parte paraguaia no financiamento.

É esse acordo que Fernando Lugo, o novo demagogo esquerdista alçado ao poder na América Latina, quer rever. A exemplo de Evo Morales, ele fez campanha prometendo acabar com a exploração imperialista brasileira. De novo, o Paraguai é pobre porque o Brasil é rico... Tá bem. E o brasileiro, bonzinho, vai aceitar. Alega o mandatário que seu país tem imensos excedentes energéticos e em nada se beneficia disso. Esquece-se, no entanto, de que recebe energia a troco de banana e andaria a toco de vela não houvesse o Brasil assumido os encargos e riscos de Itaipu.

Pessoalmente extraio duas lições desses três fatos. A primeira é a de que o Mercosul atolou e só vai andar quando os países membros adotarem instituições mais sérias e menos sujeitas ao acasalamento da baboseira ideológica com a demagogia. E a segunda é a de que os investimentos que o Brasil está fazendo nos países vizinhos são de altíssimo risco porque as assinaturas se depreciam com o passar do tempo.

(*) Fonte: http://www.puggina.org/

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".