Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

domingo, 1 de junho de 2008

Ainda Bento 16 e Karl Marx

Do blog do REINALDO AZEVEDO
Segunda-feira, Abril 09, 2007

Quando gente que respeito discorda de mim, aí cito com prazer. O meu também caro Olavo de Carvalho escreveu o que segue para o Diário do Comércio sobre a referência que Bento 16 fez a Karl Marx (volto em seguida):

Se você é católico, não se sinta obrigado a dizer amém à declaração do Papa de que Karl Marx "forneceu uma imagem clara do homem vitimado por bandidos". Não é uma sentença doutrinal ex cathedra , é apenas uma opinião individual que todo católico tem o direito e até o dever de contestar. Não adianta nada o meu caro Reinaldo Azevedo tentar atenuar o sentido da frase, dizendo que ela não é propriamente um elogio a Karl Marx. A declaração não impressiona pelo que insinua a favor de Karl Marx, mas pelo que diz claramente contra os capitalistas: são bandidos. Assim os descreveu Karl Marx, e o Papa considera essa descrição uma "imagem clara". E o mais bonito é que a ela o ex-cardeal Ratzinger não tem a objetar senão que Karl Marx, limitando-se à esfera material, não foi ao fundo espiritual do problema. Portanto, na perspectiva papal, não basta denunciar o mal econômico da exploração da mais valia: é preciso sondar as dimensões espirituais dessa abominação. Que eu saiba, esse é o programa da Teologia da Libertação: adornar a estupidez marxista com pretextos espirituais colhidos da religião cristã. Cabe recordar que, no trato disciplinar com os Boffs e Gutierres, Ratzinger sempre se limitou às reprimendas paternais sem o mínimo efeito prático, ao mesmo tempo que, para os católicos tradicionais, reservava a mais grave das punições: a excomunhão. Não espanta que um Pedro Casaldáliga não lhe tenha respeito nenhum e lhe passe pitos em público. A ninguém os comunistas desprezam mais do que a seus colaboradores discretos no seio da "direita". Nossos direitistas deveriam aprender com o exemplo: quanto mais você se faz de bonzinho, mais a esquerda lhe cospe em cima.

Voltei
Comecemos pelo corolário. Olavo sabe que concordamos sobre a inutilidade de ser manso com as esquerdas. Quanto ao mais, observo que me limitei a contestar que a referência do papa a Marx se tratasse de um elogio. O próprio Olavo admite que não era, o que não quer dizer que Bento 16 não esteja equivocado. E isso eu também sustentei no meu post original, lembrando, inclusive, que há uma dimensão historicamente anticapitalita na Igreja — ou antiliberal, o que lamento. Discordo de que haja uma conexão entre isso que chamo de "anticapitalismo" católico e a Teologia da Libertação, que não se distingue de marxismo vagabundo. Acho que são orientações com origens intelectuais distintas. De todo modo, saúdo Olavo e sua clareza de sempre, a exemplo do que se lê em trechos do mesmo artigo, conforme segue:

“(...) Desde logo, só a economia capitalista pode gerar prosperidade, mas o sucesso dessa economia depende diretamente da conduta da classe capitalista. (...) Se ela própria insiste em se tornar dependente do Estado, por interesses imediatistas e pela relutância covarde em se expor plenamente aos riscos da livre concorrência, ela condena o capitalismo brasileiro à atrofia perpétua. Não tem sentido um sujeito prosternar-se ante a autoridade governamental e depois reclamar que ela o oprime com sobrecarga de impostos e de exigências burocráticas. Se você quer independência, tem de agir com independência. No Brasil os ricos gritam "Enxuguem o Estado!", mas querem continuar nadando na piscina das verbas oficiais. Assim não dá.
Mas os efeitos da subserviência capitalista ao Estado vão muito além da esfera econômica. O exemplo da classe rica se propaga por toda a população e a corrompe, fazendo de cada cidadão um virtual pedinte de dinheiro público. O brasileiro não sonha em enriquecer com trabalho, poupança e investimento, mas em chegar o mais rápido possível à aposentadoria. E ele não pensa assim por ser preguiçoso, mas porque sua poupança é comida pelos impostos e a única forma de investimento que resta ao seu alcance são as contribuições previdenciárias. O Brasil não é uma potência capitalista porque preferiu ser antes um imenso Instituto de Previdência. Os efeitos psicológicos dessa situação são devastadores: se o objetivo da vida é a aposentadoria, o trabalho não é o caminho da prosperidade e da auto-realização, mas uma incomodidade temporária que deve ser removida o mais rápido possível. Então o desleixo e a incompetência tornam-se não apenas direitos, mas até deveres: como o trabalho não tem nenhuma outra finalidade senão ser abolido o quanto antes, o trabalhador esforçado é visto como um vaidoso pedante ou como um puxa-saco do patrão.”

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".