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terça-feira, 26 de agosto de 2008

O PT de novo em apuros

Do portal ESTADÃO
Terça-Feira, 26 de Agosto de 2008

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A história se repete - até na tentativa de desqualificar uma denúncia, sob a alegação de que se trata de uma jogada eleitoral. No caso, para prejudicar o Partido dos Trabalhadores (PT). É o que quer fazer crer o secretário de Assuntos Institucionais do partido, Romênio Pereira, acusado de envolvimento com uma quadrilha que desviava verbas públicas. O modus operandi era o de sempre:

mediante pagamento de propinas, o grupo intermediava a liberação de verbas federais destinadas a pouco mais de uma centena de municípios, quase todos em Minas Gerais. A fraude teria abrangido inclusive recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o principal programa de obras do governo Lula.

A armação, desvendada a partir da Operação João-de-Barro, deflagrada pela Polícia Federal (PF), vinha de longe. "O esquema, inicialmente montado com a participação de um número limitado de pessoas e empresas, cresceu em complexidade e organização", constata o Ministério Público Federal.

"Além de prefeitos e ex-prefeitos, suspeita-se da participação também de lobistas e de servidores ocupantes de cargos estratégicos na administração pública federal."

Pois bem.

Apurou-se que um desses lobistas, João Carlos Carvalho, preso pela PF e apontado como um dos personagens centrais, se não o mais importante, dos ilícitos em série, tinha ligações com Romênio Pereira.

O dirigente, que se licenciou da Executiva Nacional petista por 60 dias para "poder exercer com tranqüilidade meu pleno direito de defesa" diante de acusações que assegura serem improcedentes, não nega ter mantido "diversos contatos" com Carvalho. "Mas nenhum deles para intermediar liberação de emendas ou de quaisquer outras verbas públicas." Eles teriam sido apresentados por um prefeito petista há cerca de cinco anos. O fato é que, por solicitação da Procuradoria-Geral da República, que o investiga, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a quebra do seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. No fim da semana, a revista IstoÉ informou que o levantamento será enviado ao STF em setembro.

Estranhamente, Romênio disse que não sabia que Carvalho era lobista. No ano passado eles se encontraram sete vezes. Na função de secretário de Assuntos Institucionais do PT, era o responsável pelo relacionamento do partido com prefeitos municipais. O secretário-geral da sigla, José Eduardo Martins Cardozo, considera "positivo", como não poderia deixar de ser, o afastamento temporário pedido por Romênio - e, previsivelmente também, acha prematuro especular sobre a eventualidade de sua saída definitiva. A Executiva tinha marcado para amanhã uma reunião que trataria apenas da campanha eleitoral, mas decerto os seus membros não poderão ignorar o assunto.

Mais uma vez, afinal, um companheiro da cúpula partidária é citado numa devassa sobre atos reiterados de corrupção. Estes envolveriam desvios da ordem de R$ 700 milhões. A hipótese de que Romênio não tenha se beneficiado pessoalmente de qualquer das maracutaias identificadas pela Polícia Federal e o Ministério Público não atenua a nova crise petista. Ao que se sabe, tampouco os dirigentes processados no Supremo como integrantes da "organização criminosa" do mensalão, como José Genoino e Delúbio Soares, desviaram para suas contas alguma parte dos recursos usados para a compra de votos favoráveis ao governo na Câmara dos Deputados. Mas o escândalo ficou indelevelmente gravado na história do PT.

Agora, o risco de uma associação entre a sigla PAC e o termo "desvio de verbas" provoca desconforto no Palácio do Planalto, onde a única associação desejada - e em permanente construção - é a do programa com a sua condutora (ou "mãe", como disse Lula), a ministra Dilma Rousseff, por enquanto o nome preferido pelo presidente para a sucessão de 2010. As suspeitas sobre Romênio Pereira, ao contrário do que ele diz, não foram concebidas com a intenção de prejudicar o PT nas eleições municipais. Mas é óbvio que vieram em má hora. Evidentemente, o lulismo tratará o problema com panos quentes. No pior dos cenários, conforme o que as investigações trouxerem a público, fará o que sabe para circunscrever o estrago aos "erros" de um único protagonista, a ser sacrificado.



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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".