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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Análise do XIV Encontro do Foro de São Paulo

Do blog NOTALATINA
Por Graça Salgueiro, domingo, 25 de maio de 2008

Terminou hoje o XIV Encontro do Foro de São Paulo, em Montevidéu, e como eu havia prometido seguem alguns comentários, não propriamente sobre as Resoluções Finais porque ainda não foram disponibilizadas para o público em geral; estas serão comentadas em um próximo artigo que com muito gosto farei. O que quero comentar aqui baseia-se no que foi escrito pelo jornalista Diogo Schelp, da revista Veja, que participou como correspondente brasileiro do tal Encontro.

Antes disso, porém, quero disponibilizar para os que se interessem pelo tema, o vídeo onde Timoleón Jiménez lê comunicado oficial das FARC-EP, confirmando a morte de Marulanda. No comunicado Timochenko diz já no final: “Com imenso pesar informamos que nosso Comandante-em-Chefe Manuel Marulanda Vélez, morreu no passado 26 de março como conseqüência de um infarto cardíaco, nos braços de sua companheira e rodeado de sua guarda pessoal e de todas as unidades que conformavam sua segurança, depois de uma breve enfermidade”. (...) “O despedimos fisicamente em nome dos milhares e milhares de guerrilheiros farianos e milicianos bolivarianos, e de milhões de colombianos e cidadãos do mundo que o valorizam, admiram e amam acima da asquerosa campanha midiática contra as FARC”. E anuncia o nome dos atuais comandantes: “Acordamos unanememente que à cabeça do Secretariado e como novo Comandante do Estado-Maior Central esteja o camarada Alfonso Cano. Como integrante pleno do Secretariado ingresse o camarada Pablo Catatumbo e suplentes os camaradas Bertulfo Álvares e Pastor Alape.

Como se pôde ver - eu denunciei isto na edição anterior e o historiador Carlos I. S. Azambuja já havia denunciado também no artigo Círculos Bolivarianos - Coordenadora Continental Bolivariana -, o bolivarianismo chavista foi criado pelas FARC, o que torna evidente as ligações profundas de Chávez com esta organização narco-terrorista, por mais que ele queira desqualificar o trabalho da INTERPOL e do presidente Uribe. Aliás, hoje eu li que as autoridades venezuelanas confirmaram a lisura do trabalho de análise desses técnicos, bem como a autenticidade do material encontrado mas isto fica para uma próxima edição.

Voltando ao XIV Encontro do Foro de São Paulo (FSP), o jornalista Diogo Schelp conta que a Veja foi "convidada a se retirar" de uma das reuniões do FSP, onde acontecia a oficina “Andino-Amazônica”. Naturalmente que este tema interessa sobremaneira aos brasileiros mas antes de iniciarem as sessões do Foro Diogo realizou uma entrevista com o Secretário de Relações Internacionais do PT e Secretário Executivo do FSP, Valter Pomar, e lhe fez perguntas muito incômodas. Além disso, para o PT (já li muitos artigos raivosos sobre matérias da Veja) esta revista é “neoliberal” e de “extrema-direita” portanto, inimiga.

Mentir não é uma prerrogativa da ministra Estela, Vanda, oops! Dilma Roussef mas de todo e qualquer comunista, pois segundo dizia Lenin, “a verdade é um conceito burgês”. E Valter Pomar não foge à regra. O meu objetivo nesta edição de hoje é exatamente tirar o véu destas mentiras sobre o Foro de São Paulo, pois do modo como saiu na Veja, sem uma confrontação mais direta utilizando dados disponibilizados por eles mesmos, o leitor daquela revista pode acabar acreditando no que o PT quis que o público acreditasse a respeito desta organização.

Diogo pergunta se é verdadeira a informação de que as FARC e o ELN serão impedidos de ser membros do FSP e Pomar responde: “Não existe uma filiação ao Foro. Nenhum desses grupos, portanto, pode ser chamado de membro do Foro. Basta se inscrever e vir participar. Assim como você se inscreveu e está aqui”. Primeira mentira: existe filiação sim, há partidos e “grupos” filiados como membros sim, senão, por que o PT iria colocar em seu site uma Lista de Membros atualizada? Observem que nesta lista constam 74 partidos e grupos subversivos, que têm direito a voz e voto nas deliberações. Então, como não são membros? Eles tiveram o cuidado de retirar os grupos guerrilheiros porque, com as revelações dos computadores de Raúl Reyes, ninguém quer aparecer comprometido com este bando terrorista.

Em seguida Diogo pergunta quando as FARC deixaram de participar do Foro e Pomar responde: “As guerrilhas colombianas ... há muitos anos deixaram de vir, até porque a situação da guerra não lhes permite. Na década de 90 havia uma situação de negociação das FARC com o governo e naquele período a presença delas em eventos na região era pública e notória”. Segunda mentira. Em primeiro lugar, porque ele maliciosamente joga com as palavras afirmando que “há muitos anos deixaram de vir” como isso quisesse significar não pertinência; em segundo lugar, porque não estar de corpo presente não significa de modo algum que deixaram de ser membros ativos. Tanto é assim, que no XIII Encontro ocorrido em janeiro do ano passado em El Salvador, a Comissão Internacional das FARC-EP enviou um comunicado solicitando “levar en conta seus pontos de vista nas deliberações”, cujo trecho copio no original, para comprovar o que afirmo. Esclareço que o site das FARC encontra-se “indisponível” desde a morte de Raúl Reyes (C.T. - na verdade esta assim a muito mais tempo, publiquei no dia 10 de janeiro de 2008 isto aqui), tanto quanto o do FSP, esse há mais de 1 ano:

“Compañeros y compañeras delegados y delegadas al XIII Foro, reciban nuestro cariñoso y bolivariano saludo, muchos éxitos en sus deliberaciones. (...) Al no podernos hacer presentes en tan importante evento entregamos a ustedes este documento con nuestros puntos de vista, y agradecemos de antemano el tenerlo en cuenta en las deliberaciones”. (http://www.farcep.org/?node=2,2513,1 em 16 de janeiro de 2007) (C.T. - já que o site das FARC está fora do ar, leia o conteúdo do link acima aqui).

Noutro trecho da entrevista Pomar diz que: “Classificar as FARC de terrorista significa tratá-las como um grupo criminoso, e ninguém negocia com criminosos. Só que para solucionar a guerra na Colômbia é preciso negociar. Causa repulsa ler uma coisa dessas! Então explodir bombas dentro de uma igreja repleta de mulheres e crianças, não é atitude de criminoso? Explodir uma fazendeira com um colar-bomba, porque não cedeu à extorção, não é atitude de criminoso? Usar um menino de 11 anos numa bicicleta-bomba que o desfez em migalhas, não é atitude de criminoso? E o outro menino degolado cuja foto ilustrou a edição do dia 06 de março, não é um ato bestial de criminosos desalmados?

Bem, rebater ponto por ponto cada uma dessas mentiras torpes, sobretudo a de que as FARC não pertencem a esta organização, é uma tarefa extenuante que daria para escrever um tratado, que não é o objetivo deste blog, até porque este assunto não parece preocupar muito os brasileiros. É possível adiantar, entretanto, que a tônica deste Encontro foi a demonização do presidente Álvaro Uribe, de culpar os Estados Unidos pela “desgraça” de estar ajudando a destruir o terrorismo na Colômbia e a apoiar, incondicionalmente, os maiores comprometidos com as FARC que são Chávez e Correa.

E o Notalatina encerra esta edição com a apresentação de um áudio da Entrevista de Alejandro Peña Esclusa concedida ao ex-ministro colombiano Fernando Lodoño em seu programa de rádio em Bogotá, “A Hora da Verdade”, onde ele delineia mais ou menos o que deveria ocorrer no tal Encontro do FSP, quem iria participar e quais os temas que seriam abordados. Ressalto que Peña Esclusa é, a meu ver, o maior conhecedor do tema “Foro de São Paulo”, pois é um estudioso do assunto desde a sua fundação, em 1990. É, portanto, uma autoridade internacionalmente reconhecida e idôneo. Esta gravação foi feita no dia 23, primeiro dia do Encontro, e tem a duração de 15 min. e 2 seg. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e Traduções: G. Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".